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Laís Vitória Cunha de Aguiar

Aos 16 anos passou a escrever para a ONG australiana Climate Tracker, que treina jovens para serem jornalistas climáticos, e com isso publicou para a EcoDebate e outros meios de comunicação. Participou dos Jornalistas Livres como freelancer e por um ano do Mídia Ninja. Publica eventualmente no Brasil 247 e Brasil De Fato. Formada em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo no Ciberespaço e coordena o Parlamento Mundial da Juventude no Brasil.

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As tecno-imagens e um futuro de conexão

“O Universo das Imagens Técnicas”

(Foto: Foto: Greta Hoffman/Pexels)
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Para Vilém Flusser, em seu livro “O Universo das Imagens Técnicas”, há uma certa expectativa do que possa ou não ser construído a partir dos objetos (como uma câmera), e por isso os artistas tentam burlar a construção de imagens programadas. Na fotografia, com um botão você atira (“shot”). Ao mesmo tempo em que há uma conexão entre homem e máquina, também há uma nova formação da imagem a partir de um toque (ou da percepção do mesmo, sabemos que há outros processos físicos e químicos envolvidos).

O mesmo acontece com as redes sociais e streaming, em que com um leve toque é possível escolher entre milhares de opções de filmes e séries. Não temos mais apenas uma nova construção de imagens, mas de interação com um mundo cada vez mais virtual.

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Durante a pandemia vivenciamos um momento de desconexão física com o mundo, em que não podíamos nem ao menos velar nossos mortos de forma tradicional. Muitos de nós vivenciamos esses momentos a partir das tecno-imagens transmitidas por celulares. Assim, essa desconexão física nos trouxe uma quebra também com a realidade.

No entanto, para o autor, isso é visto de forma extrema, pois ele sugere que as futuras gerações serão conectadas a máquinas e irão viver eternamente online. É o que ele chama “o fim da humanidade.”

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Já os estudos, que vivenciávamos majoritariamente de forma presencial, foram modificados mesmo sem termos ferramentas mais eficazes para o ensino do que simples plataformas virtuais que funcionam de forma bem parecida desde sua invenção (o Skype não é tão diferente do Zoom). A partir disso, as desigualdades no ensino jorraram como uma ferida aberta sem o auxílio de um médico (que seria o Estado e suas políticas públicas, inexistentes durante o governo Bolsonaro). Ao meu ver, isso também demonstra que a integração das tecno-imagens e seu mundo inteiramente virtual está longe da realidade nas periferias globais.

A própria experiência museal foi transformada, com escolas visitando museus virtualmente, museus trazendo mais experiências virtuais e híbridas. Aqui no Brasil temos o museu do TCU, que dispõe de vários objetos virtuais, desde exposições até jogos, o mesmo ocorre com o Hermitage, na Rússia, e Louvre, na França, em que é possível visualizar virtualmente as obras. Alguns centros culturais, como o Centro Cultural da Caixa, mesmo depois da pandemia, estão disponibilizando aulas gratuitas online.

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Várias alternativas, inclusive em encontros usuais para jovens engajados no âmbito internacionalista, como o Economic and Social Forum for Youth (ECOSOC), permitem a participação virtual desde 2021. Outras organizações, como o Parlamento Mundial da Juventude no Brasil, só neste ano já realizaram um projeto internacional sobre estampas BRICS, com Rússia-BRICS Office for International Youth Cooperation, e um encontro para discutir questões pertinentes ao Brasil e África do Sul, tudo organizado virtualmente.

O design, enquanto ferramenta usada majoritariamente pelo grande capital, poderia seguir por esse caminho enquanto ferramenta de interface entre os jovens, escolas e o próprio conhecimento. Ao meu ver, o design pode ir desde a integração do real com virtual, até como interface que construa ambientes que saiam da perspectiva do consumo.

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O autor, Vilém Flusser, entende que no futuro não teremos mais produtores e consumidores na rede, que seremos todos iguais. Na atualidade, como isso está longe de acontecer, podemos tentar trazer essa perspectiva a partir de visões não hegemônicas. Para Krenak, em seu livro “Como adiar o fim do mundo”, não vê outra alternativa de mudança que não seja na prática e cosmovisões indígenas, que ao contrário de trazerem essa desconexão entre corpo e mente, trazem ainda um elemento a mais: corpo, mente e natureza como um só. Ele também faz uma metáfora importante, em que diz que nossas subjetividades em ação são como paraquedas coloridos.

Acredito que é preciso pensar nesses espaços como oportunidade de conexão, mas para isso precisamos derrubar estruturas mentais europeizadas e nos conectar com quem realmente conhece e vivencia a terra não como propriedade, mas como entidade viva que faz parte de quem somos.

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