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Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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Carta aberta a Margareth Menezes, Ministra da Cultura do governo democrático

'O Ministério da Cultura renasce da destruição imposta pelo ódio fascista à cultura, às artes e ao conhecimento em geral', escreve a colunista Marcia Tiburi

Margareth Menezes e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
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É uma alegria imensa ver uma artista admirável como você é, com o percurso que você tem, na condição de Ministra da Cultura. 

Alegria histórica é ver que o Ministério da Cultura renasce da destruição imposta pelo ódio fascista à cultura, às artes e ao conhecimento em geral, e será reconstruído tendo à sua frente a mulher baiana que criou o Afropop e foi incansável na produção de projetos culturais para as comunidades soteropolitanas. 

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Alegria política é saber que Margareth Menezes representará artistas e agentes da cultura de um país massacrado nesse campo. 

Fato é que o país está arrasado em todos os campos. É um fato também que a reconstrução da cultura é central para a reconstrução de nosso país. 

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Para além de hierarquias de importância, a história dá muitas voltas e o Ministério da Cultura que havia sido rebaixado à secretaria no governo fascista, torna-se o mais importante de todos nesse momento histórico. 

O governo eleito é diferente em muitos aspectos. Ele marca o início de uma nova época para o Brasil. Trata-se de um governo que precisa enfrentar o fascismo. Não podemos errar. Esse governo tem que dar certo e não terá o sucesso que precisa ter, em nome da democracia e da vida do povo brasileiro, se esse tema triste e desesperador não for tratado como deve ser. 

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Quando se trata de livrar o país do fascismo e protegê-lo para que não retorne, é necessário um trabalho coordenado e o Ministério da Cultura deve ser o espaço dessa coordenação. 

O campo democrático, comandado pelo Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, venceu uma eleição junto a uma frente democrática ampla. Para além disso, sobrevivemos a uma guerra cultural, ainda que haja vítimas por todo lado, mas é um fato que essa guerra continuará devorando corpos, subjetividades e a vida espiritual da população, bem como seu futuro. O poder do setor cultural no trabalho de resgate das subjetividades assediadas e mutiladas nessa guerra, é imenso. A cultura investirá no fomento às formas artísticas, aos projetos culturais tradicionais e populares, mas deverá também sustentar uma ação antifascista que perpasse as demais ações. 

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Cabe ao ministério da cultura aglutinar todos os ministérios para isso. Talvez não pareça possível tendo em vista o jogo de poder e acotovelamento dos homens brancos, eternos cotistas de si mesmos, mas lutar é nossa tarefa, como mulheres brasileiras, indígenas, negras, afrodescendentes e tantas mais. 

É o ministério da cultura que vai coordenar as políticas culturais em escala nacional, mas é ele também que deve propor políticas interseccionais e interdisciplinares entre os ministérios - cultura, educação, comunicação, saúde, justiça, meio ambiente, povos tradicionais, economia, mulheres e direitos humanos, entre outros - para levar o governo como um todo à ação antifascista. 

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Os diversos setores da sociedade que sejam capazes de interromper o avanço do fascismo no Brasil devem ser conclamados a agir. Um trabalho em nível nacional envolvendo uma Comissão Nacional de Enfrentamento ao Fascismo poderia ser uma forma de fazer frente ao horror para que ele não se repita. 

Sem ações de enfrentamento ao fascismo e de desfascistização, em 4 anos, corremos o risco de ver o Brasil novamente lançado nas mãos sanguinárias do fascismo que não cessa de lançar seus tentáculos e de praticar chantagens contra o governo democrático recém eleito. 

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Não devemos negligenciar o horror do passado, pois ele é fonte de conhecimento e gera sabedoria para um futuro melhor.

Desejando-lhe todo o sucesso e à sua equipe, envio minhas congratulações com a mais profunda alegria política e feminista.

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