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Cultura

“Taiguara – Onde Andará teu Sabiá?” faz homenagem à trajetória do cantor e compositor mais vetado pela ditadura

Inconformado com a ausência de um documentário sobre Taiguara Chalar da Silva, Carlos Alberto Mattos resolveu contar sua história basicamente com materiais disponíveis na internet

(Foto: Divulgação)
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247 - Inconformado com a ausência de um documentário sobre o cantor e compositor Taiguara Chalar da Silva (1945-1996), o crítico e pesquisador Carlos Alberto Mattos resolveu contar sua história basicamente com materiais disponíveis na internet. Ele chama Taiguara – Onde Andará teu Sabiá? de "uma videomontagem".

"Taiguara foi um dos mais talentosos músicos e letristas da música popular brasileira, mas tem sua obra menos reconhecida e festejada do que merece", afirma Mattos. "Minha ideia com este vídeo foi estimular a realização de um filme 'de verdade' sobre esse artista genial, cuja história de vida é igualmente fascinante".

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Taiguara – Onde Andará teu Sabiá? vai circular apenas no canal Vimeo com acesso livre, sem qualquer exploração comercial, nem mesmo participação em mostras e festivais. O eixo de sua narrativa é um depoimento autobiográfico concedido em áudio ao jornalista paranaense Aramis Millarch em 1984. A partir daí, Mattos organizou trechos de shows de televisão, entrevistas, fotos e artigos da imprensa para pontuar o itinerário do compositor. Cenas de filmes brasileiros, cuja utilização foi gentilmente autorizada por seus diretores e produtores, ajudam a ilustrar falas e músicas de Taiguara, a única voz a narrar o seu próprio percurso.   

Nascido no Uruguai de pai músico e mãe cantora, crescido no Rio de Janeiro entre Santa Teresa e a Lapa, Taiguara surgiu na cena musical em São Paulo, no começo da década de 1960. De shows universitários ao Juão Sebastião Bar e dali aos grandes festivais de música, a carreira do rapaz progrediu como cantor romântico - cabelo alisado, voz perfeita e esboço de galã no cinema e até numa fotonovela clicada em Hollywood. O vídeo de Mattos contém cenas raras do longa-metragem O Bolão, de Wilson Silva, em que Taiguara atua como protagonista, e de Crônica da Cidade Amada, de Carlos Hugo Christensen, que tem canções interpretadas por ele.

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Suas letras cheias de insinuações eróticas e políticas despertaram o furor da censura na década de 1970, fazendo dele o compositor mais vetado da época (mais que Chico Buarque ou Geraldo Vandré em número de composições banidas ou alteradas pela ação dos censores). A perseguição o levou a exilar-se primeiro na Europa, depois na África, o que só fez acentuar sua indignação contra a ditadura brasileira, a lógica capitalista excludente e as garras longas do imperialismo.

Quando retornou ao Brasil, na virada dos anos 1980, Taiguara estava plenamente engajado nas causas da esquerda. Assinou uma coluna de ideias revolucionárias no jornal Hora do Povo e costumava rechear seus shows de chamamentos ao socialismo. Gravou discos de louvor às culturas indígena e africana, chegando a se casar com a líder indígena Eliane Potiguara. A amizade com Luís Carlos Prestes tinha matizes de relação pai-filho.

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Depois de uma longa tentativa de tratamento em Cuba, Taiguara morreu de câncer na bexiga em 1996. Deixou um rastro de belas ideias e belas composições que merecem ser revisitadas. O álbum Imyra Tayra Ipy, Taiguara costuma frequentar listas dos melhores discos já produzidos no Brasil. Taiguara deixou também duas filhas e dois filhos naturais, além de uma filha da união anterior de Eliane Potiguara, que ele adotou como legítima. Todos envolvidos de alguma maneira com a música.

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Para marcar o lançamento de Taiguara: Onde Andará teu Sabiá?, Carlos Alberto Mattos e o crítico de música Antonio Carlos Miguel farão uma live no canal Youtube do Gustavo Conde.    

Sobre o autor

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Carlos Alberto Mattos é jornalista, crítico e pesquisador de cinema com passagens pelo Jornal do Brasil, O Globo, O Estado de S.Paulo, IstoÉ e O Pasquim. Autor de livros sobre os cineastas Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Carla Camurati, Jorge Bodanzky, Maurice Capovilla, Vladimir Carvalho e Mario Carneiro, além de "Cinema de Fato – Anotações sobre Documentário", do e-book O Primeiro Cabra, e dos sites-livro "Paisagens do Fim" e "Cinema contra o Golpe". Foi coordenador de cinema do CCBB-Rio e presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro. Criou o pioneiro DocBlog em O Globo, foi editor da revista Filme Cultura e co-editor da revista Cinemais. Foi cocurador da Ocupação Eduardo Coutinho (Itaú Cultural e IMS) e do Seminário Na Real_Virtual sobre documentário brasileiro contemporâneo. Publica regularmente no blog carmattos e no jornal eletrônico Brasil 247. 

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