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Mino Carta se desculpa com Lula, seu amigo há 43 anos, e pede apoio a Boulos, do PSOL

Jornalista Mino Carta escreve editorial em apoio a Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo. Dirigindo-se a Lula, anotou: "Acredito que meu grande amigo cometa um grave erro. Deveria, sempre segundo a minha ótica, apoiar o candidato Guilherme Boulos"

Mino Carta, Lula e Guilherme Boulos (Foto: Ricardo Stuckert | Brasil 247 | Reprodução)
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247 - O jornalista Mino Carta, nome histórico do jornalismo brasileiro, amigo de Lula há 43 anos, fundador e diretor de Redação de Carta Capital, escreveu um artigo em tom editorial para anunciar seu apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. 

"Acredito que meu grande amigo cometa um grave erro. Deveria, sempre segundo a minha ótica, apoiar o candidato Guilherme Boulos", escreveu Mino Carta, referindo-se a Lula.

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Carta junta-se a nomes historicamente ligados ao PT, que têm manifestado apoio ao candidato do PSOL. Artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque, intelectuais e personalidades de diversos segmentos assinaram um manifesto em apoio a Boulos, que foi lançado em agosto, com grande repercussão. 

O texto "São Paulo precisa de Boulos e Erundina" teve 250 signatários. A filósofa petista Marilena Chauí foi uma das signatárias do manifesto e a primeira a manifestar apoio a Boulos. A urbanista e professora universitária Raquel Rolnik, que coordenou o projeto do Plano Diretor na gestão de Erundina, também assinou.

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Renato Janine Ribeiro, que foi ministro da Educação em 2015, durante o governo Dilma Rousseff (PT), foi outro que endossou a carta.

A lista dos reúne ainda os atores Wagner Moura, Camila Pitanga, Marieta Severo, Sônia Braga e Maria Fernanda Cândido, os cineastas Fernando Meirelles e Petra Costa, os músicos Arnaldo Antunes, Maria Gadú, Teresa Cristina, Tom Zé, Zélia Duncan e José Miguel Wisnik e a ilustradora Laerte Coutinho.

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Os escritores Luis Fernando Verissimo e Ferréz, o fotógrafo Bob Wolfenson, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, o filósofo Vladimir Safatle, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, os advogados Celso Antonio Bandeira de Melo e Walfrido Warde e o economista Eduardo Moreira também ratificaram o documento.

Leia a seguir a íntegra do texto de Mino Carta:

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Desculpe Lula, mas...

... em São Paulo era hora de apoiar Guilherme Boulos

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A prefeitura de São Paulo é uma pista de lançamento para candidaturas maiores. Trata-se da cidade mais reacionária do País, mas também da mais importante. Em geral, quem foi prefeito paulistano caminhou bastante e com destaque política adentro. Não é o caso de Fernando Haddad, que apreciava, sobremaneira, dar entrevistas à Folha de S.Paulo e não costumava visitar a periferia. O PT continuou a apostar nele até a candidatura à Presidência da República ao atribuir-lhe as qualidades que lhe faltam.

 Lula disse recentemente que apoiaria qualquer candidato capaz de retirar do palco o ex-capitão Jair Bolsonaro. Já às vésperas do pleito para a prefeitura paulistana, o ex-presidente e líder inconteste do PT apresenta um candidato de escassa popularidade para o comando da capital. Acredito que meu grande amigo cometa um grave erro. Deveria, sempre segundo a minha ótica, apoiar o candidato Guilherme Boulos, algo mais do que uma promessa de futuro, de qualidades expostas. Figura claramente de esquerda, ligada a Lula, que, aliás, acompanhou no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema à espera da prisão determinada por Sérgio Moro, baseado no grotesco PowerPoint excogitado por Deltan Dallagnol. Haveria de apoiar também a companheira de chapa de Boulos, a indômita Luiza Erundina, que foi excelente prefeita pelo PT.

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 Podemos deduzir que Lula, neste lance, cogita de eventuais interesses do seu partido, embora pouco claros, sobretudo depois da sua determinação em tentar livrar o Brasil da presença de um presidente da República que envergonha o País. Ao apoiar Boulos, ele mostraria sua disponibilidade em relação à criação de uma frente ampla para unir a dita esquerda contra o inimigo comum. Nesta moldura, Boulos é, certamente, qualificado para representar os mais respeitáveis adversários de Bolsonaro e do bolsonarismo. A ocasião de mostrar esta abertura destinada a ampliar uma aliança benéfica não haveria de ser desperdiçada. Mas é, em nome de quais interesses não chego a perceber e, de todo modo, menores diante da importância do pleito e da gravidade da situação nacional.

 Como é sabido, tenho por Lula um grande afeto de 43 anos. Não seria esta a primeira vez que o critico abertamente, em nome justamente da amizade. A qual exige franqueza, tanto mais na perspectiva de um futuro cada vez mais sombrio, a julgar pelas intenções do vilão-mor em busca da reeleição, que se prepara a enfrentar, imitando o próprio Lula. Bolsonaro inventa o seu “Bolsa Família” com êxito inegável, é forçoso e muito triste admitir. Também por isso o PT paga, com seu propósito de deixar todos contentes, ricos e pobres, sem cuidar de politizar o povo, operação de resto nunca buscada com a determinação que as circunstâncias recomendavam. Infelizmente, Bolsonaro aí está para provar que o povo brasileiro, ignaro das suas reais­ necessidades, contenta-se com as migalhas caídas da mesa dos poderosos.

 Falta a consciência da cidadania, daí a verdadeira ameaça que o bolsonarismo representa em todo o seu espectro de prepotência doentia, de demência escancarada. 

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