PF aponta propina a Funaro em Rodoanel
A PF apontou em relatório da Operação Cui Bono? que o Grupo Bertin pagou R$ 57,3 milhões em propina ao doleiro Lúcio Funaro entre 2013 e 2015 com o objetivo de obter empréstimo de R$ 2 bilhões da Caixa para construir um trecho do Rodoanel (SP); Funaro é apontado como operador político do MDB da Câmara e, segundo a PF, teria dividido o dinheiro com o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e com o vice-presidente do banco à época, Geddel Vieira Lima
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SP 247 - A Polícia Federal apontou em seu relatório final da Operação Cui Bono? que o Grupo Bertin pagou R$ 57,3 milhões em propina ao doleiro Lúcio Funaro entre 2013 e 2015 com o objetivo de obter empréstimo de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal para construir o trecho leste do Rodoanel, em São Paulo. Funaro é apontado como operador político do MDB da Câmara dos Deputados e, segundo a PF, teria dividido o dinheiro com o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (MDB-RJ) e com o vice-presidente do banco à época, Geddel Vieira Lima. Os dois emedebistas estão presos.
De acordo com as investigações, o trio agiu para facilitar a liberação de dinheiro da Caixa para a SPMar, concessionária de rodovias do Grupo Bertin responsável pela construção do trecho leste e administração do trecho sul do Rodoanel. A obra foi iniciada em 2011 e concluída em 2015.
A PF obteve planilhas e notas fiscais que indicam 63 transações feitas pela Contern, construtora da Bertin que executou a obra, para duas empresas do doleiro entre 2013 e 2015. O Grupo Bertin pagou para Funaro até 2,9% sobre cada valor liberado pela Caixa à SPMar. Segundo relato do blog do Fausto Macedo, no dia 28 de março de 2013, por exemplo, foram liberados R$ 340 milhões para a concessionária, que teria pago comissão de R$ 8,16 milhões ao doleiro. Funaro disse que ele mesmo com 20% do valor, 50% era repassado para Geddel e 30% para Cunha.
A defesa de Funaro informou que ele "continuará colaborando de modo efetivo com as autoridades".
Em nota, a concessionária SPMar afirmou que "as empresas da família Bertin só poderão se manifestar após conhecer, de fato, o teor do referido relatório da Polícia Federal" e que "se mantêm à disposição das autoridades para prestar eventuais esclarecimentos".
A Caixa disse que as denúncias "são objeto de apurações internas que correm sob sigilo". O banco também afirmou que "está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações".
A Agência Reguladora de Transportes de São Paulo (Artesp), que fiscaliza as concessões rodoviárias, afirmou que "a SPMar vem cumprindo com suas obrigações contratuais" e que "a obtenção dos recursos para realizar seus investimentos e compromissos é de competência das concessionárias junto aos seus investidores e financiadores não havendo participação da Artesp nesse processo".
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