CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Coronavirus

Drauzio diz que Bolsonaro é demagogo: “só pensa em interesse eleitoral”

“Se o presidente está fazendo isso, ele sabe o que faz. A gente tem essa tendência de acompanhar os nossos líderes. Eles fazem isso por pura demagogia, por puro interesse eleitor”, diz o médico Drauzio Varella, sobre o negacionismo de Bolsonaro

(Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Metrópoles  - “Revolta” é o sentimento descrito pelo oncologista Drauzio Varella ao falar sobre as aglomerações em meio à pandemia de Covid-19. Aos 77 anos (dos quais 54 dedicados à medicina, e 32 ao trabalho voluntário em penitenciárias de São Paulo), o médico acredita que o maior erro no combate à doença no Brasil esteja sendo a “irresponsabilidade das autoridades”.

Isolado para prevenir a infecção, Drauzio acompanha os devastadores resultados que o coronavírus tem causado no país e no mundo. Na última quarta-feira (10/3), o Brasil chegou ao maior número de mortes diárias desde o início da pandemia: foram 2.286 óbitos em 24h, fazendo o total passar de 270 mil vidas perdidas.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o medico afirma que, ao evitar o uso de máscaras de proteção e causar aglomerações, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), se tornou um dos principais colaboradores para o agravamento da pandemia no Brasil.

“A população brasileira passou a receber duas mensagens antagônicas: uma, dada pelos médicos e por autoridades responsáveis, de que nós não podíamos nos aglomerar e tínhamos que usar máscara; outra, do presidente da República, seguindo o exemplo que ele dá. Sem usar máscara, aglomerando à vontade. Deu no que deu. Não podia ser diferente”, lamenta o oncologista.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O médico pensa que as atitudes de Bolsonaro — e de outras autoridades que incentivam aglomerações — são uma estratégia para alcançar a população e se autopromover na política. Drauzio acredita que as pessoas se sentem atraídas pelo discurso negacionista do presidente e reproduzem as suas atitudes. O oncologista defende, ainda, que o chefe do Executivo desrespeita as medidas sanitárias por “interesse eleitoral”.

“Usar máscara é chato, evitar aglomeração é chato, a gente gosta de estar junto, abraçar os amigos, encontrar, beijar, é disso que a gente gosta, ver os familiares e tudo. Aí aparece uma autoridade como o presidente da República e diz que é tudo bobagem, sai sem máscara, diz que pode aglomerar à vontade. Não só diz, como dá o exemplo. Tá na cara que ele vai agradar muito mais gente”, argumenta.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“Vão dizer: se o presidente está fazendo isso, ele sabe o que faz. A gente tem essa tendência de acompanhar os nossos líderes. Eles fazem isso por pura demagogia, por puro interesse eleitoral, porque eles acham que assim se tornarão mais populares.”

Desinformação

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O médico rebate as críticas que recebeu de internautas e autoridades por publicar, em janeiro de 2020 — quando a coronavírus ainda não tinha se espalhado pelo globo —, um vídeo falando que não havia necessidade de temer a doença.

“Não há necessidade desse medo todo. Esses coronavírus causam resfriados. E não é por causa disso, aparentemente, que teremos um problema maior”, disse, à época. Em fevereiro, depois que conheceu o verdadeiro potencial da doença, Drauzio se retratou e retirou o vídeo do ar. Mas era tarde demais: as imagens já haviam sido replicadas em diversos sites, e foram compartilhadas até pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em março de 2020.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“É de profunda má-fé. São pessoas que colaboraram para disseminar a epidemia e agora tentam fugir dessa irresponsabilidade que tiveram jogando a culpa nos outros. Pegam um vídeo feito em janeiro — nós tiramos esse vídeo do ar rapidamente. Mas ainda se dissemina. E pra mim, dizem toda hora: não é esse o médico que falou que era um resfriado? Qual é o interesse de fazer uma coisa dessas? Eu digo: falei. E depois, tudo o que eu falei em seguida, já em fevereiro?”, defende.

A desinformação, segundo o médico, não está apenas no ato de publicar as imagens fora de contexto. Ele condena a ação de profissionais da saúde que defendem o uso de medicamentos sem eficácia comprovada cientificamente, e os considera “irresponsáveis”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Além disso, o médico criticou a produção brasileira de hidroxicloroquina, fármaco fortemente defendido por Jair Bolsonaro durante o ano de 2020, e afirmou que os Estados Unidos (EUA) fizeram uma “desova” do medicamento no Brasil — referindo-se ao envio de 2 milhões de doses do remédio, realizado pelo ex-presidente norte-americano, Donald Trump, em maio do ano passado.

“Tem médicos equivocados, médicos que não estudam, que não estão preparados para nenhum trabalho científico. Outros que agem assim por razões puramente políticas, porque o presidente da República defendia a cloroquina. O Brasil gastou milhões produzindo comprimido de cloroquina, e ainda aceitou a desova que o ex-presidente Trump fez no Brasil, porque ele também era um defensor. Mas desovaram aqui milhões de comprimidos de cloroquina, e nós criamos esse infame kit Covid”, argumenta.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO