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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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A criança que o Bolsonaro tirou a máscara, e sua queda

O gesto do Bolsonaro, ao arrancar a máscara daquela criança durante sua passagem pelo Rio Grande do Norte no último dia 24, é uma mega produção semiótica, quase cinematográfica

Bolsonaro tira máscara de criança (Foto: Reprodução)
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Bolsonaro vai cair. É apenas questão de dias. E ele já sabe disso. 

Bolsonaro não tem o apoio da cúpula das Forças Armadas para um Golpe de Estado. E ele também já sabe disso. Se os oficiais quisessem mesmo impor o autoritarismo formal de Estado o fariam[1], mas não apoiando um déspota ignorante e irracional como Bolsonaro, todavia, escolheriam um dos seus mais próximos e mais articulados, inclusive para mitigar um pouco a pressão internacional que se decorre de tal ato extremo em todas as nações. 

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Então. Sobre a máscara, a criança e Bolsonaro: o que dizer? 

Há inúmeras teses sobre a personalidade e caráter de Bolsonaro: i) que ele é louco, tem de fato uma deficiência cognitiva à envergadura do cargo que ocupa; ii) que ele usa de métodos, embora anti-republicanos, todavia, estratégicos para conseguir o que quer; iii) que a potência de suas mentiras é tal a forjar uma consciência coletiva de massas que o subsidiem; iv) que ele é miliciano, portanto, não há piedade entre essa gente que flerta com a morte no polo passivo (arriscando-se) e no polo ativo (assassinando outros) o tempo inteiro; e por aí vai... 

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O fato é que o gesto do Bolsonaro, ao arrancar a máscara daquela criança durante sua passagem pelo Rio Grande do Norte[2] no último dia 24, é uma mega produção semiótica, quase cinematográfica. Este líder político joga suas últimas fichas apostando em duas direções: a) o medo: Bolsonaro diz àqueles que tiveram coragem de lhe enfrentar e a seus crimes que devem temê-lo, pois ele não os teme e insiste em desafiá-los; e b) a normalidade: Bolsonaro diz a seus apoiadores que a vida segue normalmente e que suas ideias (negacionistas) sobre as medidas de proteção e enfretamento à COVID-19 são as que vale, são as que importam, assim, pessoas com a mentalidade gadificada (rebanho acrítico) permanecem defendendo o “mito” e suas “ousadias”, mesmo que para isso coloquem em risco a vida (ou contaminação) de uma criança inocente. 

Entretanto, o gesto de Bolsonaro é digno dos tiranos da Roma antiga, ou de chefes bárbaros impiedosos, onde matar crianças e velhos para se atingir um propósito de domínio e demonstração de poder (força, na verdade) era um ato tão frio e simples como trocar de roupa pela manhã. Bolsonaro, ao agir dessa forma, atesta sua condição monstruosa de ser... 

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Do ponto de vista formal, Bolsonaro comete mais um crime de responsabilidade digno de seu urgente afastamento do cargo. Tenho escrito neste espaço diversos textos[3] que conjugam as afrontas do Presidente da República perante o ordenamento jurídico pátrio. Ora, tirar a máscara do rosto da criança, induzir outros a tirarem suas máscaras e ele próprio não usar máscara quando as normas sanitárias assim determinam é crime! Não tem meia vírgula: trata-se de ruptura de dignidade do Chefe da Nação perante a Constituição Federal (que lhe baliza as determinantes e protocolos do cargo). Veja: não é somente a omissão do Presidente perante a pandemia. Não é apenas incompetência no agir. Não é o esforço equivocado em enfrentar a COVID-19, utilizando-se de todos os meios exaustivos para erradicar a doença; é a sua intenção concreta e deliberada de contaminar e re-contaminar as pessoas. 

Bolsonaro não quer o fim da pandemia, contudo, seu círculo permanente e instabilidade potencial, pois essa atmosfera (Coronavírus/Bolsonaro) cria uma inércia possível nas pessoas, medo de enfrentar o outro vírus (o próprio Presidente), dificuldades de funcionamento das instituições e de mobilização das entidades.

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Portanto, ao arrancar a máscara do rosto da criança, Bolsonaro testa sua última cartada: dizer que ele vai para o tudo ou nada na estratégia de matar as pessoas, inclusive, as mais inocentes não apenas do ponto de vista da cognição política, porém, as inocentes de idade mesmo. 

Louco? Cruel? Impiedoso? Monstruoso? Não sabemos ao certo. O que sabemos é que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal não podem MAIS CONTINUAR PERMITINDO que outras dezenas de milhões de crianças (e adultos) tenham suas máscaras arrancadas por Bolsonaro que antes apenas estimulava o não-uso do EPI, e agora AGRIDE o nosso corpo (das nossas crianças) e retira de nós o suspiro (e esperança) de vida...

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[1] Você me perguntaria: “mas então o que fazem estes militares no poder ao lado do Genocida”? Simples. Estes que lá estão são mercenários. Gostam de dinheiro, status e prazer. Estar no Governo é acumular salários, ter influência e desfrutar de regalias. Entretanto, mesmo estes têm um limite estratégico. Na hora certa pulam fora do barco deste Presidente desvairado.

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[2] Mais cedo também no Rio Grande do Norte, numa cerimônia e no alto do palanque, uma garotinha de 10 anos de idade fora ler um poema e o Presidente da República lhe exigiu para retirar sua máscara, imposição que foi atendida pela criança.

O crime contra os pequenos e a vida destes ocorridos no mesmo dia demonstra o ato intencional (doloso) de Bolsonaro e não um mero “acidente”.

[3] Um dos textos em que listo os dispositivos legais aos crimes de Bolsonaro segue aqui.

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