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Que autoridade um cupincha dos banqueiros tem para chamar os servidores de parasitas?, questiona sindicato

O Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal do Estado de Minas Gerais emitiu uma nota de repúdio à declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que os servidores são 'parasitas'. "Chegamos ao limite do desrespeito, da decência, do descalabro, do escracho", acrescenta

Que autoridade um cupincha dos banqueiros tem para chamar os servidores de parasitas?, questiona sindicato (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

247 - O Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal do Estado de Minas Gerais emitiu uma nota de repúdio à declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que os servidores são 'parasitas'. "A atitude do ministro da Economia não é só um caso de repúdio. Chegamos ao limite do desrespeito, da decência, do descalabro, do escracho", acrescenta.

"Esse é o mesmo Paulo Guedes que, no início do atual governo, disse, em maio do ano passado, que os funcionários públicos têm culpa pela “roubalheira” que atingiu o país nos últimos anos; em setembro, afirmou que os “privilégios” dos servidores, com altos salários e estabilidade, fazem Brasília parecer “outro planeta”, ou à Versalhes da era pré-Revolução Francesa", diz.


Leia a íntegra da nota:

A história está aí para mostrar. Paulo Roberto Nunes Guedes, um dos fundadores do banco Pactual – que, de acordo com a operação Lava Jato, possui um “Departamento de Operações Estruturadas” dedicado à lavagem de dinheiro – e de vários fundos de investimentos e empresas; um dos fundadores do IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais); um dos mais entusiasmados integrantes da equipe econômica do governo ditador de Augusto Pinochet que implantou o modelo previdenciário de capitalização no Chile, cujo desfecho foi o empobrecimento sem precedentes dos trabalhadores chilenos e uma crise político-econômica no país andino que vai levar décadas para acabar; suspeito de, através da GPG Consultoria, empresa da qual era sócio, ter repassado ilegalmente R$ 560,8 mil à Power Marketing, Consultoria e Planejamento, em 2007, em operação denunciada como lavagem de dinheiro mas “ignorada” pela Lava Jato.

Pois bem. Entre tantas outras bravatas, esse é o mesmo Paulo Guedes que, no início do atual governo, disse, em maio do ano passado, que os funcionários públicos têm culpa pela “roubalheira” que atingiu o país nos últimos anos; em setembro, afirmou que os “privilégios” dos servidores, com altos salários e estabilidade, fazem Brasília parecer “outro planeta”, ou à Versalhes da era pré-Revolução Francesa. E nessa sexta-feira (7), imbuído de impulsionar o rolo compressor da bancada governista no Congresso Nacional para a aprovação rápida das três PECs do famigerado Plano “Mais Brasil” e a proposta de Reforma Administrativa que virá em breve, disparou mais uma acusação gravíssima referindo-se aos trabalhadores do serviço público: “O hospedeiro (Estado) está morrendo. O cara (servidor) virou um parasita”.

É esse o mesmo Paulo Guedes que integra um governo que mantém um ministro da Educação que busca deseducar a população; outro (do Turismo) que é acusado de ter criado “laranjas” em Minas, em 2018, para o sucesso do partido pelo qual, na mesma época, também se elegeu o atual presidente da República; outro (da Justiça) que faz vistas grossas a toda e qualquer acusação contra membros do Executivo ou parentes e “amigos” do chefe maior; ou um secretário (de Comunicação) que, em contratos de publicidade do governo, favorece emissoras de TV com as quais empresa da qual é sócio mantém contrato privado.

Resta, agora, o senhor Paulo Guedes, cupincha do sistema financeiro, esclarecer à população brasileira: quanto ele ganhou para ajudar a estruturar as políticas do ditador chileno que levou os seus trabalhadores a receberem aposentadorias miseráveis, que muitas vezes não ultrapassa um quarto do valor do salário mínimo brasileiro? E quanto está embolsando para, depois de praticamente acabar com a Previdência Pública brasileira, dar prosseguimento a suas políticas mirabolantes de enxugamento do Estado cujo o único objetivo de acabar com o serviço público e os direitos dos servidores e demais trabalhadores, para transformar o Brasil, de vez, no paraíso dos banqueiros, dos especuladores do mercado, do empresariado mais abjeto que possa existir.

A atitude do ministro da Economia não é só um caso de repúdio. Chegamos ao limite do desrespeito, da decência, do descalabro, do escracho. Como temos dito desde o ano passado à nossa categoria, “não importa em quem você votou. Temos que reagir”. Temos que pensar sim, e com urgência, na nossa greve geral do dia 18 de março. E todos estão convocados para decidirmos sobre essa adesão na AGE do próximo sábado (15/02), em Belo Horizonte. Parafraseando Caetano Veloso, vamos dizer a Guedes: o Chile “não” é aqui. Todos lá!