Como destruir o jornalismo sujo da Globo sem prejudicar o ganha-pão dos artistas?
Que o jornalismo da Globo tem sido um lixo é algo entendido pela esmagadora maioria da população. Entretanto, como retirar esse cancro sem comprometer todo tecido do corpo?
Vou dar em breve a resposta a essa pergunta. Por enquanto gostaria que o leitor compartilhasse comigo uma tremenda dúvida que assalta todo jornalista investigativo quando se depara com uma situação em que a culpa de uns poucos recai como prejuízo de muitos. É a dúvida que deveria assaltar também os promotores e o juiz do Lava Jato. Infelizmente, parece não ser o caso. Estão a ponto de destruir algo como 500 mil empregos diretos e 1,5 milhão de empregos indiretos por força de uma interpretação fria e equívoca da lei, a pretexto de combater a corrupção.
Que o jornalismo da Globo tem sido um lixo é algo entendido pela esmagadora maioria da população. Entretanto, como retirar esse cancro sem comprometer todo tecido do corpo? Falo sobretudo do excelente elenco de artistas e produtores de audiovisual da emissora que injustamente estariam condenados ao desemprego ou a um salário menor, caso a Globo falisse, já que as emissoras concorrentes não tem o mesmo padrão de salários. Se o jornalismo for atacado e não houver proteção para artistas são telespectadores que serão prejudicados.
Reservarei para mais tarde a solução do enigma da quebra, que, adianto, não passa pela estatização da Globo. Curiosamente, a estatização foi a solução para uma situação que vivi no início dos anos 80 quando, ainda na condição de estreante do jornalismo investigativo, me deparei com o maior escândalo até então registrado em torno de caderneta de poupança, a Delfin. Estourei a Delfin sem contemplação. Depois, diante de um certo remorso pelos milhares de trabalhadores demitidos, lutei por sua incorporação à CEF, o que de fato ocorreu.
Espero que cada leitor se dedique a salvar o ganha-pão dos artistas da Globo. É fato que também a maioria deles não se preocupa muito em salvar os 500 mil trabalhadores que estão sob ameaça de demissão, injustamente, por causa da Lava Jato. Entretanto, na condição de anjo de Sodoma e Gomorra, estou pensando em salvar não só os gloriosos artistas, mas o próprio corpo de jornalismo do Sistema Globo, já que, em última instância, há também muita gente boa lá, inclusive amigos meus.
No caso do jornalismo televisivo, a profilaxia envolveria William Wack, Carlos Sardenberg e Arnaldo Jabor; no caso do jornalismo escrito, Miriam Leitão e Merval Pereira (que nos ameaça com a imortalidade). Correndo por fora viria Ali Kamel, o grande mestre do jornalismo global, notabilizado por ter escrito um livro para provar que no Brasil não há preconceito de cor. Essa profilaxia no jornalismo não envolveria nem um tostão de dinheiro público. E preservaria os empregos de jornalistas como Caco Barcelos, um craque do jornalismo investigativo.
No entanto, qual seria meu esquema para a Globo artística? Por certo que não haverá dinheiro do Tesouro envolvido, ou dinheiro externo, ou dinheiro de grandes empresas que poluem a programação com merchandising, como no Faustão. Nem absorção da Globo por outras emissoras. Será uma solução justa para todos, exceto para os poucos podres de ricos que estão destruindo o jornalismo com fórmulas irresponsáveis, filhas de um charlatanismo que valoriza apenas a emoção. A propósito, não vi no jornalismo sionista da Globo qualquer menção à decisão de Obama de reforçar a tese da solução dos dois Estados na Palestina! Na minha televisão, isso valeria pelo menos 15 minutos de programação.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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