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Massacre em Mianmar: "há uma guerra contra toda a população", afirma relator da ONU

Em 24 de dezembro, um novo massacre em Mianmar chocou a comunidade internacional. Trinta e cinco pessoas foram encontradas mortas carbonizadas

Exército de Mianmar (Foto: REUTERS)
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Clea Broadhurt, da RFI - Em entrevista à RFI, o relator da ONU conta que desde de fevereiro, quando foi dado um golpe de Estado no país, a comunidade internacional tem acompanhado um aumento de violência contra a população.

Nesta terça-feira (28), a ONG britânica Save the Children anunciou que dois de seus membros foram mortos na região do país próxima com a fronteira da Tailândia, onde a tensão aumentou recentemente.

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Para Andrews, há uma guerra contra a população com uma mensagem clara: “nenhum opositor será poupado”.

RFI – Por que esse aumento de violência em Mianmar?

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Tom Andrews - É parte de uma estratégia de terra arrasada. A junta militar tem atacado pessoas inocentes. Vimos o Exército atirar contra aldeias inteiras. Vimos jatos de caça atirando em casas, helicópteros massacrando aldeões com incêndios indiscriminados.

Qualquer pessoa suspeita de colaborar com a oposição à junta militar é considerada inimiga e é atacada. A terrível mensagem enviada à população birmanesa é que nenhum opositor à junta militar será poupado.

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RFI – Como vemos essa estratégia no cotidiano?

T.A. – Certas áreas consideradas a favor da oposição são particularmente visadas pela junta. É um dos exércitos mais bem equipados da região, se não do mundo. Eles têm centenas de milhares de soldados com armas muito sofisticadas, que são usadas contra a população. Geralmente, para cada pequeno ataque contra a junta, um comboio de caminhões atingido por uma mina, por exemplo, há uma resposta direta com ataques a vilarejos inteiros e pessoas inocentes.

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A mensagem é que se você for considerado como parte da oposição, não será poupado. O que é muito preocupante é que milhões de birmaneses se opõem à junta militar. Portanto, é uma guerra contra todo o povo birmanês! Espera-se que um exército esteja lá para defender o povo de um país, mas neste caso, o exército birmanês está lá para atacar o povo birmanês.

RFI – Nove meses após tomar o poder, a violência desses ataques permitiu à junta recuperar o controle do país?

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T.A. – Inicialmente, a junta pensou que poderia conseguir retornar rapidamente à dinâmica do período em que os militares tinham controle total sobre o país. Mas eles não levaram em conta o fato de que o povo birmanês experimentou a liberdade. Nos últimos anos, eles puderam viajar, se comunicar, e ter certos direitos. Os jovens tiveram acesso à Internet, por exemplo. Eles trocaram informações com o resto do mundo e se opõem fortemente à junta.

Seus pais e avós, que viveram a vida sob este regime brutal e autoritário, não querem que seus filhos e netos sofram tanto quanto eles sofreram. A oposição é muito profunda e ampla.

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Infelizmente, eu acho que quanto mais as opções da junta diminuem, mais eles percebem que seus ataques não são suficientes para combater a oposição e mais violentos se tornarão.

RFI – Os esforços diplomáticos das Nações Unidas e da Associação das Nações do Sudeste Asiático não foram bem-sucedidos até o momento. O que você acha que precisa ser feito para provocar uma mudança real?

T.A. – O exército precisa de três coisas: dinheiro, armas e legitimidade internacional. A comunidade internacional não conseguiu privá-los dessas três coisas. A junta continua a gerar receita. Essas fontes de renda devem ser cortadas.

No que diz respeito ao acesso a armas sofisticadas, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução apelando às nações do mundo para que parem de vender armas à Birmânia. Na prática, isto não tem sido respeitado. O Conselho de Segurança não conseguiu aprovar uma resolução suficientemente forte para estabelecer um boicote a essas vendas de armas. O uso do Tribunal Penal Internacional para julgar os responsáveis por esta situação não foi considerado.

Finalmente, quanto à legitimidade, sabemos que eles estão procurando legitimidade. Vimos o impacto da negação de legitimidade. Quando os países da região se recusaram a convidar Min Aung Hlaing, o comandante-chefe do exército birmanês, para uma reunião, ele ficou muito chateado e 48 horas depois milhares de prisioneiros políticos foram libertados.

Sabemos que estas ferramentas nas mãos da comunidade internacional são importantes. Sabemos que elas podem ser eficazes. Mas acho que precisamos rever a forma como foram usadas e que precisamos usar estas três ferramentas de forma muito mais eficaz.

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