A mentalidade colonial quanto a questão indígena
A única maneira de combater essa problemática é através do entendimento da condição do indígena
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Iago dos Santos
Para falar sobre a história indígena é vital que se aborde o tema da colonização, já que estão diretamente ligados em sua maneira de se influenciar culturalmente. Esse processo que teve como papel principal destruir a cultura indígena e substituí-la à força pela dominante, europeia, ainda é algo que ecoa até o século atual.
A mentalidade do colonizador era de superioridade ao colonizado, visto que o próprio ato da colonização era considerado como um bem outorgado ao “selvagem”. Assim lhe era permitido uma educação, uma cultura mais “evoluída”, como é expresso no termo francês “évolué”, ou em português, “evoluído”, termo usado pelos franceses para referir-se a negros, que haviam abdicado completamente da sua cultura nativa pela do seu dominador.
Com o tempo, esses padrões de vida inescapáveis, se tornaram o modelo da construção social em que vivemos e pensamos. Hoje, todos aqueles que se desviam dessa norma são considerados uma minoria e caem no ostracismo da realidade social presente. Dessa maneira entende-se a dificuldade de não assimilar, de não se integrar destes nativos, que por diversas razões, sejam elas sociais ou simplesmente culturais, aceitam esse fado.
Essa linha de raciocínio nos ajuda entender famosas frases como: “indígena de iphone” ou “militante de iphone”, que renunciam a possibilidade de integração desse indivíduo na sociedade contemporânea, dando-lhe valor apenas quando se submete a clichês, desconsiderando a fusão de culturas provocado por essa longa linha histórica.
Essa maneira de refletir cria, de uma certa maneira, um “apartheid mental”, separando-os tanto culturalmente quanto socialmente, já que a construção do indígena é deturpada por essa ótica arbitrária, e consequentemente, cria divisões mentais quanto a definição do que faz e do que é um indígena.
Dessa maneira fica evidente uma clara vontade oprimir o indígena no inconsciente coletivo, que se manifesta através da adoção de estereótipos, visando encapsular sua cultura a padrões que já não encaixam com os atuais. Algo culturalmente herdado dessa velha racionalidade eurocêntrica, que estigmatizou a ideia da inclusão de tipos que diferenciavam do seu modelo de sistema exclusivo.
A única maneira de combater essa problemática é através do entendimento da condição do indígena, ou seja, entender como que o processo de assimilação cultural é muitas vezes um processo involuntário, para sua própria sobrevivência. Só com esse saber que poderemos dilapidar essa fumaça colonial que nubla nossas cabeças.
Dizer que só existe um tipo de indígena é o equivalente a dizer que só existem dois tons de pele, e não múltiplas derivações da mesma. É um fato, justo como duas culturas que se condicionam, verdadeiramente, vão criar uma nova mescla, completamente diferente das duas anteriores. Essa variação é o que dá liga à pluralidade cultural que temos no nosso país. E que apesar de se dizer igualitário e democrático por essa exata razão, ainda se prova opressivo e exclusivo a esses grupos.
Dessa maneira fica claro que aceitar o indígena significa aceitar a colonização, que implica em aceitar toda a bagagem sociocultural que vem junto com ela, de aceitar a hipocrisia social que nos foi condicionada desde antes dos tempos em que podíamos ter o menor senso cultural, entender que o jugo colonial ainda é forte, presente e enraizado no meio em que vivemos.
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