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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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Alguém precisa dizer a Georgieva que meta de déficit zero atrapalha o crescimento

Desde 2008, organismos multilaterais abandonaram a cartilha neoliberal mais rasteira, que hoje tem meia dúzia de seguidores, boa parte doida de pedra como Milei

Diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva - 26/10/2022 (Foto: REUTERS/Michele Tanntussi)
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Em entrevista ao Valor Econômico, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, rasgou elogios à economia brasileira. Desde a crise de 2008, organismos multilaterais abandonaram a cartilha neoliberal mais rasteira, aquela que hoje tem meia dúzia de seguidores no mundo, boa parte dos quais é doida de pedra como Javier Milei. Georgieva caminha na linha desenvolvimentista cautelosa, mantendo algumas amarras ortodoxas.

Em São Paulo, ela disse que o Brasil tem sido “uma boa notícia para a economia mundial”, mas um crescimento de 3% em 2023 e de 2% em 2024 “não é suficiente para a ambição e o potencial do país”. Exibindo sua face ortodoxa, afirmou que estivemos “à frente no combate à inflação por meio do aumento dos juros”, e à frente permanecemos ao demonstrarmos “capacidade de ver a inflação baixar a ponto de se poder reduzir as taxas”.

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Georgieva elogiou o “arcabouço” de Fernando Haddad, que está longe de ser apreciado pelos economistas mais à esquerda, e a reforma tributária.

“Ela deu destaque para a melhoria do gasto público ao invés de ficar martelando, como os representantes do financismo fazem, que tem que cortar, cortar, cortar”, avaliou o economista Paulo Kliass a pedido da coluna. Doutor em Economia e membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Governo Federal, Kliass, contudo, não passa pano para Geoergieva. Nem para Haddad.

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Na avaliação de Kliass, Georgieva faz, indiretamente, uma crítica ao antigo teto de gastos Temer-Meirelles, mas não critica “o subteto do Haddad”, o tal arcabouço fiscal. De outra parte, elogia a diretora do FMI por reconhecer que o Brasil é o único país na América Latina com boa participação das receitas tributárias no PIB, fator que poderia ser bem aproveitado para implementação de políticas públicas e coisas do gênero.

“É óbvio que ela é uma pessoa com perfil conservador, de proximidade muito grande com as visões do sistema financeiro internacional, e em alguns momentos ela confirma isso, como quando enfatiza a importância da participação do setor privado na oferta de serviços públicos”, percebe Paulo Kliass.

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Esta foi a fala de Georgieva a que o economista brasileiro se refere: “Eu gostaria de enfatizar que, no front fiscal, as tarefas mais importantes que se tem pela frente são, em primeiro lugar, garantir que a arrecadação seja justa, que as brechas seja fechadas e que a tributação distribua o peso das receitas de forma justa por toda a sociedade. Em segundo lugar, a maneira como o dinheiro público é usado, e isso é realmente fundamental. Ele precisa ser usado mais do que no passado para abrir oportunidades de investimento privado, porque, em última análise, é isso que impulsiona as economias”.

Kristalina Georgieva entende, como nós, ser necessário um esforço para que o país cresça mais e mais rápido, de modo a alcançar o protagonismo que lhe caberia no mundo. Tudo certo, então? Não para Paulo Kliass: “Para crescer, há necessidade de aumentar a presença do Estado por meio de empresas, por meio de programas, de projetos e principalmente de investimentos públicos. Mas isso significa eliminar essa coisa da meta 0% de déficit para 2024, e refazer com maior flexibilidade as regras draconianas presentes no novo arcabouço fiscal”.

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