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José Ferreira

Presidente do Sindicato dos Bancários Rio

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Democracia atacada. Economia à deriva

A nós cabe resistir na luta, pautando o que nos interessa, e não apenas reagindo à pauta pirotécnica. O primeiro passo é resistir. É isso que estamos fazendo

(Foto: Mídia NINJA)
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Sem desfile militar devido à pandemia da Covid-19 (cuja gravidade o governo reconhece quando lhe convém), fomos expostos no Dia da Independência ao desfile de desacatos e desaforos à democracia. Supostos patriotas, apoiadores de Jair Bolsonaro, foram às ruas da capital federal, de São Paulo e do Rio de Janeiro atendendo a seu pedido para tirar uma fotografia da realidade. Talvez tenha faltado foco – ou gente – mas o fato é que menos de 24 horas depois o presidente lançava uma Carta à Nação, escrita com ajuda do ex-presidente golpista, Michel Temer, elogiando o ministro a quem chamara de canalha na véspera, e afirmando que nunca quis atacar os poderes da República. 

O que foi classificado por muitos como recuo, e pelos atentos como pausa, consiste em mais um movimento que enfraquece as bases democráticas na medida em que pretende manter em suspenso todos os atores políticos nacionais. Sem fazer uma revisão sincera do que foi dito, utiliza palavras genéricas para não se comprometer com nenhuma mudança real de posicionamento. 

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Na verdade, chama mais atenção no presidente capitão o que ele não diz. Seja no palanque na Av. Paulista ou no cercadinho de tietes, nenhum comentário sobre a inegável alta de preços, que faz a inflação ultrapassar os dois dígitos nos últimos 12 meses. O percentual de trabalhadores desempregados há mais de dois anos – portanto, dentro do atual mandato presidencial – pulou de 6,5 5 para 11, 1%, de acordo com o IBGE. E sabe-se que quanto maior o tempo de desemprego mais difícil retornar ao mercado de trabalho. Mas também esse assunto não merece a atenção de Bolsonaro, ocupado em polemizar, atacar, recuar, incitar, eternamente em disputa eleitoral, mesmo dois anos e meio depois de eleito.

Desta maneira, Bolsonaro desestabiliza a democracia, porque captura para si todas as atenções, pelas razões erradas. Ao invés, por exemplo, da discussão sobre medidas para recuperar a economia, a tensão recai sobre se haverá golpe ou não – e a mera formulação dessa possibilidade já indica o estado combalido da nossa democracia. Parece que precisamos vigiar o menino malcomportado que ocupa a cadeira da presidência sob pena de que, num descuido, ela se transforme em trono para um ditador. Nessa vigília, nossas energias são sugadas de outras batalhas importantes para os trabalhadores. 

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Bancárias e bancários obtiveram aumento real no reajuste salarial devido ao acordo assinado no ano passado, válido por dois anos, depois de inúmeras rodadas de negociação. Um aumento que se estende aos demais direitos financeiros, como o vale-refeição, por exemplo, garantindo ganhos reais à categoria. Mas somos, infelizmente, uma exceção dentre dezenas de categorias que sequer tiveram reajuste ou conquistaram percentual muito abaixo da inflação. E isso só demonstra que a luta permanece e se intensifica: os patrões tentarão endurecer as negociações, tentando proteger seus lucros, enquanto seguimos lutando por nossas vidas. 

Aliás, luta pela vida que se dá neste momento, quando os bancos forçam o retorno ao trabalho presencial, apesar da cobertura vacinal da população não ser suficiente. Mesmo se considerarmos os números oficiais, que falam em 40% da população vacinada, esse percentual nem é o mesmo para todos os estados, nem atende à recomendação da Fiocruz, que considera 80% da população imunizada o patamar adequado para retomada das atividades como antes da pandemia. 

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Portanto, não podemos nos deixar ensurdecer pelas estridências presidenciais. Devemos cobrar das instituições que mantenham o capitão malcomportado na linha, sem dar importância à metáfora futebolística com a qual ele insistentemente compara a Constituição Federal. Ele deve obediências a todas as linhas daquela obra, esta sim um retrato dos desejos nacionais. Para lembrar isso, estaremos novamente nas ruas no dia 2 de outubro. Ao lado dos que compreendem que não podemos esperar 2022. Ao lado dos que repudiam não só Bolsonaro, mas o bolsonarismo que ataca direitos no Congresso, que desrespeita seu povo, que ignora a fome e o sofrimento. A nós cabe resistir na luta, pautando o que nos interessa, e não apenas reagindo à pauta pirotécnica. O primeiro passo é resistir. É isso que estamos fazendo. 

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