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Economia

Ibovespa fecha em queda de 2,4% e dólar sobe a R$ 5,71

Alta dos treasuries americanos pesa diretamente nos índices de países emergentes

(Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
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InfoMoney - O Ibovespa fechou o pregão desta quarta-feira (5) em queda de 2,42%, a 101.005 pontos, tendo acelerado as perdas após o Federal Reserve publicar a ata da última reunião de comitê de política monetária, o Fomc.

A queda do principal índice da bolsa brasileira se dá de modo paralelo à alta do rendimento dos treasuries americanos – o com vencimento em dez anos, por exemplo, fechou em alta de 3,2 pontos-base, a 1,698%, com a publicação do documento.

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Apenas 4 ações do Ibovespa fecharam com ganhos: BRF (BRFS3, R$ 22,70, +1,25%), cuja recomendação foi elevada pelo Credit Suisse, além de Vale (VALE3, R$ 77,81, +0,95%]), Banco Pan (BPAN4, R$ 9,46, +0,32%) e Bradespar (BRAP4, R$ 24,94, +0,24%). Já Locaweb (LWSA3, R$ 10,37 -12,78) e PetroRio (PRIO3, R$ 18,49, -10,76%) fecharam em baixa de mais de 10%.

O dólar comercial, que caiu durante boa parte do dia, agora sobe, avançou 0,39%, a R$ 5,711 na compra e a R$ 5,712 na venda.

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O destaque na publicação ficou para o fato de os dirigentes do Federal Reserve terem assumido que a inflação está acima do esperado, tendo deixado de ser transitória, e que as condições para a alta do juros podem ser alcançadas em breve.

Além disso, o Fed também indicou que não ficará somente na alta dos juros e no tapering (ou a redução do ritmo de compra de ativos), como também deve passar a buscar a redução do tamanho do seu balanço patrimonial.

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“Por mais que o Fed tenha trazido notícias boas, falando por exemplo que o mercado de trabalho trouxe dados muito positivos e que a variante Ômicron não muda praticamente nada as projeções para a economia, a preocupação com a inflação dominou a atenção do mercado”, explica Henrique Esteter, especialista de mercados do InfoMoney. “A sinalização de que a elevação da taxa de juros pode acontecer antes do esperado balançou as bolsas”.

Para Rodrigo Franchini, head de relações institucionais da Monte Bravo, a ata foi dura. “Ela afirma que a inflação será controlada de qualquer jeito, que a alta de juros irá acontecer com certeza e que tappering não será alterado, terminando em março e ponto-final”, comenta.

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O Dow Jones fechou em queda de 1,07%, o S&P 500 recuou 1,94% e a Nasdaq, 3,34%.

Próxima reunião, em março, pode já contar com alta de juros

As falas do diretores do Fed deixam os investidores ainda mais atentos para a próxima reunião, que acontece em março. A negociação dos juros futuros nos Estados Unidos, logo após a publicação, mostrava que há cerca de 70% de uma alta vir já no terceiro mês deste ano.

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“Na hora que um Banco Central de um país emergente, como o Brasil, fala em inflação permanente, isso muitas vezes não é nada demais, por muitas vezes decorrer da desvalorização da moeda e de maiores gastos com importação. Quando um mercado de primeira linha, porém, fala algo do tipo, é que o bicho realmente está pegando”, contextualiza Franchini.

Ainda segundo o sócio da Monte Bravo, a retirada dos estímulos por parte Fed tem um peso de destaque nas economias emergentes, por diminuir o fluxo de capital para essas.  “A tendência de investimentos em países emergentes cai e essas nações precisam se esforçar ainda mais para se tornarem mais atrativos aos investidores”, explica.

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Como o Brasil enfrenta uma série de problemas fiscais, a forma como o mercado precifica o país ficando mais atrativo é através da alta dos juros também por aqui. A curva de juros subiu, com isso, em bloco. O contrato DI com vencimento em janeiro de 2023 teve alta de 0,8 ponto-base, para 12,11%. O para janeiro de 2025 avançou 28 pontos-base, para 11,43%. O para o mesmo mês de 2027, subiu 23 pontos, para 11,32%.

“Se a bolsa brasileira, enquanto lá fora houve uma sequência de rompimento de máximas históricas, conseguiu fechar 2021 com uma queda bem grande, agora você imagina com o mercado internacional perdendo força com a redução de liquidez”, finalizou Esteter.

Mercado passa também a aguardar redução de balanço do Fed

Além do fim do tappering e do início do ciclo de alta dos juros, investidores, como já mencionado, agora, passam também a aguardar que o banco central americano inicie a redução do seu balanço.

“Durante a pandemia, o balanço do Fed foi de US$ 4 trilhões para US$ 8 trilhões em menos de um ano, em poucos meses. Desde a crise de 2008, o balanço havia saído US$ 500 bilhões para US$ 4 trilhões. Uma quantia alcançada em mais de dez ano mais do que dobrou durante cerca de seis meses de pandemia”, comenta Dan Kawa, CIO e sócio da TAG Investimentos. “O Fed, agora, vê uma necessidade de normalização monetária”.

Segundo Kawa, o fim do processo de compra de títulos, que deve acabar já em março, é o primeiro passo para a normalização. Depois disso, o Fed deve começar a pensar quando dará inicio às altas dos juros e, posteriormente, como fará a recomposição do balanço – que seria a venda dos ativos que a instituição adquiriu durante o período mais crítico da crise.

“Terá de decidir se deixará os papéis que estão dentro desses US$ 8 trilhões vencerem ou se pegará parte desses ativos e venderá a mercado para retirar parte da liquidez que injetou”

“Honestamente, eu só viria um cenário de sinalização mais dura se a ata contasse já com uma confirmação de alta na próxima reunião do Fomc”, completou Kawa.

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