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Virgilio Almansur

Médico psiquiatra e psicanalista, músico e bacharel em direito, se dedica ao jornalismo e à ciência política

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Casão, o cristão

Rebelde com causa, Casagrande nunca escondeu ser grande e, dessa grandeza, impôs-se no meio raso e foi se notabilizando

Walter Casagrande e Lula (Foto: Reprodução/YouTube)
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Rebelde com causa, Casagrande nunca escondeu ser grande e, dessa grandeza, impôs-se no meio raso e foi se notabilizando. 

Foi capturado na grandeza do notável que ascendeu num esporte que a visibilidade permitiu e o self (si mesmo) grandioso levou-o às experiências onipotentes que a droga engendrou. 

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Esse percurso carregava um menino da zona leste paulistana com pendores críticos na intimidade do lar, por vezes musical, na faina diária de um pai quase sempre alcoolizado e que se impunha com seus estilos e personalidade próprias. 

Casão saía dali para o esporte e na base do clube escolhido se aperfeiçoou num time que lhe trouxe segurança e coragem, essa mesma coragem que o revela conselheiro pleno nos desvão que a vida lhe aplica. 

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A dependência o sondara há muito. Driblá-la não surtiu efeito e enfrentá-la requereu tarefa hercúlea no interjogo das onipotências entremeado à dependência química, fator provavelmente genético e herdado do pai também dependente químico. 

Casão chega aos sessenta anos botando fogo no parquinho. Nada mais o faz dependente se e quando é instado a se manifestar e sabe que a única dependência maior, a química, é enfrentada sob consciência de um inventário soberbo sem soberba, admitindo os passos alexandrinos que o soneto em curso lhe aplicou para controlar a droga e não ser controlado por ela. 

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É para poucos! A coragem de Casagrande nesse enfrentamento é singular mas traz frutos ao coletivo que esteja nos seus passos e busque alento e coragem para a mister tarefa de recuperação. 

Casagrande está em recuperação! Essa convicção o faz lidar com uma instância psíquica que foi minada para a admissão de um poder nocivo — que lhe ocupava inteiramente por despistar seus ideais de grandeza sem qualquer efetiva grandeza — que o iludia como o Casagrande ideal num composto de impostura e doença. O ideal, pois, é construção: vem se fazendo! Far-se-á até seus últimos dias! E ele é sabedor, riqueza máxima conquistada no cada dia de conquistas, só por um dia…

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Casagrande incomoda por não ser e não querer ser impostor! Os ataques ao Casão refletem o mundo da co-dependência e suas exigências políticas estão calcadas na liberdade e alteridade que a dinâmica do dia-a-dia lhe trouxe ao acusar, em conjunto, a política que nos cerca.

Casagrande perfila a muitos jogadores e ex jogadores que têm consciência política e a desenvolvem naturalmente. Seu componente adicto foi ampliado para o entendimento particular e nas tantas vicissitudes que lhe propiciaram maior aporte nas críticas e sugestões para o mundo futebolístico. 

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A revisão de valores é constante! O estilo de vida está, também, permanentemente sendo reavaliado e a pauta mestra é o pleno reconhecimento de que uma instância superior precisa ser acionada para vigiar e se necessário punir!

Esse indivíduo, sujeito às normas da sociedade, foi obrigado a renunciar a seus impulsos instintuais; nada demais àqueles que suportam o advento da cultura, do seu mal estar frente a ela e seu componente cuvilizatório. Mas… E se a frustração for dominante? É aí que a droga entra! Entra como substituta, compensando na renúncia à satisfação o que se reprimiu ou recalcou. 

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Não se descartam outras origens e numa etiopatogenia regressiva onde um necessário agente superior (instância psíquica como super-eu ou superego) é falho por desenvolvimento precário, a busca do prazer encontra no substitutivo-droga a satisfação almejada sem qualquer limite ou necessária repressão. Um eu ou ego, como quiserem, não deve aliar-se aos desejos mais primitivos de uma instância sem rigor, sem o componente não, tão somente o sim — que dá start aos desejos iniciais intensos — sem mediação de um agente inibidor. 

Casagrande percebeu seu desamparo inicial inventariando etapas do seu crescimento, deu-se conta da inexistência de lei e se esforçou e se esforça para introjetá-la. Encontrou identificações numa busca da subjetividade em anos ulteriores, sabendo que algo havia quebrado sua imagem especular — aquele estádio do espelho submetido à fraturas que não pôde erigir-se íntegro e permitir uma imagem também íntegra que descartasse ameaças. Casão foi em busca de reparos, sabedor que não seria fácil lidar com invasões tão frequentes das energias pulsionais num corpo afeito à adição no autoerotismo fractal.

Regular nosso aparato psíquico não é simples e se a dependência química está presente — o corpo erogeneizado fará de tudo para contar com esse elemento tóxico que tende a se fixar nas satisfações autoeróticas. 

Imaginemos que um corpo, tão somente corpo, esteja nu e vulnerável. Espera-se, pois, que cubramos esse corpo com “vestes simbólicas” (letras) para então protegê-lo das próprias sanhas viscerais e, o gozo corpóreo, sempre biológico, se impondo, ter predomínio com mediação pelo saber. Casão sabe que o inimigo mora nos interstícios e o corpo acionado, tão somente ele, será plenamente corpo ao pé da letra ou requererá acionamento na inteireza? Um dilema…

Há um fantasma nas descompensações psíquicas; ele ou é tão somente fantasiado ou é vivido no corpo desestruturado. Entre um e outro, com ênfase no e nas projeções do corpo, a drogadicção, a dependência química. Casagrande faz de tudo para não ser provocado e vive vigilante contra o infortúnio dos gatilhos que são muitos (festas, bebidas, encontros, recepções, jantares etc.). 

Não por acaso, as convenções atreladas aos falsos selves tenderão sempre a incomodar Casagrande. Ao perceber seu templo sendo vilipendiado, procurará expulsar tais vendilhões mas mostrará além, muito mais além, que esse templo é seu corpo que busca ressurreição permanente e não quer elementos que possam contaminá-lo — quando é a essência do homem que ele persegue independente dos fatores circunstanciais.

Casão tornou-se refém de uma verdade inexpugnável: seu compromisso vai além de uma verdade piegas contrária à mentira babosa! Ser verdadeiro consigo mesmo, recuperando em recuperação constante e permanente seu ideal — sabedor que os cacos daquele espelho imagético precisou caminhar ao imaginário sob enorme sofrimento —, Casagrande tem compromisso conquistado na carne e seu espírito, que só ele sabe…

Casagrande continuará desafiando os infiéis…

Toca o barco, Casão!

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