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Enio Verri

Deputado federal pelo PT-PR

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Cláusula Pétrea

A disposição de poderoso contingente somada à despolitização da maior parte da população evidencia que as crises política, econômica, social, cultural são tratadas de modo que jamais sejam alteradas, como cláusulas pétreas

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“Politicalha” chamou Bolsonaro à extrema e urgente política de distanciamento social capaz de conter o avanço de uma catástrofe que está posta. Os países que melhor combateram a COVD-19 são os que adotaram o confinamento, ou lockdown. Porém, essa medida tem um custo para a economia. EUA, Alemanha, Inglaterra, Japão, França desembolsaram da poupança do Estado, construída pela população, para salvar as vidas necessárias à recuperação da única coisa que interessa ao governo brasileiro, a sacrossanta economia, seja lá o que o governo Bolsonaro entende por isso. Contudo, sem vidas, não há recuperação econômica de país algum.

O Brasil tem fontes de recursos que, somadas, chegam a R$ 5 trilhões e poderiam ser usadas pelo governo, se houvesse um. O problema é que esta nação é governada por um animador de auditório de quinta categoria, que dança enquanto o seu ministro da Economia desmantela a soberania do país. Os US$ 380 bilhões de reservas internacionais, mais R$ 1,3 trilhão da sobra de caixa dos bancos, que rendem no Banco Central, e R$ 1,3 trilhão da Conta Única do Tesouro são mais que suficientes para proteger a população e a economia com um mínimo de dignidade. Contudo, esta nação, desde 2018, se tornou a sucursal da bolsa de valores de Nova Iorque.

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Contudo, o desastre provocado por Bolsonaro não se restringe apenas aos pobres, como imaginavam os que financiaram sua eleição. Tradicionais veículos de comunicação e jornalistas conceituados, com certa demora, capitulam um tímido reconhecimento que Lula não teve um julgamento justo e que o golpe de 2016 não foi um bom negócio. Ela não é a única a reconhecer o erro, tardiamente. A manifestação do senador Tasso Jereissati, a favor de uma CPI da COVID, foi um eloquente manifesto de desespero da classe dominante com Bolsonaro no comando do país. Até os que lucram com as privatizações de empresas estratégicas, como as de fornecimento de água e tratamento de esgoto, estão preocupados com os rumos do Brasil.

O governo Bolsonaro é a banalização do mal. Sua conduta confere ao Brasil o segundo lugar entre os países com o maior número de mortes por COVID-19. Suas desumana e criminosa posturas garantem a ele vaga num banco de réus, em tribunais internacionais. Não é de hoje que o seu bárbaro caráter é internacionalmente famoso, mas ainda mal reconhecido por espaços internos de decisão política. A narrativa exposta por mais tempo à maior parte da população é a de um colapsamento do sistema de saúde inerente apenas à COVID-19, descolando a responsabilidade do governo pelo fato e pelo número de mortos. É escandaloso o silêncio de instituições de grande penetração social diante do abandono da população quando há recurso em abundância e muitos meios de recuperar o que seria investido na sua proteção.

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A narrativa preferencial é a de país quebrado como justificativa para se negar um auxílio emergencial de R$ 600, quando os bancos já receberam do governo, a título de antecipação de lucros que eles continuaram a ter, R$ 1,2 trilhão. O colapso financeiro que o auxílio emergencial vai causar é anunciado nas mídias corporativas, invariavelmente por agentes do mercado de papéis. Cerca de 30 milhões de brasileiros foram abandonados por Bolsonaro e estão há 60 dias sem que a sociedade tenha ideia de como conseguem alimentar suas famílias. Os Nostradamus da especulação afirmam que, garantir um mínimo de direito à dignidade e proteção à vida dos brasileiros vai aumentar a relação dívida/PIB, que já chega a 90% e isso é muito mais importante que reles vidas.

Esse índice não é o problema da economia, uma vez que o Brasil ainda tem ferramentas com as quais pode reduzir essa relação, recuperar a economia para o país voltar a 4,5% de desemprego. As empresas que Bolsonaro e Guedes querem privatizar são os meios pelos quais o país pode retomar o caminho do desenvolvimento, interrompido em 2016. Contudo, as privatizações são anunciadas em alguns veículos de comunicação como a salvação da economia brasileira e a única forma de o governo pagar um auxílio de R$ 300, por quatro meses. É a essa opção inominável que parte importante e influente da sociedade alinha. A disposição desse poderoso contingente somada à despolitização da maior parte da população evidencia que as crises política, econômica, social, cultural são tratadas de modo que jamais sejam alteradas, como cláusulas pétreas.

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