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Roberto Xavier

Cientista Político, Mestre em Gestão de Políticas Públicas

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Como dizia o bom e velho Bezerra da Silva: "malandro é malandro e mané é mané"

"Não é possível afirmar que se trata de uma armação, mas uma coisa é possível dizer, se o PCC não tinha motivos em coagir alguém como Sergio Moro, agora tem"

Sergio Moro e Polícia Federal (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado | REUTERS/Leonardo Benassatto)
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Uma das coisas que difere uma organização criminosa de uma grande empresa, fora o uso da violência para resolver os conflitos comerciais e combater a concorrência, é sua total aversão à publicidade. 

A propaganda no mundo do tráfico se resume ao “boca a boca” entre os usuários, ou melhor, entre os clientes, sobre onde é a “biqueira”. Mais que isso atrapalha os negócios.

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Aqui em São Paulo é comum ver na entrada das favelas ou comunidades das periferias, faixas colocadas pelo “dono da boca” informando que é proibido “tirar de giro e chamar no grau” e adverte que quem desrespeitar estará “sujeito a cacete”. 

Os donos das bocas por aqui, não são de fato donos de nada, são gerentes comerciais, meros prepostos da organização criminosa que atua dentro e fora dos presídios, eufemismo de uso comum nos noticiários quando se referem ao PCC.

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Na "quebrada", o termo “tirar de giro” significa acelerar a moto para provocar uma explosão no escapamento, produzindo um barulho semelhante ao de um tiro de arma de fogo e “chamar no grau” é como eles chamam quando o motoqueiro empina a roda da frente. 

Qualquer um desses dois comportamentos pode atrair a atenção da polícia para dentro da comunidade e quebrar o pacto tácito de não agressão e isso reduz o fluxo de usuários e atrapalha os negócios. Essa é o tipo de publicidade ou visibilidade que eles definitivamente não querem.

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A ideia de que uma organização, que trabalha com esse tipo de estratégia para se manter em área de sobra e penumbra, pudesse fazer uma ameaça de morte ou sequestro contra uma pessoa com a visibilidade de Sergio Moro e mais, contra um representante do Estado, eleito para um dos mais altos cargos do poder político nacional, mas que tem muito pouca ou nenhuma ação direta contra seus negócios, é uma atitude, para dizer o mínimo, contraditória.

Diferentemente de um Procurador, um Delegado de Polícia ou outro agente do aparato de repressão do Estado, um Senador da República, não costuma ser alvo dessas organizações. Nesse nível a estratégia vai muito mais na direção da cooptação, seja pelo financiamento de campanhas, seja pela defesa de interesses comuns, que na direção do enfrentamento aberto e planejado.

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Ainda não é possível afirmar, pelo menos para quem não dispõe de acesso à informações privilegiadas, que se trata de uma armação, mas uma coisa é possível dizer, se o PCC não tinha motivos ou interesse em eliminar ou coagir, mediante sequestro, alguém como Sergio Moro, agora tem. 

Por outro lado se o interesse era colocá-lo em uma condição de possível vítima do crime organizado e com isso associar o PT ao PCC pela lógica de quem ambos o tem como um adversário político ou criminal, foi uma jogada muito mal pensada.

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Se tudo isso não passar de uma armação para aumentar sua estatura politica e viabilidade eleitoral em 2026, acho que se esqueceram um pequeno detalhe: trata-se de um plano de uma organização criminosa como o próprio nome diz é organizada e não da ação descoordenada de um “lobo solitário” que possa cumprir um papel na conspiração e logo em seguida ser descartado, desacreditado ou silenciado. 

Há hierarquia nesse processo e a cadeia de comando e linha de sucessão já estão definidas. Como em qualquer espaço político ali também não há vácuo de poder. 

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Em resumo, o líder dessa pseudo conspiração para exterminar Sergio Moro seria Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, um dos chefes da maior organização criminosa do país, com ramificações no exterior e descrito pelo psicólogo da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, como perspicaz, autodeterminado, lúcido e assertivo e não alguém considerado inimputável, diagnosticado com transtorno delirante persistente, com alucinações de cunho religioso, persecutório e político que se manifestam frequentemente, se é que me entendem.

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