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Luiz Alberto Gómez de Souza

Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, pós-graduado em Ciência Política, doutor em Sociologia. Autor de mais de cem artigos em revistas brasileiras e internacionais e colaborador e organizador de vários livros

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A invenção de pseudomitos no capitalismo predador

Há dias, antes da estréia de Brasil da copa da Rússia, vinha o mesmo martelar: Neymar, Neymar. Como se tudo dependesse de um jogador, franzino, habilidoso sem dúvida, coleção de topetes exóticos. Criava-se um mito, logo adiante talvez descartável, e tudo passaria a depender dele e não do conjunto da seleção

Há dias, antes da estréia de Brasil da copa da Rússia, vinha o mesmo martelar: Neymar, Neymar. Como se tudo dependesse de um jogador, franzino, habilidoso sem dúvida, coleção de topetes exóticos. Criava-se um mito, logo adiante talvez descartável, e tudo passaria a depender dele e não do conjunto da seleção (Foto: Luiz Alberto Gómez de Souza)
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Há dias, antes da estréia de Brasil da copa da Rússia, vinha o mesmo martelar: Neymar, Neymar. Como se tudo dependesse de um jogador, franzino, habilidoso sem dúvida, coleção de topetes exóticos. Criava-se um mito, logo adiante talvez descartável, e tudo passaria a depender dele e não do conjunto da seleção. E esse mito vem logo a ser alvo de uma caçada implacável pelos adversários. No jogo de estréia do Brasil, bastou um gol no começo do segundo tempo e tudo se desarrumou. Por saúde mental não ouço o Galvão Bueno. Dizem que ele surtou com o gol suíço. Provavelmente mais por seus interesses materiais atingidos do que pelo amor ao futebol.

Ontem na Argentina, o centro era o Messi. Errou um pênalti infantil e a seleção se desconstruiu. Há muitos interesses econômicos na construção de mitos. É o velho individualismo da modernidade, regado a milhões de dólares.  Quando vamos aprender a acreditar no coletivo nas várias áreas da realidade, na política, na economia, na cultura, nos esportes?

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Lembram do jogo final da copa de 1998 quando, na véspera, Ronaldo, que possivelmente tivera uma convulsão, esteve fora da primeira escalação e veio imposto na segunda, provavelmente por grandes  patrocinadores - talvez a Nyke? Lá estava ele, no meio do campo, um patético zumbi. E o Brasil perdeu para o time de Zinedine Zidane, hoje técnico do mais bem armado time do mundo, o Real Madri, onde está, aliás, Cristiano Ronaldo.

É hora de revisar essa economia criminosa dos patrocínios do grande capital que usam jogadores jovens, sem muito estofo psicológico para resistir. É só ver o olhar errático de Gabriel de Jesus, com seus 21 anos, antes dos jogos. O Brasil tem de apostar no conjunto de uma seleção que tem excelentes jogadores, por exemplo, Philippe Coutinho ou Marcelo - neste primeiro jogo sem o costumeiro ímpeto que lhe é próprio.

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Mas quero dar um salto nos patamares da normalidade.

Temos um caso em situação oposta: Cristiano Ronaldo, esse sim gênio. Há figuras que saem do cotidiano, como nas grandes epopéias homéricas. Isolado, empatou praticamente sozinho com a fúria espanhola, à qual servira até a véspera, no Real Madri. Mas CR7 salta claramente dos parâmetros normais. Três gols incríveis. Num jogo que foi uma obra prima. A exceção confirma a regra. Ainda que sempre possamos temer que isso possa ir subindo sinuosamente pela cabeça, com seu narciso desmedido. Até agora segue num nível inalcançável. Solitário herói.

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Fernando Pessoa nos traz três mitos: Ulisses, Viriato e o Conde D. Henrique, quando brotou Portugal. Penso neste ultimo, vendo jogar CR7:

“Todo  começo é involuntário.

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Deus é o agente.

O herói a si assiste, vario

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E inconsciente.

Á espada em tuas mãos achada

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Teu olhar desce,

‘Que farei eu com esta espada?’.

Ergueste-a e fez-se”.

Simplesmente acontece. Tão elementar e tão fora de medidas. Como Miguel de Unamuno via em meu herói Quixote.

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