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Iago dos Santos

Um negro que luta para entender o que significa ser negro. Crescido tanto em classe média quanto em uma comunidade, ele já vivenciou os dois Brasis do nosso grande Machado de Assis.

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A mentalidade colonial quanto a questão indígena

A única maneira de combater essa problemática é através do entendimento da condição do indígena

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Iago dos Santos

Para falar sobre a história indígena é vital que se aborde o tema da colonização, já que estão diretamente ligados em sua maneira de se influenciar culturalmente. Esse processo que teve como papel principal destruir a cultura indígena e substituí-la à força pela dominante, europeia, ainda é algo que ecoa até o século atual.

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A mentalidade do colonizador era de superioridade ao colonizado, visto que o próprio ato da colonização era considerado como um bem outorgado ao “selvagem”. Assim lhe era permitido uma educação, uma cultura mais “evoluída”, como é expresso no termo francês “évolué”, ou em português, “evoluído”, termo usado pelos franceses para referir-se a negros, que haviam abdicado completamente da sua cultura nativa pela do seu dominador.

Com o tempo, esses padrões de vida inescapáveis, se tornaram o modelo da construção social em que vivemos e pensamos. Hoje, todos aqueles que se desviam dessa norma são considerados uma minoria e caem no ostracismo da realidade social presente. Dessa maneira entende-se a dificuldade de não assimilar, de não se integrar destes nativos, que por diversas razões, sejam elas sociais ou simplesmente culturais, aceitam esse fado.

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Essa linha de raciocínio nos ajuda entender famosas frases como: “indígena de iphone” ou “militante de iphone”, que renunciam a possibilidade de integração desse indivíduo na sociedade contemporânea, dando-lhe valor apenas quando se submete a clichês, desconsiderando a fusão de culturas provocado por essa longa linha histórica.

Essa maneira de refletir cria, de uma certa maneira, um “apartheid mental”, separando-os tanto culturalmente quanto socialmente, já que a construção do indígena é deturpada por essa ótica arbitrária, e consequentemente, cria divisões mentais quanto a definição do que faz e do que é um indígena.

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Dessa maneira fica evidente uma clara vontade oprimir o indígena no inconsciente coletivo, que se manifesta através da adoção de estereótipos, visando encapsular sua cultura a padrões que já não encaixam com os atuais. Algo culturalmente herdado dessa velha racionalidade eurocêntrica, que estigmatizou a ideia da inclusão de tipos que diferenciavam do seu modelo de sistema exclusivo.

A única maneira de combater essa problemática é através do entendimento da condição do indígena, ou seja, entender como que o processo de assimilação cultural é muitas vezes um processo involuntário, para sua própria sobrevivência. Só com esse saber que poderemos dilapidar essa fumaça colonial que nubla nossas cabeças.

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Dizer que só existe um tipo de indígena é o equivalente a dizer que só existem dois tons de pele, e não múltiplas derivações da mesma. É um fato, justo como duas culturas que se condicionam, verdadeiramente, vão criar uma nova mescla, completamente diferente das duas anteriores. Essa variação é o que dá liga à pluralidade cultural que temos no nosso país. E que apesar de se dizer igualitário e democrático por essa exata razão, ainda se prova opressivo e exclusivo a esses grupos.

Dessa maneira fica claro que aceitar o indígena significa aceitar a colonização, que implica em aceitar toda a bagagem sociocultural que vem junto com ela, de aceitar a hipocrisia social que nos foi condicionada desde antes dos tempos em que podíamos ter o menor senso cultural, entender que o jugo colonial ainda é forte, presente e enraizado no meio em que vivemos.

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