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Pedro Paiva

Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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Cresce a pressão para que Biden desista de concorrer à reeleição

"Com Biden, a vida dos democratas não será fácil. Sem ele, tampouco", escreve o correspondente do 247 nos EUA, Pedro Paiva

Joe Biden (Foto: Evelyn Hockstein/Reuters)
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Nos últimos dias, a idade de Biden e sua capacidade cognitiva ganhou ainda mais atenção, não apenas pelas críticas de republicanos, mas também pela preocupação de aliados e veículos da grande mídia alinhados com o Partido Democrata.

Biden, com 81 anos, é o presidente mais velho da história dos Estados Unidos. Para muitos americanos (78% de acordo com uma pesquisa Reuters/IPSOS divulgada esta semana), ele é velho demais. E um episódio recente parece ter dificultado ainda mais a vida do presidente.

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“Um homem bem intencionado e idoso, com uma memória ruim”

No dia 5 de fevereiro, um relatório produzido pelo Conselheiro Especial Robert Hur, um republicano a cargo das investigações sobre retenção de documentos sigilosos por Biden, gerou preocupação na campanha do democrata.

Por um lado, o documento foi um alívio. Biden não enfrentará acusações como as que Trump sofreu. De acordo com o Conselheiro Especial, porque Biden cooperou com a justiça e não agiu para obstruir as investigações.

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Por outro lado, uma frase serviu como um golpe. Na sexta página do relatório (de quase 400 páginas), Hur afirma que Biden se porta como “um homem bem intencionado e idoso, como memória ruim”. A frase corrobora com uma sensação que é geral no eleitorado e, por isso, ganhou destaque na mídia.

Em resposta, Biden fez uma coletiva de imprensa na Casa Branca. O presidente criticou Hur pelas aspas e afirmou estar muito bem. Aos repórteres, disse que a memória está ótima. Tudo parecia ir bem para o democrata, até que no final ele cometeu uma gafe.

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Gafes são corriqueiras para Biden. O presidente já chamou Macron, o presidente francês, de Mitterrand (morto em 1996). Em outro episódio recente, ao falar de uma conversa que teve com Angela Merkel em 2021, disse que teria conversado com Helmut Kohl (ex-primeiro ministro que morreu em 2017).

Mas a gafe na coletiva de imprensa foi diferente e o motivo é óbvio. Biden estava ali para defender que estava absolutamente capaz de seguir em frente e, no entanto, acabou demonstrando o oposto. Ao responder uma pergunta na saída, sobre a situação em Gaza, ele disse que teria conversado com o presidente do México, El-Sisi. El-Sisi, no entanto, é presidente do Egito.

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Depois desta cena, compartilhada por republicanos e pelos perfis de Trump nas redes sociais, o debate sobre um possível afastamento de Biden ganhou ainda mais força.

A PRESSÃO POR MUDANÇA - O New York Times, jornal alinhado com os democratas, soltou um texto de opinião no último dia 10 intitulado “A pergunta não é se Biden deve se afastar. É como”.

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Ross Douthat, autor do artigo, começa afirmando categoricamente que “Joe Biden não deveria estar concorrendo à reeleição”. O texto, que ganhou atenção de toda a mídia, defende abertamente que Biden não tem mais condições de estar à frente do país mas, sobretudo, afirma que o que está ruim pode ficar ainda pior no final de um segundo mandato.

No The Hill, um artigo publicado no último dia 9 afirmava: “O cálculo para os democratas é claro - Biden precisa se afastar, agora”. O texto de opinião chega até a sugerir nomes para substituir o presidente, como o senador Cory Booker, de Nova Jersey, e os governadores Gavin Newsom e Gretchen Whitmer, da Califórnia e de Michigan, respectivamente.

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Apesar do discurso oficial da campanha ser de que o partido está unido em torno de Biden, durante a semana comentadores de diferentes canais de TV afirmaram o contrário. Na Bloomberg, Greg Valliere disse que “os democratas no Capitólio estão cada vez mais preocupados com uma perda da Câmara, do Senado e da Casa Branca na próxima eleição. Eles temem que Biden possa arrastar candidatos para baixo”.

POR ENQUANTO, TUDO IGUAL - Uma coisa, porém, é certa: Biden não quer abrir mão da candidatura. O presidente já deixou isso muito claro e, ao que tudo indica, realmente acredita ser o melhor nome do partido para derrotar Trump - principalmente visto o fato de que já o fez em 2020. 

Uma substituição de Biden não seria uma tarefa simples. Antes de mais nada, Biden teria que aceitar. Mas, mesmo aceitando, segue a questão sobre quem o substituiria.

O Partido Democrata é um partido de frações, com muitos grupos distintos e com posições ideológicas diferentes. Há uma certa unidade no nome de Biden por ele ser o atual presidente - e por Trump ser o rival - mas essa unidade pode se transformar em uma guerra interna caso o presidente abandone a corrida.

Isso porque a escolha do novo candidato não teria como ser feita nas prévias, que já estão acontecendo. Para mudar o candidato, só mesmo na convenção partidária. Kamala Harris, talvez, teria uma posição privilegiada, mas nada que seja garantido. 

A única certeza que temos por agora é: com Biden, a vida dos democratas não será fácil. Sem ele, tampouco - e isso é bem improvável.

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