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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Bolsonaro terminará como Trump

"Assim como Trump, Bolsonaro terminará sendo derrotado, política e juridicamente, pela rejeição de massas a ele e a seu governo – o que as manifestações do dia 29 reafirmaram", escreve o sociólogo Emir Sader

(Foto: Alex Almeida/Mídia NINJA | REUTERS/Octavio Jones)
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Bolsonaro se inspirou em Donald Trump, em seus discursos e sua forma de fazer política. Negacionista, questionador da política tradicional, centralizador, agressivo com a mídia, com os que divergem dele, com o Judiciário.

Começou se dando bem, passou de livre atirador a presidente do país, como Trump. As coisas começaram a desandar quando, eleitos, deixaram de ser livre atiradores, para terem que responder por seus governos. A pandemia aumentou ainda o desgaste que os dois tiveram.

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Mas, pior para Bolsonaro, quando Trump não conseguiu se reeleger, ao concentrar sobre ele todos os grandes problemas que viviam os Estados Unidos, elevando sua rejeição e fazendo das eleições norte-americanas um referendo sobre ele. Perdeu e colocou problemas para o Bolsonaro, que achava que o caminho seria mais fácil. Perdeu uma rota e perdeu um grande aliado.

Este ano as coisas desandaram de vez para Bolsonaro. O desgaste que ele ainda não tinha tido no ano passado a partir da pandemia, passou a ter este ano, com a consciência difundida clara que o governo não comprou as vacinas que poderia ter comprado no ano passado e que levaram à responsabilidade na morte de milhares de pessoas.

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A prolongação da recessão econômica, com o índice recorde de desemprego e os milhões de pessoas em situação de precariedade, também recaíram sobre ele. Não bastasse isso, Lula recuperou seus direitos, passou a representar a alternativa e, para uma grande parte da população, o futuro do Brasil.

Bolsonaro olha para Trump e tenta resgatar dali uma forma de ação, mesmo se perdedora nos EUA. Em primeiro lugar, questionar, desde já, os resultados eleitorais, sabendo que lhe serão desfavoráveis, denunciando supostas fraudes – nunca comprovadas – das urnas eletrônicas e propondo o retorno aos votos impressos. Não por acaso, no último comício e carreata de motos que fez, no Rio, a única faixa, exibida por um aviãozinho, dizia exatamente: “voto impresso”.

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Mas não bastam as denúncias, se não há força para colocá-las em prática. Trump tinha força da mídia e de uma votação que, ainda insuficiente para ganhar, foi impressionante. Bolsonaro tem outros apelos: as FFAA e as polícias.

Trump teve que, finalmente, ceder, depois de ameaçar não entregar o cargo. Esticou a corda ao máximo, mas tinha toda a institucionalidade contra ele e foi perdendo apoio no seu próprio eleitorado, quando dizia que não reconheceria os resultados eleitorais, alegando que havia fraudes, sem nunca ter provado nenhuma.

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Bolsonaro aprende daquela experiência. Da mesma forma que desconheceu a derrota eleitoral do Trump até no limite máximo e teve que reconhecer a vitória de Joe Biden, sabe que tem um limite seu eventual desconhecimento dos resultados eleitorais. Principalmente tendo contra ele o Judiciário, a mídia e, eventualmente, o próprio Congresso, além da opinião pública internacional.

Por isso sua reserva é o apelo a algum tipo de golpe, valendo-se dos militares e das polícias. Sabe que tem grande quantidade de militares comprometidos com seu governo, que serão derrotados junto com ele. Mas sabe, ele e os próprios militares, que não terão condições de resistir a uma vitória eleitoral arrasadora do Lula, eventualmente no primeiro turno, que é a garantia da derrota do governo do Bolsonaro.

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Bolsonaro já sabe, pelos próprios pronunciamentos do Judiciário, que não haverá voto impresso. Mas mantém a reivindicação, porque é o argumento para alegar eventuais fraudes, no caso, muito provavelmente, da sua derrota eleitoral.

Como no caso do Trump, o limite é a derrota política. No nosso caso, a vitória arrasadora do Lula, transformado em candidato do resgate da democracia, da recuperação do diálogo político, da recuperação da economia e da geração de empregos, do retorno a um tempo em que o Brasil era muito respeitado no mundo.

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Assim como Trump, Bolsonaro terminará sendo derrotado, política e juridicamente, pela rejeição de massas a ele e a seu governo – o que as manifestações do dia 29 reafirmaram. Da mesma forma que Trump, Bolsonaro será derrotado e terá de deixar o governo. Condição do retorno à democracia e à convivência pacífica e civilizada entre todos os brasileiros.

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