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Cesar Calejon

Jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor dos livros A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI, Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil

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Fala pedófila de Bolsonaro e resultado da pesquisa Ipec evidenciam a extensão da degradação social no país

"O atual mandatário sequer perdeu intenções de voto junto à população nacional, segundo o Ipec. Esse é o fato mais estarrecedor", analisa Cesar Calejon

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/YouTube/Paparazzo Rubro-Negro)
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Por Cesar Calejon, para o 247

O mais recente resultado da pesquisa Ipec, que apontou uma estabilidade nas intenções de voto entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva por uma diferença de 8% a favor do petista (54% x 46%), demonstra o atual estágio da degradação sociopolítica que acomete o Brasil desde as Jornadas de Junho de 2013, mas, sobretudo, a partir do golpe jurídico, midiático e parlamentar que foi orquestrado contra Dilma Rousseff, em 2016.

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Na última semana, Bolsonaro afirmou, textualmente, que “pintou um clima” entre ele e meninas, “(...) três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade”, o que caracteriza uma fala pedófila e preconceituosa por parte do presidente da República da segunda maior democracia das Américas e de uma das maiores nações do planeta.

Além do repulsivo aspecto de cunho sexual, a fala de Bolsonaro salienta outro caráter que basicamente não foi explorado pela imprensa nos últimos dias: meninas pobres não podem ser bonitas e arrumadas em suas comunidades sem que pese contra elas a suspeita iminente de que estão se prostituindo. Imagine se Bolsonaro faria essa mesma colocação ao ver crianças com a mesma idade em bairros nobres das principais capitais brasileiras, por exemplo.  

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Sob outras circunstâncias, quando a vida social do país não se encontrava em franco processo de ascensão de uma espécie de modelo teocrático miliciano nazifascista, tal declaração bastaria para encerrar não somente o mandato do presidente, mas toda a sua carreira parlamentar e vida pública, de forma mais ampla. 

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto [...] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas(...). Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?' Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, disse Bolsonaro.

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Contudo, no Brasil, em 2022, o atual mandatário sequer perdeu intenções de voto junto à população nacional, segundo o Ipec. Esse é o fato mais estarrecedor, porque, em boa medida, o mau-caratismo e a falta de limites de Jair Bolsonaro já são bem conhecidos, mas, o que passa a ser amplamente compreendido nesse momento é o alinhamento irrestrito que dezenas de milhões de pessoas, em sua maioria pais e mães de crianças que têm as mesmas idades das meninas às quais Bolsonaro se referiu dizendo que “pintou um clima”, com uma proposta sociopolítica degradante e abjeta, que seria inconcebível há apenas alguns anos. 

Infelizmente, consumidos pela propaganda midiática que caracterizou o Partido dos Trabalhadores como uma “quadrilha” e Lula como o seu “chefe”, parte dos brasileiros mergulharam em uma espécie de transe que os faz relevar todo e qualquer desvio de conduta moral, ética, política e social, ainda que as vítimas sejam crianças e que o ataque tenha o repugnante aspecto sexual avançado por Bolsonaro. 

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Fundamentalmente, a votação do próximo dia 30, para muito além de decidir o futuro presidente da República, determinará se esse projeto de país será ainda mais aprofundado ou se seremos capazes de reiniciar um processo de reconstrução nacional com vistas à superação do bolsonarismo.

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