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Pedro Alcantara

Doutor em ciências sociais e membro do diretório do PT-PE

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A importância de derrotarmos Bolsonaro ainda no primeiro turno

Levar Bolsonaro para o segundo turno implicará fortalecer a presença do programa de uma agenda que ameaça a democracia e a segurança do País

(Foto: Reprodução)
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A derrota de Bolsonaro nas eleições não resultará na derrota do bolsonarismo. Essa afirmação deve nos trazer o senso de realidade que o momento exige, sem nos amedrontar. Ela deve não nos deixar esquecer que a luta contra a extrema direita no Brasil não termina em outubro. Será longa e demandará muita energia do conjunto de forças democráticas e populares organizadas para esse embate. 

O último dia 07 de setembro demonstrou o quão desqualificado é o atual presidente. Revelou também que a tática do golpe de Estado à força, com apoio dos militares, perdeu musculatura. No entanto, explicitou que Bolsonaro tem considerável capacidade de mobilização e que o bolsonarismo tem tamanho suficiente para seguir rivalizando pelo protagonismo da cena política brasileira. Nós não podemos subestimá-los novamente. 

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As últimas pesquisas tem revelado que há real possibilidade de vitória de Lula ainda no primeiro turno, tamanho o conjunto de forças que ele reuniu em torno de si, tamanha a rejeição a Bolsonaro e a aprovação popular aos mandatos anteriores do ex-presidente. Diferente de setores da grande mídia que já se pronunciaram pela importância da existência do segundo turno através de seus articulistas mais proeminentes, os mesmos que celebraram o golpe de 2016 e a prisão fraudulenta de Lula, a sociedade deve unir-se para garantir a derrota de Bolsonaro o quanto antes. 

A ida ao segundo turno significaria, para o bolsonarismo, uma chance de ouro para radicalizar uma disputa política já altamente inflamada, sendo um passo tático fundamental, que, no mínimo, os garantia mais fôlego para a disputa de médio e longo prazo à qual me referi no começo do texto. Lhes daria a possibilidade de demonstrar força e poder de mobilização, além da oportunidade de inundar o debate nacional com doses cavalares de reacionarismo violento travestido de ojeriza ao PT. 

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Levar Bolsonaro para o segundo turno implicará fortalecer a presença do programa, da gramática social e do modo de ação política de uma agenda que ameaça a democracia e a segurança do país, em especial de grupos socialmente mais vulneráveis que são alvos do bolsonarismo. 

Não estou com isso querendo dizer que os pouco mais de 30% dos eleitores que, segundo as pesquisas, votariam no atual presidente sejam todos adeptos da agenda política bolsonarista. Apenas uma parte deles, talvez a metade, constitui o núcleo fanatizado de apoio quase pessoal a Bolsonaro. O restante parece constituir-se como uma mescla de extremistas de direita, antipetistas radicalizados e reacionários órfãos de liderança melhor. O fato é que estão juntos, aí sim, na agenda social da extrema direita, e com ou sem Bolsonaro seguirão tentando influenciar o debate público. Cada espaço a mais que lhes é dado põe em risco a democracia e os direitos dos segmentos mais vulneráveis e estigmatizados da população, que ao fim e ao cabo são as maiores vítimas desse reacionarismo. 

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Para quem deseja construir, junto com Lula, um país que não só tenha vigor institucional mas que também reverta séculos de exclusão social, a vitória no primeiro turno também ajuda. As mesmas forças políticas e sociais que articularam o golpe de 2016 e a prisão arbitrária de Lula buscarão, evidentemente, causar tensões que possam pressionar Lula e mantê-lo acuado ou ao menos na defensiva durante a campanha e num eventual governo, no que diz respeito à defesa e execução dos pontos mais avançados do seu programa.

Para eles, que falam através de jornalistas como Merval Pereira, do Globo, uma vitória do ex-presidente no primeiro turno significaria um Lula muito forte, altamente legitimado por uma volta triunfal e uma vitória eleitoral acachapante. Para nós, que buscamos resgatar o processo de inclusão social, que defendemos a revogação de reformas antipovo, a recuperação de nossa soberania, de nossas empresas públicas mais estratégicas e de um novo pacto social em torno do desenvolvimento justo e solidário do país, pelo contrário, a vitória de Lula no primeiro turno é importante para afirmarmos nossa força política. 

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Lula não é apenas candidato do PT ou da centro esquerda, ele é candidato de uma ampla frente, composta por partidos e forças políticas de diferentes matizes, todas democráticas. Evidente que seu governo será de concertação e atuará mais ao centro. Nós do campo popular, no entanto, buscaremos e deveremos ter significativo espaço para uma agenda de avanços sociais, algumas das quais já garantidas pelo próprio Lula, como a volta da política de valorização do salário mínimo, a volta do investimento público, a recuperação estrutural das políticas de assistência e seguridade social. Uma vitória no primeiro turno significará o triunfo do consenso nacional em torno da liderança de Lula e da capacidade da campo popular brasileiro liderar a reação ao bolsonarismo e a reconstrução do Brasil. Isso para nós é estratégico e taticamente fundamental. 

Portanto, garantir a vitória de Lula já no primeiro turno significará, de uma vez só, fortalecer seu futuro governo e enfraquecer o grupo que, ao que tudo indica, seguirá sendo a principal força política de oposição: o bolsonarismo. Significa enfraquecer, inclusive e sobretudo, a liderança de Bolsonaro, para quem o segundo turno serviria como demonstração de força e aumentaria seu poder de barganha na disputa política futura que o colocará, como ex-presidente, contra a parede e em maus lençóis. 

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Daqui até o dia 02 de outubro os democratas e os defensores de um país mais justo tem uma missão histórica: derrotar Bolsonaro o quanto antes e garantir a Lula uma vitória histórica. Depende de cada um de nós. 

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