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Ricardo Cappelli

Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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A dança da esquerda: Lula, Ciro e Manuela

"Quase 30 anos de casamento são mais que suficientes para que Lula conheça a alma dos Comunistas. Sabe que a influência do partido vai além de sua ainda reduzida expressão eleitoral. O ex-presidente "dançou" completamente à vontade no Congresso do PCdoB realizado no último final de semana", comenta o colunista Ricardo Cappelli; "Ciro, convidado a participar do Congresso, desdenhou da "dança". Reforçou, infelizmente, sua imagem de temperamental, de um ator de difícil trato político, pouco afeito às construções e aos gestos simbólicos típicos da atividade", diz ainda; para ele, "a pré-candidata comunista mexeu pedras de forma mais inteligente. Tenta construir raia própria sem brigar ou se distanciar do Lulismo"

"Quase 30 anos de casamento são mais que suficientes para que Lula conheça a alma dos Comunistas. Sabe que a influência do partido vai além de sua ainda reduzida expressão eleitoral. O ex-presidente "dançou" completamente à vontade no Congresso do PCdoB realizado no último final de semana", comenta o colunista Ricardo Cappelli; "Ciro, convidado a participar do Congresso, desdenhou da "dança". Reforçou, infelizmente, sua imagem de temperamental, de um ator de difícil trato político, pouco afeito às construções e aos gestos simbólicos típicos da atividade", diz ainda; para ele, "a pré-candidata comunista mexeu pedras de forma mais inteligente. Tenta construir raia própria sem brigar ou se distanciar do Lulismo" (Foto: Ricardo Cappelli)
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Quase 30 anos de casamento são mais que suficientes para que Lula conheça a alma dos Comunistas. Sabe que a influência do partido vai além de sua ainda reduzida expressão eleitoral. O ex-presidente "dançou" completamente à vontade no Congresso do PCdoB realizado no último final de semana.

Conhecedor das críticas pelos limites de seus governos, foi logo dizendo que os marxistas em seu governo ocuparam ministério e a diretoria geral da agência nacional do petróleo – ANP. Quem governa junto, acerta e erra junto também, e se a legenda, estigmatizada por setores da sociedade, ocupou espaços tão importantes, "alguma coisa deve ter mudado", disse em fina ironia.

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Foi magnânimo com Manuela, pré-candidata à presidência. Enquanto a militância se olha desconfiada, com cutucões aqui e ali, fez questão de afirmar que "qualquer partido tem o direito de lançar candidato. " Tem consciência do seu tamanho e do que está em jogo. Ao levantar o braço da gaúcha e cortejá-la mandou recado claro ao PT: atacar a comunista é burrice, de uma forma ou de outra, estaremos juntos.

Manu aceitou o convite para dançar e também foi muito bem. Defendeu o direito de Lula ser candidato. Disse que não é candidata para ser vice de Lula, ninguém é candidato a vice, obviamente. Na segunda música, extremamente hábil, afirmou que nenhuma possibilidade pode ser descartada.

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Lula deixou claro que está velho demais para gritar "Não vai ter Golpe" e o golpe acontecer, para gritar "Fora Temer", e Temer ficar. Uma cutucada e uma sinceridade. Dilma transformou o Palácio do Planalto num comitê do "Não vai ter Golpe" nos últimos meses de seu mandato. Dia sim, outro também, reunia militantes para gritar palavras de ordem. Enquanto negava a política e se agarrava à suposta bravura, o poder real lhe escorria pelas mãos. Ao fazer pouco caso do "Fora Temer" o ex-presidente torna público o que já era evidente. Nunca acreditou ou apostou nesta estratégia.

Finalizou defendendo a unidade como melhor caminho e atacando a Globo. Fez autocrítica ao reconhecer que seu governo não encaminhou a regulação dos meios de comunicação e se comprometeu a fazê-lo, se eleito novamente. Se fez isso apenas para agradar a plateia ou se realmente assimilou a importância estratégica do tema só o tempo dirá.

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Ciro, convidado a participar do Congresso, desdenhou da "dança". Reforçou, infelizmente, sua imagem de temperamental, de um ator de difícil trato político, pouco afeito às construções e aos gestos simbólicos típicos da atividade. Ex-presidente da República, presidente mais popular da história, Lula pegou um avião para Brasília em pleno domingo apenas para falar 40 minutos e voltar. Ciro alegou outros compromissos e não foi.

O cearense, sem dúvida um dos melhores quadros do país, erra ao subestimar ou "dar de barato" o destino do PCdoB. Erra ainda mais ao misturar Lula, Lulismo e PT, categorias que se falam, estão interligadas, mas não são a mesma coisa no imaginário popular. Ao apostar num espaço progressista alternativo ao Lulismo na atual quadra histórica, acredita no improvável. Com Lula no páreo o jogo será um. Sem ele, estará em jogo a disputa por esse caudaloso rio de comunicação popular chamado Lulismo. Não necessariamente um candidato do PT será seu herdeiro. O uspiano Haddad será capaz de incorporar este ideário no Nordeste? Basta Lula e o PT colarem em qualquer um para o Lulismo ser integralmente transferido?

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Neste ponto, a pré-candidata comunista mexeu pedras de forma mais inteligente. Tenta construir raia própria sem brigar ou se distanciar do Lulismo. Na política, cada lance corresponde à posição do jogo num dado momento. Fazer uma leitura cartesiana ou querer, traído pela ansiedade, antecipar movimentos, não parece um bom caminho.

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