CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Economia

Sistema financeiro é esquema para bater carteira dos outros, diz Eduardo Moreira

Ex-banqueiro disse que burgueses são os capatazes de elite, defendeu a estatização do sistema e fortalecimento dos bancos públicos; assista

Eduardo Moreira (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Camila Alvarenga, Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTAS desta segunda-feira (07/02), excepcionalmente comandado pelo diretor de redação de Opera Mundi, Haroldo Ceravolo, o entrevistado foi Eduardo Moreira, empresário e ex-banqueiro que deixou o sistema financeiro e passou a ser um de seus maiores críticos, além de colaborador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

Ele discorreu sobre sua trajetória, desde trabalhar 20 anos no mercado financeiro, inclusive participando de manifestações a favor do golpe contra a presidente Dilma Rousseff, até ajudar a criar uma operação de financiamento popular para cooperativas do MST e ter como sonho a criação de uma sociedade socialista. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“Eu estava naquele ‘oba oba’ de buscar as soluções mais rápidas e fáceis de ganhar dinheiro. Hoje acho uma ignorância e até covardia ter aquele tipo de atitude. Só que não teve um tijolo que caiu do céu na minha cabeça. Eu fui criado num bairro de classe alta do Rio de Janeiro, era produto das realidade e história que ouvia daqueles ao meu redor. Isso não tira a minha responsabilidade de ter contribuído com esse mundo injusto, mas era o que era naquela época”, começou.

No entanto, sua revolução interna teve início quando decidiu se tornar educador financeiro. Passou a viajar pelo Brasil e também aprender sobre educação financeira, ver o que era a desigualdade. “Aí descobri que não era o herói do filme, era o vilão, e aquilo que eu fazia era o maior impulsionador da desigualdade.”

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Moreira passou a estudar sobre desigualdade, mas disse que na época se deu conta de que não bastava a teoria, era preciso viver a realidade. Quis morar em um acampamento do MST, “porque tinha uma ideia preconceituosa do que eram e do que faziam”.

“Aquilo sim foi um choque. Percebi que o sistema financeiro não era economia, é um sistema de bater carteira dos outros. Você tem de um lado quem produz a riqueza e, do outro, quem tem riqueza em excesso. O banco pega o dinheiro do segundo para emprestar para o primeiro, mais nada, é só um intermediário que não trabalhou para produzir a riqueza. Então o único jeito de ele ganhar dinheiro em cima dessa operação é bater a carteira de um ou bater a carteira do outro”, destacou.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Depois dessa tomada de consciência, ainda que o ex-banqueiro acredite que ela possa acontecer com outras pessoas, defendeu que esse não é o ponto. Banqueiros e bilionários podem ser substituídos, “a gente tem que enfrentar o modelo e o sistema para que essas pessoas não existam”.

Moreira ainda reforçou que lutar contra o sistema não significa lutar contra a burguesia, pois não é ela que está no comando. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“No Brasil o sistema é voltado para que as pessoas sonhem em ser os donos da Casa Grande. E a burguesia, para mim, é a classe formada pelos capatazes. Claro que os capatazes têm sangue nas mãos e são um problema, mas o problema maior é quem tem as cordas nas mãos e manipula os capatazes. A gente tem que ir atrás de quem está por cima da burguesia”, ressaltou.

Reformas de um governo de esquerda

Idealmente, Moreira revelou que gostaria que todo o sistema financeiro fosse estatizado, parecido com o que ocorre na China, para que o dinheiro volte para o povo. Ele explicou que, com o sistema sob o poder do Estado, é possível direcionar crédito, canalizar recursos para os setores que precisam ser desenvolvidos, “diferenciar a economia do desejo que estimula um a derrotar o outro para uma economia que coloca as necessidades e a dignidade das pessoas como prioridade”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“Mas não dá para brincar de varinha mágica na mão”, lamentou. Até porque, relembrou, qualquer tentativa de reforma será enfrentada com uma contrarreforma brutal capitaneada pelos bancos. Exemplo disso foi a reação que tiveram aos governos do PT, mesmo com a Bolsa multiplicando seu valor em 17 vezes durante os seis primeiros anos da era Lula.

“Os bancos rejeitaram o PT porque a luta é primeiro por poder, depois por dinheiro. Eles ganharam dinheiro, mas tinham o risco de no longo prazo perder poder. Então é importante aprender que não adianta não mudar o modelo. O dinheiro não chegou aos mais pobres, só passou por eles para voltar para os mais ricos. Tanto é que em três anos desfizeram tudo que tinha sido feito”, ponderou.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Assim, de forma mais prática, Moreira propôs começar a impor limites aos bancos privados, por exemplo delimitando a porcentagem de juros anuais que podem ser cobrados, e fortalecer os bancos estatais.

“Já que os bancos privados trabalham para os mais ricos, o Estado precisa dar na marra o necessário para quem precisa, por exemplo estimulando projetos de financiamento popular. Claro, o presidente que decidir isso vai ser atacado. Vai ser atacado por uma frente acadêmica, com relatórios produzidos por universidades financiadas pelos think tanks dos bancos, dizendo que é tudo uma besteira. Vai ser atacado pela mídia, que só vai entrevistar os economistas dos bancos. E com o ataque da mídia, virá o ataque de parte da população”, enfatizou. 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO