CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Dom Orvandil avatar

Dom Orvandil

Bispo Primaz da Igreja Católica Anglicana, Editor e apresentador do Site e do Canal Cartas Proféticas

312 artigos

blog

A fome comanda saque em supermercado

Os saques, assim denominados pelos donos das “redes” de exploração da fome, se tornaram cada vez mais frequentes

(Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

A repórter Daniele Dutra do Portal Metrópoles descreveu o que viu acontecer no Supermercado Inter de Inhaúma, zona norte do Rio de Janeiro, no sábado 16/04/22, véspera da páscoa burguesa. Um dos gerentes lhe contou que as prateleiras de carnes foram as mais desfalcadas. Mas também as populações, que entraram no ambiente que lucra com a alimentação sem que seus donos se importem com a fome e a miséria que graça entre os pobres, levaram chocolates – o próprio mercado propagandeia a sua páscoa feita desse produto  e no outro dia seria o dia da celebração dessa coisa comercial – levaram também bebidas como cerveja,  whisky e refrigerantes.

“Eles esvaziaram o setor de carne. Levaram os bifes das bandejas, peças de carne, lamentou Júlio Souza, gerente logístico do supermercado.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Daniele continua a narrativa do desespero do trabalhador que responde pela logística do loja contemplada pela presença de 200 pessoas, que entraram repentinamente,  já que seus donos talvez festejassem a páscoa hipócrita do comércio sobre alguma montanha, à beira dos lagos iluminados e muito bacanal.  “Na véspera de Páscoa, itens como ovos de chocolate e bombons também foram saqueados. Já o bacalhau ficou intacto: “Acho que eles esqueceram de pegar ou não deu tempo. Mas não chegaram a mexer nos peixeis”, disse  Júlio Souza, que trabalha na rede há 23 anos.

“O setor de bebidas também ficou desfalcado. O grupo levou grandes quantidades de cerveja, whisky e vodca. A parte da perfumaria, uma das primeiras invadidas, também foi prejudicada”, descreveu a repórter Daniele Dutra.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A choradeira da “rede” – nome dado pela reportagem a essa coisa invisível que manobra as lojas, os trabalhadores e suga os lucros com os alimentos – se demonstrou em nota no domingo da páscoa comercial do mercado. “Fomos agredidos, violentados e ficamos abalados e entristecidos com a brutalidade cometida contra a nossa equipe na unidade de Inhaúma, nossa loja foi invadida e saqueada”,  diz um trecho da nota.

Pois é, lamentável, se é verdade que algum trabalhador – que não tem nome e que faz parte dessa nuvem oculta chamada demagogicamente de equipe – foi agredido. Agressão de trabalhadores contra outros trabalhadores é absolutamente condenável.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Impressiona muito mais que esse fantasma denominado de “rede” – na verdade os picaretas que enriquecem lucrando com os alimentos “lamente” o saque do supermercado e nada diga sobre a violência, o abalo e a agressão muito maior que se abatem nos estômagos e vidas das pessoas das periferias e das populações de trabalhadores, com  suas rendas cada vez mais delapidadas pela inflação capitalista, pelo desemprego neoliberal e e pelo abandono por parte do desgoverno favorável à morte ao desemprego, à fome e ao genocídio como o do miliciano Jair Bolsonaro e o do fascista governador do Rio de Janeiro.

O advogado e ex-deputado federal  Wadih Damous escreveu em sua conta no Twitter três  suspeitas: “O saque a supermercado no Rio pode ser a consequência da fome que grassa no país. Ou pode ser resultado de ação orquestrada por milicianos a soldo do bolsonarismo. Daqui pra frente, até as eleições, acho que isso vai se repetir pelo país com clamores de intervenção militar”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Quanto a fome, sem dúvidas, esta tragédia inaceitável cresce, maltrata, adoece e até mata milhares de pessoas em nosso país, sem governo e sem solidariedade do capital para com os atingidos.  

Wadih Damous pode ser acompanhado de razão sobre a possibilidade de aumento de saques a supermercados em todo o país. Também pode ser verdade que o próprio genocida Jair Bolsonaro patrocine esse movimento como forma de provocar o clamor por intervenção golpista militar. Porém, isto sempre será no uso da fome e da miséria como bucha de canhão, como sempre perversamente a casta dominante faz em nosso país.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O que mais importa é examinarmos o evento do supermercado no Rio como direito das pessoas se alimentarem. É absolutamente imoral e criminoso ver supermercados e feiras com suas geladeiras abarrotadas de alimentos enquanto o povo passa fome.

Quem lucra e estufa a concentração de renda sobre a fome popular merece ser ocupado e os alimentos distribuídos com quem mais precisa. Mais imoral do que 200 pessoas tomarem supermercados na busca da trégua da fome e da angústia é meia dúzia de canalhas donos de “redes”, ocultos e covardes, escondidos por detrás do que fingidamente chamam de equipes, expondo a riscos de ferimentos e de mortes em conflitos os trabalhadores do estabelecimento alvo.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Como muito bem escreveu Élio Gasda,  doutor em Teologia, professor e pesquisador na Faje, ao definir que “a dignidade humana implica na satisfação de necessidades básicas como a alimentação, moradia, saúde, trabalho, educação, cultura e lazer. Direitos fundamentais garantidos na Constituição Brasileira de 1988. Tais direitos objetivam construir uma sociedade livre, justa e fraterna. Erradicar a pobreza e a fome é dever do Estado.”

Sobre a pior, mais grave e imoral das necessidades, fruto da injustiça econômica, política e social o Prof. Élio Gasda escreveu que “a fome é uma ofensa à dignidade humana. A falta de alimentos no organismo, por tempo prolongado, faz o estômago doer, causa mal-estar, fraqueza e morte. O Brasil tem mais de 20 milhões de famintos e 40% da população vive em insegurança alimentar”.

Continua o autor de “Trabalho e capitalismo global: atualidade da Doutrina social da Igreja’ (Paulinas, 2001); ‘Cristianismo e economia’ (Paulinas, 2016) que “enquanto o povo revira caminhões de lixo em busca de comida, bancos privados aumentam em 53% os lucros (R$ 62 bilhões só no primeiro semestre). Não falta produção de alimentos, mas comida virou mercadoria. O agronegócio, cresceu 24,31% em 2020 (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O mesmo agronegócio que provoca queimadas, destrói florestas contamina as águas e o meio ambiente como agrotóxicos. Sua única preocupação é lucro. São grandes responsáveis pela fome do povo.”

Nosso teólogo toma Santo Tomaz de Aquino para lembrar que “furto” para saciar a fome não é crime. Portanto, se o que aconteceu no Supermercado Inter no Rio foi para saciar a fome que se aprofunda e mata não ocorreu delito. Pelo contrário, os criminosos se ocultam nos bancos, no agronegócio, nas redes de supermercados, no governo genocida de Jair Bolsonaro, no neoliberalismo insano e na máfia fascista. “Para Santo Tomás de Aquino … casos de extrema necessidade humana eliminam integralmente o delito de furto. As coisas indispensáveis à vida humana, sobremodo o alimento, perdem a qualidade de particulares e se tornam comuns a todos. Não se pode considerar furto quando algo é retirado de seu titular para atendimento de uma necessidade vital básica. Os casos de fome e nudez não podem ser permitidos pelo Estado e pela sociedade, porque os alimentos e as vestes são direito naturais (Suma Teológica, II-II q. 66 a. 6-7)”, lembra o Teólogo Élio Gasda.

Prevemos muitas ocupações a supermercados, a açougues e saques a caminhões transportadores de alimentos pelas estradas do Brasil,  como previou o meu amigo Wadih Damous. Muito uso as máfias fascistas e milicianas farão da fome e das pessoas em estado de desespero para agredir ainda mais essa maltratada e infectada democracia burguesa. Porém, desde as organizações quilombolas primitivas grupos com fome tomaram fazendas e armazéns em busca de alimentos.

A fome é a antessala do caos mas pode ser o estopim da revolução. Uma das razões que derrubou a ditadura nazifascista sanguinária, a mesma que prendeu, torturou e matou, foi a fome. Os saques, assim denominados pelos donos das “redes” de exploração da fome, se tornaram cada vez mais frequentes durante o regime dos gorilas covardes e traidores da Pátria, até que ruim sobre seus próprios excrementos.

As ocupações de supermercados em busca de alimentos é sinal de alerta de quem não suporta mais a indignidade da fome. Como dizia o Padre Manoel Freitas: “os estômagos vazios são tambores da revolução”.

Abraços proféticos e revolucionários,

Dom Orvandil.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO