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Mídia

Compra do Twitter por Elon Musk: 'uma verdadeira ameaça à democracia'

“Trata-se de um conjunto de medidas muito específicas que os nossos oligarcas têm tomado e que concentra gradualmente o poder cada vez mais em poucas mãos”, disse um crítico

Empresário Elon Musk (Foto: Reuters / Divulgação)
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*Artigo publicado em inglês no Common Dream. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247.

Por Julia Conley

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Advogados de direitos humanos, especialistas em saúde pública e críticos das mídias estavam entre aqueles que, nesta segunda-feira, advertiram que a compra do Twitter pelo mega-bilionário Elon Musk, a pessoa mais rica do mundo, cria uma ameaça direta à democracia e ao bem comum ao colocar o poder descomunal da plataforma de mídia social usada por centenas de milhões de pessoas no mundo nas mãos de um homem.

A empresa de mídia social aceitou a oferta de Musk de comprar o Twitter por US$ 44 bilhões, ou US$ 54,20 por ação – levando alguns críticos a notar outras maneiras que esta enorme soma de dinheiro poderia ter sido usada, ao invés daquilo que o Deputado Chuy Garcia (democrata de Illinois no Congresso dos EUA) chamou de “um projeto de vaidade e bobagem para silenciar” os críticos de Musk.

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“Cobrem impostos dos ricos”, Garcia afirmou no Twitter.

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Presidente-executivo da Tesla, Elon Musk
Elon Musk(Photo: Patrick Pleul/Pool via REUTERS)Patrick Pleul/Pool via REUTERS

A compra de Musk levantou a preocupação de que a conta do ex-Presidente Donald Trump no Twitter será restabelecida. Trump foi banido da plataforma em janeiro de 2021, após violar as regras ao incitar os seus seguidores a atacar violentamente o Capitólio [Congresso] dos EUA, num esforço para impedir a certificação do resultado das eleições presidenciais [dos EUA] em 2020.

Monopólio e democracia

“O Musk não comprou apenas mais um brinquedo caro, mas uma comunidade online global que inclui cerca de 330 milhões de usuários regulares”, disse Jessica Gonzales, co-CEO do Free Press.

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“Tendo o controle de tal plataforma massiva traz consigo uma grande responsabilidade – e Musk não mostrou que ele tem a capacidade de assumir a responsabilidade desta comunidade online tão diversa”, ela adicionou, notando que a história do próprio Musk de usar o Twitter para “intimidar e denegrir outros, incluindo jornalistas, autoridades eleitas, proprietários de negócios competitivos e qualquer um que possa desafiar os seus pontos de vista.”

Gonzales disse que, com Musk ao leme, o Twitter tem que melhorar as suas práticas de moderação de conteúdos e “parar de amplificar a intolerância e as teorias da conspiração que poluem o discurso público, ameaçam a saúde e a segurança dos usuários, e mina a democracia.”

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Musk criticou os esforços do Twitter de moderar a plataforma, dizendo no início deste mês que ele acredita que “é só realmente importante que as pessoas tenham a realidade e a percepção de que são capazes de falar livremente dentro dos limites da lei” e que “o risco civilizatório é diminuído quanto mais nós possamos aumentar a confiança no Twitter como uma plataforma pública.”

O jornalista Anand Giridharadas disse que, ao se apropriar do Twitter e alegando que ele protegerá a plataforma como “a assembléia popular digital onde os assuntos vitais para o futuro da humanidade são debatidos”, Musk está fazendo o que os plutocratas têm feito… se rotulando como a solução para o problema que eles próprios são.”

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“Isto não é apenas uma aquisição corporativa forçada”, disse Giridharadas. “Trata-se de um conjunto de medidas específicas que os nossos oligarcas têm feito, que concentraram gradualmente o poder econômico, político e discursivo cada vez em menos mãos.”

Como foi publicado no Media Matters na segunda-feira, os políticos de direita nos EUA tem estado à favor da compra de Musk, já que, primeiro, ele se ofereceu para comprar a plataforma mais cedo neste mês. Na sexta-feira, o congressista Jim Jordan (Republicano de Ohio, EUA) liderou 18 parlamentares republicanos para escrever uma carta ao conselho diretivo do Twitter, exigindo que o conselho preserve todos os registros relativos à oferta de Musk.

“Os propagandistas da direita celebraram a oferta de Musk como uma maneira de acumular ganhos políticos ao acabar com a suposta censura política da empresa”, relata o veterano Matt Gertz. “Aí então, os campeões eleitos do Partido Republicano, respondendo à hesitação do conselho do Twitter, levantou a perspectiva de uma custosa investigação do Congresso [dos EUA] caso a oferta dele não fosse aceita.”

Enquanto o Twitter era uma empresa grande e poderosa antes que fosse anunciada a aquisição forçada de Musk, disse Sana Saeed, do Al Jazeera, a compra “sublinha uma tendência enervante – a capacidade de um único homem de comprar algo que impacta centenas de milhões de pessoas (além dos usuários) para influenciá-los segundo a sua própria imagem.”

“É menos do que bom quando bilionários são proprietários de equipes esportivas – que unem comunidades – como seus brinquedos”, disse Robert Weissman, presidente do grupo de advocacia dos consumidores Public Citizen. “Tendo um bilionário como proprietário do Twitter – uma plataforma vital para a comunicação e a comunidade – como se fosse seu brinquedo é muito mais sério. É uma verdadeira ameaça à democracia.”

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