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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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Número de assassinados-dia por Israel em Gaza já é maior que na Alemanha nazista

Os palestinos estão sendo dizimados em proporção muito maior que os judeus na Segunda Guerra Mundial

Corpos de palestinos mortos em ataques israelenses (Foto: Reuters/Ibraheem Abu Mustaf)
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Antes que comecem a me injuriar pelo título deste artigo, vamos de imediato aos cálculos e detalhamento da base de dados. Trata-se, este texto, de se centrar em proporcionalidade e na semiótica da moral de humanidade, que vale para alguns, mas para outros não.

A 2ª Guerra Mundial (sua duração) tem data estabelecida entre 01/09/1939 e 02/09/1945. Portanto, chegamos a um cálculo de 2.556 dias de conflitos, digamos, oficiais. O último ataque de Israel à Faixa de Gaza inicia em 07/10/2023, em resposta ao Hamas. Como os números de uma guerra e outra são trabalhados por aproximação, especialmente, porque este último conflito ainda está em curso, logo, não se pode ter precisão exata da quantidade de vidas perdidas na Faixa de Gaza, vamos operar algo mais perto de uma estimativa, ainda que a maior parte dos dados já se realizem no concreto.

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No dia 29/02/2024, último dado que conseguimos acessar do Ministério da Saúde da Palestina, estavam contabilizadas 30.035 mortes no território pelas Forças Israelenses. Portanto, nesta data teremos 145 dias totalizados de ataques diários de Israel sobre a Palestina. Dividamos o número de pessoas assassinadas pela quantidade de dias, chegamos à trágica informação de 207,1 pessoas mortas/dia. Lembrando: não são soldados; são civis palestinos, em sua esmagadora maioria, CRIANÇAS e MULHERES.

Antes de fazermos as contas sobre quantos judeus inocentes Hitler assassinou dentro do território alemão, é fundamental trazermos uma informação. Embora os historiadores e demógrafos não tenham chegado a uma cifra exata, pacificou-se que foram mortos no holocausto 6 milhões de vidas humanas, em sua imensa maioria, judeus.

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Ocorre que nem todo mundo sabe, mas a maioria destas pessoas não eram alemães. Cerca de 4,5 milhões de judeus assassinados pelo imperialismo nazista, viviam no Leste Europeu (Polônia, Rússia e outros países), os demais eram cidadãos de várias partes da Europa ocidental. Na Alemanha – sem que queiramos de modo algum diminuir a dor e a importância da vida humana, assim como não podemos fazer isso com as vidas humanas palestinas, que têm igual importância – residiam “apenas” 214.000 judeus[1]. Destes, os historiadores estimam terem sido assassinados aproximadamente 192.600 alemães, portanto, 3,2% dos judeus mortos em outros países que a Alemanha invadira durante a Guerra.

Aplicando o mesmo cálculo. Dividamos 192.600 humanos por 2.556 dias de guerra. Chegamos à média – tão dolorosa quanto na palestina, mas em menor número – de 75,3 vidas assassinadas diariamente na Alemanha.

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Ou seja: se Israel, por seu Governo Genocida, continuar a guerra pelo mesmo tempo que Hitler (7 anos de escalada), Benjamin Netanyahu terá assassinado 529.348 inocentes, igualzinho (ou pior) à crueza do holocausto, pois o nazismo não matava (somente) soldados, mas em sua maioria homens, mulheres e crianças civis; trabalhadores/as que nada tinham que ver com esta mentalidade psicopata, colonial e imperialista.

Considerando que na Faixa de Gaza habitam 2,2 milhões de pessoas, em 7 anos, perto de 30% de sua população estará varrida do mapa. E se Israel tivesse o mesmo poder da Alemanha nazista; se os palestinos estivessem espalhados na mesma proporção que os judeus da 2ª Guerra Mundial, isto é, distribuídos nos países fronteiriços ao conflito, aplicando a mesma proporção do ódio de um Chefe de Estado como foi o “Führer”, ao que Netanyahu está fazendo, o número de palestinos assassinados ao final de 2.556 dias do tal “Direito de Defesa” de Israel seria: 9.819.000 vidas inocentes. Repetimos: quase 10 milhões de palestinos seriam dizimados da face da Terra!

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Para chegarmos a essa cruel conta (embora improvável realização no mundo fático, porém, muito forte, no sentido de uma moral voltada para a morte de pessoas inocentes; para refletirmos acerca da essência do que dizem que nos constituímos, a saber, como humanidade), basta trabalharmos com as proporções dos assassinatos. Ora, se Israel mata 207,1 pessoa por dia; se a Alemanha matava seus compatriotas judeus na ordem de 73,3 ao dia, temos que o governo sionista assassina 63,65% a mais que o governo nazista[2]. É só aplicarmos esta proporção para a escala do número de inocentes mortes por Hitler em toda a Europa.

A pergunta que fica é: em que o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, errou ao comparar o sofrimento do povo inocente de Gaza ao sofrimento do povo inocente dos guetos impostos pelos alemães? Se o nome disso não for genocídio; e se holocausto servir apenas para categorizar a dor dos judeus, inventem outro nome, mas neste momento, os palestinos estão sendo dizimados em proporção muito maior que os judeus na Segunda Guerra Mundial.

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Como disse a Lula o Primeiro-Ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh: “Israel não tem o monopólio da dor. Eles sofreram no passado. Mas Israel está nos fazendo sofrer agora”. Logo, é fundamental rediscutirmos o conceito de humanidade – para todos os humanos; ou sucumbiremos, a começar por nossa natureza...

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[1] Segundo o portal “Enciclopédia do Holocausto”, 6 anos antes de estourar a Guerra, especificamente quando o nazismo ascende ao poder, “em 1933, a população judaica da Alemanha era de cerca de 525 mil pessoas. Na época, este número representava menos de 1% da população alemã total.”

Fonte: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/jews-in-prewar-germany.

Face à perseguição do regime de Adolf Hitler, mais da metade da população judaica-alemã – ainda antes do conflito – foge do país, particularmente, para a Polônia, onde já viviam cerca de 3 milhões de judeus. Alguns historiadores aproximam a conta de pouco mais de 200 mil judeus que habitavam o solo alemão quando estourou a 2ª Guerra Mundial.

[2] Por honestidade discursiva, é fundamental afirmar que essa proporção de mortes/dia por Hitler se refere aos judeus em seu território (alemão). É evidente que os judeus mortos pelos fascistas nos outros países chega ao repugnante número de 2.347,4 assassinatos/dia.

Mas também é verdade que o nazismo somente tornará o genocídio um mecanismo de forma industrial, ou seja, usadas as câmaras de gás, após quase 3 anos de guerra. Logo, nada impede que Netanyahu, em mais alguns anos, faça desse conflito (ou crie outros conflitos) em Gaza, a sua escalada industrial da morte.

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