Milícia da extrema direita ataca Suzy, presidiária trans personagem do Fantástico

247 - O nome “Suzy” está na lista dos temas mais comentados no Twitter neste domingo 8. Trata-se de uma mulher trans, presa em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, que foi personagem de uma reportagem do Fantástico há uma semana, conduzida pelo médico Dráuzio Varella. Dias depois, o Fantástico noticiou que Suzy, que não recebe visitas há oito anos, passou a receber cartas após a repercussão da reportagem.

A polêmica foi criada inicialmente pelo MBL (Movimento Brasil Livre), que sustenta que o nome de nascimento de Suzy é Rafael Tadeu de Oliveira dos Santos e que ele teria cometido um crime hediondo contra uma criança de 9 anos - estupro, estrangulamento, homicídio e ocultação de cadáver. 

O Antagonista também reproduziu o caso e a deputada estadual Janaina Paschoal cobrou um posicionamento da Globo. Outros parlamentares aliados ao governo Bolsonaro pedem explicações a Dráuzio Varella. Nem a emissora nem o médico se posicionaram ainda sobre o caso, confirmando ou negando que esta seja a condenação de Suzy.

Ativistas de esquerda criticam a onda que gerou comentários preconceituosos contra pessoas trans e detentos e atribuem a narrativa ao discurso de ódio contra esses grupos. “Está evidente que o problema não é qualquer tipo de crime que a Suzy cometeu, mas sim o fato dela ser uma travesti. O Brasil é um país transfóbico e não tem problema nenhum em escancarar isso. Suzy poderia ter "roubado" um biscoito, ser uma travesti é o que seria um problema”, escreveu Ana Flor, que se identifica como travesti e acadêmica.

"Bastou haver uma corrente supraideológica louvando o humanismo do Drauzio Varella para, claro, irem atrás de algo para descredenciá-lo. O crime da trans Suzy não anula o gesto do Drauzio. Que país triste que tem de destruir suas grandes pessoas. Se aquietem: ele não é candidato", criticou a jornalista Vera Magalhães.