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Lucivânia Nascimento dos Santos Fuser

Lucivânia Nascimento dos Santos é mestra em Estado e Sociedade pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

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8 de Março e a luta das mulheres trabalhadoras por igualdade de direitos

O assédio é muito maior às mulheres da classe trabalhadora, que andam nas ruas, de ônibus, de metrô, têm chefes homens e precisam do emprego. Um outro fator que agrava a questão de inferiorização das mulheres da classe trabalhadora é a questão racial, pois o discurso colonial disponibilizou e escravizou os corpos não-brancos

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A Educação é desvalorizada no Brasil porque o projeto de universalização da Educação é voltado para formar o exército de mão de obra. Mas tem outro fator: persiste um consenso machista de que o papel de educar é das mulheres, na educação doméstica, de criar os filhos, e que a esfera privada é das mulheres, e a pública, dos homens.

Assim sendo, diante da necessidade de formar mão de obra qualificada, houve uma demanda maior na Educação na primeira metade do século 20, para onde eram direcionadas as mulheres com formação, e a esfera pública passou a ser preenchida pelas mulheres na área que lhe cabia: educar na esfera pública, como já se fazia na esfera privada.

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Daí, uma visão maternal da Educação, feminizada e com salários desvalorizados. As mulheres mais pobres eram também recrutadas nas fábricas, com salários menores que os dos homens. A questão da luta pelo direito ao voto feminino, a partir do século XIX, com as sufragistas, também foi massivamente das mulheres da classe trabalhadora na Europa, e se difundiu por todo o mundo.

Obviamente, o assédio é muito maior às mulheres da classe trabalhadora, que andam nas ruas, de ônibus, de metrô, têm chefes homens e precisam do emprego. Um outro fator que agrava a questão de inferiorização das mulheres da classe trabalhadora é a questão racial, pois o discurso colonial disponibilizou e escravizou os corpos não-brancos.

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Não se tratava apenas de uma escravidão da força de trabalho ao longo de séculos de colonização, o que já não era pouca crueldade, deixando como legado a profunda desigualdade sócio-racial. Havia exploração sexual de seus corpos. Tratava-se também de um discurso como prática social de que as mulheres negras e índias eram inferiores, mas principalmente as mulheres negras. Um índio funcionário público do período colonial chegou a ser deposto do cargo por ter "se rebaixado" casando-se com uma mulher negra.

Obviamente, ambas as etnias não-brancas sofreram e sofrem o legado negativo da colonização, que tinha como subsídio discursivo a inferiorização dos não-brancos pelos brancos. Chamamos esse discurso de discurso colonial, que persiste após o fim da colonização e se constitui o que o sociólogo Quijano chama de colonialidade.

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O 8 de Março é dia de luta das mulheres contra todo tipo de opressão e exploração que sofrem, mas principalmente é dia de luta das mulheres trabalhadoras, inclusive, esse dia tem sua origem ligada à marcha de 16 mil mulheres trabalhadoras de Nova Iorque (EUA), em 26 de fevereiro de 1909, por melhores condições de trabalho, que tinha jornada de 16 horas por dia.

O primeiro dia da mulher foi celebrado na Rússia, em 19 de março de 1911, a partir de uma proposta da alemã Clara Zetkin, que sugeriu, em 1910, uma jornada anual de manifestações das mulheres por igualdade de direitos, em sua fala na reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas.

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Em março de 1917, as manifestações das mulheres no dia 8 de março, contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial, foram fatores importantíssimos para a Revolução Russa de outubro daquele ano. Com a vitória da Revolução, foi oficializado o 8 de Março, na Rússia, o Dia da Mulher Heroica e Trabalhadora.

Bibliografia

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BBC News Brasil. Dia Internacional da Mulher: a origem operária do 8 de Março. 7 mar. 2020.

BLAY, Eva Alterman. 8 de Março: conquistas e controvérsias. Estudos feministas, Florianópolis, p. 601-607, jun./jul., 2001. 

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FUSER, Lucivânia Nascimento dos Santos. A construção da identidade da região cacaueira na obra de Jorge Amado. 2019. (Dissertação: mestrado em Estado e Sociedade, concentração em Geografia) – Universidade Federal do Sul da Bahia, Porto Seguro: UFSB, 2019.

MOREIRA, Rita de Cassia Costa. Mulheres, Educação e maternagem. IX Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas “História, sociedade e educação no Brasil”. João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012. 

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LEHER, Roberto; SETÚBAL, Mariana (Orgs.). Pensamento Crítico e Movimentos Sociais. São Paulo: Cortez, 2005. p. 35-95.

RODRIGUES, Camila Mascella. ROSIS, Flávia de. Uma reflexão sobre o processo de desvalorização do educador. 10ª Amostra Acadêmica UNIMEP, Piracicaba, 23-25 out. 2010. Disponível em: <http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/10mostra/2/310.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2016. 

ROSA, Simone Medianeira. VESTENA, Rosemar de Fátima. O professor e sua valorização profissional. UNIFRA, s.d. Disponível em: >http://jne.unifra.br/artigos/4741.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2016. 

SILVA, Erineusa Maria da. As relações de gênero no magistério: a imagem da feminização. 1997. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória: UFES, 1997.

VEIGA, Cynthia Greive. São Paulo: Ática, 2007.

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