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Luís Costa Pinto

Luis Costa Pinto, jornalista, editor especial do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

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Extrema direita local surfa na marola criada por premiê de Israel para articular comício do dia 25

Carnificina em Gaza se dá em menor escala que o genocídio contra judeus, mas é genocídio e Netanyahu é açougueiro. Conib e neopentecostais unem-se para domingo

Bandeira de Israel em ato pró-Bolsonaro (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
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Fora da luta política, não há sentido na estridência com que setores da mídia tradicional brasileira abandonem a fantasia de democratas equilibrados com a qual se travestem para aderir sem vergonha ou subterfúgios ao mais raso, distorcido e estratégico discurso da extrema direita ora em voga: condenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela correta, precisa e oportuna qualificação da matança de mais de 30 mil palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia como genocídio e traçar o paralelo com as ações abjetas, desumanas e genocidas promovidas por Adolf Hitler e pelo Exército nazista contra o povo judeu no curso da 2ª Guerra Mundial.

A inspiração original que fez Hitler passar à História como um facínora e paradigma da incivilidade é a mesma inspiração que move o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. A ação do carniceiro de Gaza e de Rafah, na atualidade, só é menor que a do assassino alemão, no século passado, em escala. Ambos querem destruir um povo ao qual se recusam a reconhecer o direito de formar um Estado-Nação e desprezam suas crenças e mitos religiosos, aproveitando o argumento para pôr em curso o expansionismo territorial. No caso de Hitler, a ambição era esmagar a Europa. Netanyahu, por sua vez, pretende tão-somente anexar os territórios palestinos remanescentes - a área onde tentam sobreviver os descendentes dos ocupantes originários daquela região, desde os templos bíblicos. 

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No auge de sua estratégia insana, o genocida alemão criou o modelo de campos de concentração e de conversão de áreas urbanas em guetos onde animalizava os judeus antes de matá-los. No curso dessa guerra assimétrica que se desenvolve no Oriente Médio, onde um Exército armado até os dentes e com forte colaboração de outras potências globais emprega força e tática desmedidas para chacinar crianças, velhos, mulheres e civis em geral enquanto finge caçar seus inimigos reais - os terroristas do Hamas -, o genocida que se esconde em Tel Aviv mata doentes e feridos em hospitais, lança bombas em campos de refugiados e em escolas, deixa o povo palestino morrer de fome e de sede cortando-lhes linhas de abastecimento e transformando em novos guetos (dessa vez, como judeus travestidos de porteiros das “Auschwitzes” em que degradam e desumanizam todo um povo que um dia almejou ser Estado-Nação.

O presidente brasileiro, Lula, na condição de um dos porta-vozes desse novo pólo gravitacional de poder, o Sul Global, foi o primeiro líder de expressão do mundo democrático a definir o genocídio promovido pelo Exército de Netanyahu na Faixa de Gaza e na Cisjordânia com a força do parâmetro preciso que a infâmia e a boçalidade têm. Afinal, crueldade e desumanidade semelhantes às empregadas pelas tropas do premiê judeu no Oriente Médio só se viu quando Hitler fazia com que a Whermacht aniquilasse o povo judeu.

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Declarações do Governo de Israel contra Lula unem a extrema-direita local. Malafaia e Conib catalisam eco e articulam presença na Avenida Paulista

Na esteira da estrepitosa reação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, às declarações conjunturais de Lula sobre o genocídio de palestinos em Gaza e Rafah, lideranças de extrema-direita no Brasil alvoroçaram-se. Já na noite do último domingo, o empresário da má-fé, Silas Malafaia, enxergou na crise diplomática criada entre as chancelarias de Brasil e Israel uma oportunidade para dividir com associações judaicas igualmente extremistas - a Confederação Israelita Brasileira, Conib, por que não?, pensou - o custo de organização do comício de apoio a Jair Bolsonaro e de rejeição às instituições republicanas convocado para o próximo domingo, 25 de fevereiro, na avenida Paulista.

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No ecossistema de perfis de redes sociais, aplicativos de mensagens, sites e blogs de extrema-direita, neste momento, promove-se um alinhamento nada silencioso das críticas a Lula (com ventríloquos de sionistas fazendo eco a Netanyahu) a fim de converter os maus bofes do premiê israelense numa espécie de “repúdio” do mundo inteiro ao presidente brasileiro. 

Antes de seguir, assevere-se: nenhum outro Estado, Governo ou chancelaria condenou, até o início da tarde da segunda-feira, 19 de fevereiro, o posicionamento de Lula. A desmedida relevância à manobra tosca de auto-resgate de Israel do atoleiro em Gaza e Rafah promovida por Benjamin Netanyahu só reverberou em território nacional - lá e cá. Aqui, unindo as gargantas profundas e histriônicas da extrema-direita com as vozes engomadinhas e falsamente democráticas e intelectualmente desonestas da mídia tradicional brasileira.

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Enquanto as ondas de reverberação desmedida do repúdio desequilibrado do premiê de Israel a um declaração factualmente incontestável do presidente brasileiro ocupam manchetes de sites jornalísticos e minutagem nos comentários dos canais de TV aberta e por assinatura, abaixo da linha d’água da camada democrática da sociedade brasileira a extrema-direita se alia à capacidade de organização das denominações neopentecostais que ainda escutam os apelos boçais de Silas Malafaia. Juntos, buscam apoio financeiro, pecuniário, dos empresários e altos executivos judeus ou de origem judaica que se sentem representados pela Conib. Se perfilarem unidos na Paulista, no próximo domingo, todos juntos e misturados em apoio a Bolsonaro e determinados a esconjurar o Estado Democrático de Direito, não há quem não possa dizer: será a perfeita união galvanizada de excrescências.

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