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Economia

Suspensão da quarentena pode resultar em segundo baque para a economia, diz ex-presidente do BC

Economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga diz que “suspender a quarentena não significa que as pessoas vão sair gastando e os empregos vão ser preservados na sua plenitude. No caso do Brasil, pegaria um número muito grande de pessoas muito fragilizadas"

Arminio Fraga (Foto: World Economic Forum / Benedikt von Loebell)
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247 - O economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga foi de encontro ao afirmado por Jair Bolsonaro de que o fim da quarentena imposta pelo combate ao avanço do novo coronavírus no Brasil irá estimular a economia. “Dá a impressão de que há um custo econômico, e há. Mas dá também a impressão de que há uma alternativa sem custo, que seria fazer o (isolamento) vertical. Mas isso não é verdade”, disse Fraga em entrevista ao jornal O Globo

Para ele, o socorro à economia deve acontecer de forma rápida e que o Tesouro deve oferecer garantias diretas para realizar empréstimos às empresas durante a pandemia. Arminio defende, ainda, que os empréstimos às empresas precisam ter garantia direta do Tesouro.

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“No caso do isolamento, a ideia é se antecipar à propagação do vírus. Em outros países, como Cingapura, que é rica e pequena, foi possível também testar muito, com rastreamento de contatos, um processo quase individual. Mas isso não seria possível aqui. Então, o isolamento é a única opção, e quem agiu com presteza teve resultados melhores”, disse.

No lado da economia, a ação ganha contornos de urgência, em função do colapso súbito da receita de várias empresas, pequenas, médias e grandes. Dependendo do setor, o colapso chega a 100%. Nada disso existe em situações normais. Numa recessão, a receita cai aos poucos e chega, no pior momento, a uma queda média de 10%. Por consequência, espera-se uma onda enorme de desemprego. Por isso, é importante agir rapidamente. O que não está acontecendo”, destacou Fraga. 

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Para ele. “suspender a quarentena não significa que as pessoas vão sair gastando e os empregos vão ser preservados na sua plenitude. No caso do Brasil, pegaria um número muito grande de pessoas muito fragilizadas. Da população brasileira, 38% são idosos, portadores de doenças crônicas ou ambos. Seria uma loucura”, afirma. 

Sobre o isolamento vertical, defendido por Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, Fraga observa que Quem faz essa proposta (de não adotar a quarentena) sugere o  “aqui no Brasil, isso é totalmente impossível. E os que ficarão expostos são muito numerosos e vulneráveis. Nossa rede de hospitais, como aliás em boa parte do mundo, não estava preparada para uma emergência desse tamanho, seria uma catástrofe social. Isso foi ventilado no Reino Unido, e eles rapidamente desistiram”. 

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O ex-presidente do Banco Central diz, ainda, que com a suspensão da quarentena, “em um segundo momento, a economia poderia levar a um segundo baque. Estamos fazendo uma administração para ganhar tempo, minimizando as perdas humanas, é uma questão humanitária, reduzindo ao máximo possível o pico da demanda por UTI hospitalar e torcendo para que chegue logo o momento da vacina ou de alguma cura. Nesse meio tempo, é crucial que o governo apresente uma estratégia clara, que deveria englobar quatro grandes ações de resposta à crise: apoio à rede hospitalar, manutenção do abastecimento e da logística, ajuda à população mais pobre e socorro às empresas. Na questão da logística, é importante levar até as pessoas alimentos que, no Brasil, são produzidos em enorme abundância. Não podemos correr o risco de as pessoas passarem fome”. 

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