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Marco Aurélio de Carvalho

Marco Aurélio de Carvalho é advogado.

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Devagar, devagarinho, São Paulo chegou lá

O carnaval de 2020 deverá movimentar, em todo o País, mais de R$ 8 bilhões de reais de acordo com estudo da Confederação Nacional do Turismo . De acordo com a entidade, em termos relativos, a maior taxa de crescimento real de receitas deverá ocorrer em São Paulo (+5,4%) , com a cifra de R$ 1,95 bilhão

(Foto: Reprodução)
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Formado em Direito, o escritor, jornalista e diplomata Ribeiro Couto cunhou uma frase síntese do espírito momesco que já está sobre nós: “o carnaval é a única festa nacional que consola a gente do calor, da queda do mil-réis, da política e dos programas de salvação pública”. 

Se a referência do escritor do romance Cabocla era o mil-réis, que foi aposentado em 1942, a economia criativa apresenta, hoje, números ascendentes e exuberantes. O carnaval de 2020 deverá movimentar, em todo o País, mais de R$ 8 bilhões de reais de acordo com estudo da Confederação Nacional do Turismo . De acordo com a entidade, em termos relativos, a maior taxa de crescimento real de receitas deverá ocorrer em São Paulo (+5,4%) , com a cifra de R$ 1,95 bilhão , alimentada em especial por setores diversos como hotelaria, bares, restaurantes, companhias aéreas e transportes urbanos. Vale notar a presença majoritária de pequenos estabelecimentos e empreendedores, além de ambulantes. O levantamento prevê a contratação temporária de cerca de 25 mil novos postos de trabalho. 

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Na pausa para comemorar o incremento dos negócios e a geração de empregos, torna-se relevante chamar atenção para o quesito "evolução”. Avaliado com singular atenção pelos jurados, inclui itens como velocidade e a forma como os componentes de uma escola de samba desfilam. Neste tópico, a batucada de hoje em São Paulo é fruto de uma silenciosa revolução. 

Uma série de políticas públicas conectadas à educação e à cultura pavimentaram espaços e eventos destinados a devolver a cidade para a população, incluindo lazer, arte e livre circulação.

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Em 1989, na gestão de Luiza Erundina, as áreas de educação e cultura passaram por significativas transformações lideradas pelos secretários Paulo Freire, Mário Sérgio Cortella e Marilena Chauí. Os projetos buscavam resgatar edifícios, espaços e equipamentos para a sociedade. O legado mais visível foi a construção do Sambódromo do Anhembi, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1991.

Mais adiante, com a prefeita Marta Suplicy, a introdução do bilhete Único e dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) sinalizaram melhores condições para a mobilidade e prioridade concreta para a educação, atividades esportivas e culturais, sobretudo para a população mais carente.

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No recente projeto para as ciclovias , na ampliação significativa dos corredores de ônibus, na abertura da Avenida Paulista para a população, aos domingos e feriados, e no incentivo ao resgate do carnaval de rua, Fernando Haddad coroou políticas públicas cidadãs, com ênfase no protagonismo da coletividade e nos direitos básicos à cultura e ao lazer.

É de se registrar, por amor à verdade, que estas três gestões , distanciadas pelo tempo, foram as mais bem avaliadas da história da Cidade.

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Juntas, com políticas e visões complementares, promoveram uma verdadeira revolução cultural e social na cidade mais importante do país.

Ao longo dos anos, a continuidade de políticas públicas exitosas foi capaz de transformar o período carnavalesco de São Paulo e fixar a cidade, neste quesito,  na liderança nacional. A postura de Alê Yousseff, fundador do Acadêmicos do Baixa Augusta, hoje Secretário de Cultura, é exemplar, nesse sentido, ao reafirmar a necessidade de políticas municipais voltadas para os cidadãos e cidadãs.

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Pelo menos nestes dias de folia, quem mora por aqui volta a sentir orgulho desta cidade que é um verdadeiro país, e chega a esquecer os graves problemas que a assolam na saúde, na moradia, na educação e em várias outras importantes áreas da administração pública.

Um dos desafios do poder público, em 2020, é garantir a segurança pública e proporcionar um formato de organização que possa assegurar o respeito à diversidade, a proteção para as mulheres e crianças, bem como manter e viabilizar os deslocamentos daqueles que trabalham e a garantia do sossego para os que preferem ficar em casa. 

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Alguns especialistas apontam que o carnaval de 1919 no Brasil foi fervilhante, uma espécie de compensação emocional pelo fim da I Guerra Mundial e de renascimento daqueles que sobreviveram à gripe espanhola no País, que assustou a sociedade, vitimando, só no Rio de Janeiro, 600 mil pessoas de acordo com relato de Ruy Castro em “Metrópole á beira-mar”. 

Em 2020, a zombaria nas ruas certamente será intensa. Faz sentido, para aliviar um pouco os efeitos da recente doença política que tomou conta do País. Como escreveu o diplomata, escritor e advogado Gilberto Amado, o carnaval significa “um desafogo na existência árida do brasileiro”. 

Abre alas, São Paulo quer passar... com sua diversidade, alegria e a força que tem para sepultar de vez o obscurantismo. Bom que políticas públicas consistentes estejam permitindo esta pausa e, ao mesmo tempo, renda, negócios e trabalho.

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