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Liliana Tinoco Bäckert

Jornalista e mestre em Comunicação Intercultural pela Universidade da Suíça Italiana, apresenta coluna semanal na Rádio CBN e é autora de livro e textos sobre vida no exterior

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Enfim, o esperado 7 a 2

O extraordinário feito do Brasil em relação à adesão da vacina de Covid-19

(Foto: Myke Sena/MS)
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É comum no Brasil citar o Hemisfério Norte quando o assunto é bom exemplo. Faz sentido, levamos 7 a 1 em várias ocasiões, de inúmeros países, em muitos tópicos. Mas hoje há um fator, um fio de esperança para nós brasileiros, que não podemos ignorar: a incrível disposição nacional de aderir à vacinação – 94% querem ou pretendem se vacinar contra a Covid-19, segundo levantamento do Datafolha de julho de 2021. 

É uma mudança de placar ao nos compararmos com a rica Europa e principalmente com a Alemanha, aquela que cravou uma navalha no orgulho nacional em 2014, na Copa do Mundo. É preciso trazer, portanto, esses números sempre que possível. Trata-se de uma capacidade de mudar o resultado. 

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À revelia de uma campanha contra a ciência e o bom senso e um Governo central que retardou ao máximo a compra das vacinas, somos 78% com pelo menos uma dose, e 66% com duas. 

Não deixa de ser uma brecha para a esperança. Sim, um Brasil que chora pela morte de mais de 600 mil pessoas reage. Talvez o mundo não esteja assim de todo perdido, mesmo com tanta Fake News, falta de senso crítico, excesso de loucura e maldade.

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O “Primeiro Mundo” regride 

O extraordinário feito chama a atenção internacionalmente. Por aqui, na Suíça, país onde vivo, já ouvi comentários de surpresa sobre a resistência brasileira e a vontade de se vacinar. Alguns não negacionistas chegam a expressar vergonha por saberem que seu “País de Primeiro Mundo”, com acesso ao imunizante, tem uma das mais baixa taxas de vacinação da Europa Ocidental. 

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Jovens se auto infectam com Covid

A situação está difícil no Hemisfério Norte. Casos diários batendo recorde; a Ômicron não tem dado trégua neste fim de ano. O que tampouco recua é o descaso com a pandemia. Vivencia-se um desprezo pela vida em sociedade. A última notícia na imprensa suíça é sobre jovens que têm se auto infectado com o vírus para não terem que se vacinar. Pessoas bebem saliva de outros ou inserem cotonetes contaminados no nariz.

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A Suíça tem uma taxa de vacinação de apenas 67%, embora haja imunizante de sobra. A situação por aqui é tão séria que editoriais e manchetes dos principais jornais já não mais perdoam os negacionistas – isso escrito antes de descobrirem que pessoas querem adquirir o vírus. 

O periódico Tages Anzeiger, de Zurique, publicou há duas semanas um editorial dizendo que “os não vacinados enfrentam um grande dilema moral. “A situação nos hospitais apresenta aos não vacinados uma inadiável questão de consciência”, escreveu o articulista ao questionar o fato de que mais de 90% das UTIs dos principais hospitais estão sobrecarregas com casos de Covid-19, e principalmente de não imunizados.

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Ricos negacionistas

Na Alemanha, por exemplo, chega a ser patético ler na imprensa o fato de que consultórios médicos descartaram imunizantes com data de validade vencida por falta de uso – isso quando lemos que o continente africano não conseguiu imunizar mais que 6,6% da população. 

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Além de uma arraigada cultura contra a vacinação em geral, os europeus ainda cometem o erro de confundir o direito individual com o do bem-estar coletivo. E, para coroar o dilema, há ainda uma certa arrogância de se considerarem acima do bem e do mal, de confundirem prosperidade econômica com supremacia diante de um vírus. 

Empáfia

Os professores da Universidade Livre de Berlim, Jürgen Gerhards e Michael Zürn, em um artigo no Der Tagesspiegel, vão além: para eles seria uma arrogância do Ocidente frente ao comportamento dos países asiáticos, quando comparam o manejo da doença por lá e inferior número de mortes.

De onde viria essa arrogância acompanhada de uma certa ignorância em relação a outras culturas? No artigo, os professores explicam a tese do sociólogo americano William Ogburn, que em 1922 formulou a teoria da "defasagem cultural". A incultura parece ativar as imagens tradicionais do estrangeiro e do eu que datam frequentemente dos tempos coloniais e que há muito estão desatualizadas. Se dá para levarmos esse exemplo para o Brasil eu já não sei, mas é uma informação interessante. 

Eurocentrismo

O paradoxo de uma pandemia manejada de forma tão precária no Brasil deveria ser um motivo para nós, brasileiros, de nos darmos um “tapinha” nas costas - com mãos higienizadas com preparações alcóolicas a 70%, por favor. Nos cabe reconhecer nosso esforço e parar de colocar nosso país sempre na lista negativa, com os piores exemplos – mesmo com todas as nossas indisciplinas de festas e aglomerações. 

Já as ricas nações, essas devem levar a mão à consciência e questionarem: onde foi que erramos, como avançar quando levamos no cerne da nossa sociedade um egoísmo imenso e um insensato sentimento de superioridade?

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