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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Você viu um Itamar por aí?

"Os brasileiros que eram adultos em 1992 jamais questionaram se Collor deveria cair ou não porque tinham certeza que ele estava envolvido em corrupção. Só a tropa de choque dele o segurava. E tinham outra certeza: o vice era honesto", observa Alex Solnik, colunista do 247; o jornalista destaca que Itamar Franco "jamais formou qualquer governo antes de Collor deixar o palácio, jamais usou o seu cargo para conchavar votos a seu favor e não queria o poder a qualquer preço. Deu tempo ao tempo. Esperou Collor desvestir a faixa presidencial para formar um governo de união nacional que recolocou, aos poucos, o Brasil nos trilhos"; "Aí está a diferença entre 1992 e 2015: a população não confia no que vem depois se Dilma cair", conclui Solnik; leia a íntegra

"Os brasileiros que eram adultos em 1992 jamais questionaram se Collor deveria cair ou não porque tinham certeza que ele estava envolvido em corrupção. Só a tropa de choque dele o segurava. E tinham outra certeza: o vice era honesto", observa Alex Solnik, colunista do 247; o jornalista destaca que Itamar Franco "jamais formou qualquer governo antes de Collor deixar o palácio, jamais usou o seu cargo para conchavar votos a seu favor e não queria o poder a qualquer preço. Deu tempo ao tempo. Esperou Collor desvestir a faixa presidencial para formar um governo de união nacional que recolocou, aos poucos, o Brasil nos trilhos"; "Aí está a diferença entre 1992 e 2015: a população não confia no que vem depois se Dilma cair", conclui Solnik; leia a íntegra (Foto: Alex Solnik)
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Os brasileiros que eram adultos em 1992 jamais questionaram se Collor deveria cair ou não porque tinham certeza que ele estava envolvido em corrupção. Só a tropa de choque dele o segurava. E tinham outra certeza: o vice era honesto.

Podia se dizer tudo contra Itamar, que era provinciano, que era mão de vaca, que era antiquado, que era gay – talvez porque seu nome em código fosse Shirley – mas desonesto, nunca.

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Até mesmo seu comportamento durante o processo contra Collor contrasta profundamente com o do vice atual. Itamar jamais formou qualquer governo antes de Collor deixar o palácio, jamais usou o seu cargo para conchavar votos a seu favor pois, assim como hoje acontece com Temer, ele seria o beneficiado se o impeachment vingasse.

Itamar jamais foi visto como traidor ou conspirador porque nunca foi. Ele não queria o poder a qualquer preço. Deu tempo ao tempo. Esperou Collor desvestir a faixa presidencial para formar um governo de união nacional que recolocou, aos poucos, o Brasil nos trilhos. Isso foi possível porque Itamar não liderava um grupo de piratas à espera de o navio afundar para assaltar o depósito de cargas.

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Tal como em 1992, os brasileiros estão revoltados com a corrupção, não aguentam mais ver o dinheiro que dão ao governo em forma de impostos ser tragado por quadrilhas de canalhas que o lavam e mandam para paraísos fiscais, enquanto o país continua ardendo nas chamas do inferno.

Aí está a diferença entre 1992 e 2015: a população não confia no que vem depois se Dilma cair. A população já sabe que Eduardo Cunha tornou-se, em apenas um ano de protagonismo, o Darth Vader da política brasileira. Do Temer, que sempre viveu mais nas sombras e que somente há poucos dias assumiu o Lado Obscuro da Força, já se começa a desconfiar porque de vez em quando seu nome pipoca nos depoimentos da Lava Jato e, pior que isso, ele protege ostensivamente Cunha, dando a clara impressão de que é seu parceiro. Mais que parceiro, seu vice. A quem vai continuar protegendo se assumir. E ninguém quer ver um Darth Vader na vice-presidência da República. Ninguém aguenta mais a corrupção.

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Teve seu lado bom a súbita revelação de que o ex-aliado que foi eleito graças aos votos dados a Dilma e não a ele passou a formar seu governo de dentro do seu palácio enquanto Dilma luta para mantê-lo, mudando a sua imagem de "procurador", "ponderado", "equilibrado", "republicano" para "traidor", "conspirador", "parceiro de corrupto".

Talvez seja esse um dos motivos da cada vez menor adesão dos brasileiros às manifestações anti-Dilma. Tirá-la não vai ser uma vitória da luta contra a corrupção, mas uma derrota. Eles desconfiam que, se aderirem, em pouco tempo terão de voltar de novo às ruas para gritar "Fora Temer"! e "Fora Cunha"!

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