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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Vontade de matar 2

A vontade de matar não se sacia. Já se exerceu até contra o STF e seus ministros, entre os quais Alexandre de Moraes e Barroso. Conviver com isso é mais do que impressionante. Deveria haver uma frente universal para manietá-la ou retirá-la do poder

(Foto: Agência Senado / Divulgação)
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Parece significativo que, na lista de ministros do governo, o mais vulnerável e problemático diga respeito à pasta da saúde. Ali já esteve Deus e todo mundo, até o general Pazuello, de triste memória, quando mais necessitávamos de uma administração azeitada em função da Covid-19 e seus efeitos catastróficos. Enquanto o número de óbitos se acumulava, o conhecimento científico nunca serviu de critério na escolha dos nomes. Prevaleceu a docilidade em relação ao chefe, a inclinação para obedecer, quando, no restante do mundo, via-se o oposto: rigor e qualidade dos quadros de comando. Não espanta. Afinal, nosso Primeiro Mandatário está mais preocupado com armas e afirmações pessoais ou manifestações em cercadinhos e praças públicas com passeios de motocicleta, e confia na “contaminação de rebanho”, esperando que a doença gere a cura de modo natural. 

Marcelo Queiroga, é cardiologista. Não comanda a pasta da Saúde, pelo visto, por suas qualidades profissionais e sim pelas características de seu temperamento: a vontade de agradar, mesmo que à custa dos problemas da população. Sua última excentricidade como sanitarista nos custou a interrupção das vacinas para jovens e adolescentes. Em entrevista à TV, evitou declarar a verdade de que não dispomos dos imunizantes indispensáveis. Em vez disso, citou a OMS e explicitou uma inverdade: a inconveniência das vacinas para a faixa dos mais jovens. Como se sabe, a mentira tem pernas curtas. Logo se entendeu que se tratava de uma falácia. Nem a OMS condenara a vacinação de jovens, nem as marcas disponíveis se mostravam inadequadas para a imunização. Note-se que, no momento, não vacinar as pessoas implica em perpetuar a epidemia e condenar parcelas do nosso conjunto social à contaminação e à morte. 

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Uma administração pública que faz pouco caso da vida como a que se nos apresenta não tem precedentes em nossa história. Entramos numa compulsão de morte e nada indica, num horizonte próximo, que consigamos sair dela, sem, pelo menos, um banho eleitoral que nos renove e recupere nosso antigo gosto em favor da vida. Pessoas que se afeiçoam às Parcas, em geral, sofreram algum tipo de trauma de infância. Daí preferirem as sombras à claridade, as velas aos alvores do dia. Tornam-se bandidos, assassinos ou, na melhor das hipóteses, exibem armas com medo de represálias, como se estes instrumentos de intimidação garantissem meios seguros de existir. 

No sistema que herdamos e defendemos, educação, trabalho e saúde representam um tripé para uma existência mais justa. No entanto, faz parte da compulsão de morte torpedear as instituições de ensino, das universidades às escolas públicas, bem como ao ministério que dispõe sobre a sua organização. Aqui, novamente, vemos agir a morte, a vontade de matar 2, 3 e 4. O ministro Milton Ribeiro não perde uma oportunidade de desmentir a própria utilidade. Numa de suas afirmações, declarou que a universidade não se destina a muitos. Condena a maioria da população à exclusão intelectual e social. Não entra, evidentemente, no critério de Paulo Freire, nosso educador de renome internacional. 

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A vontade de matar não se sacia. Já se exerceu até contra o STF e seus ministros, entre os quais Alexandre de Moraes e Barroso. Conviver com isso é mais do que impressionante. Deveria haver uma frente universal para manietá-la ou retirá-la do poder. Mas talvez tenhamos de lhe beber o sangue até a última gota antes que o destino – ou a História – nos abra uma nova oportunidade. 

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