Flagrante no rentismo
Não é mais suficiente “combater a desigualdade” para libertar a economia, a produção e os trabalhadores. É preciso enfrentar e derrotar a ditadura do sistema financeiro mundial
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Há poucos dias, duas imagens saltaram da tela do Jornal Nacional, sem que eles, talvez, tenham se dado conta da sua “letalidade” ideológica.
No primeiro bloco, o presidente da China, Xi Jinping, andando pelas ruas de Wuhan, como um general no campo de batalha mostrando ao mundo que estavam vencendo a guerra.
No bloco seguinte, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconhecendo a epidemia em território norte-americano, após tentar ignorar a gravidade da situação.
Nada mais simbólico.
Do lado chinês, Xi Jinping afirmava a imagem de responsabilidade governamental e de disciplina do povo que, como maior exemplo, construiu hospitais em uma semana.
De outro, a meia-volta de Donald Trump flagrava um presidente fanfarrão e irresponsável que debochou, fez uso político e menosprezou a epidemia, expondo a vida da população.
Aliás, a mesma postura adotada por seu clone bananeiro, Jair Bolsonaro que, em mais um exemplo de alinhamento servil e vergonhoso, também classificou a epidemia de “fantasia” e invenção da mídia.
A atitude de Trump, pelo que já especula a mídia norte-americana, pode custar até sua derrota eleitoral. A situação é agravada pela realidade do país, onde um teste do coronavírus custa entre U$S 200 e US$ 2 mil.
O “sketch” midiático de Bolsonaro também expôs, apesar de todas as barbaridades anteriores, a sua autoridade de presidente. Ao primeiro minimizar a epidemia e, dois dias após, se submeter a exames, com resultado duvidoso, incorreu em um erro fatal.
Igual Trump, Bolsonaro “deu uma banana” para a epidemia e para a saúde dos cidadãos.
A atual pandemia cobrará caro a inexistência, como nos Estados Unidos, ou a redução e/ou congelamento de investimentos em saúde pública nos países, para garantir a drenagem de recursos para a especulação financeira, em especial.
No Brasil, o primeiro ato pós-Golpe de 2016 foi “rachar” o Orçamento Geral da União, com a PEC 95 – do “teto de gastos”. Uma parte, cerca da metade, destinada a investimentos públicos, submetida ao congelamento por 20 anos. A outra parte, que alimenta os bancos com pagamento de juros, dívidas, etc, totalmente liberada para o “saque”.
Na área da saúde, a Emenda 95, em 2020, prevê retirar R$ 10 bilhões dos recursos, por conta do congelamento do mínimo obrigatório estabelecido para o setor. Se já era absurda, com a epidemia do coronavírus, a medida deve ser sumariamente revogada. O PT já entrou junto ao STF, neste final de semana, com pedido para reaver os recursos.
Inevitavelmente, a crise está levando as sociedades e as pessoas a perceberem os fatos, e, diante deles, reagirem de maneiras distintas.
Neste final de semana, a China enviou 30 toneladas de equipamentos de material, além de especialistas, para ajudar a Itália a enfrentar a crise no país. Por sua vez, Cuba também está enviando médicos para a Lombardia, talvez muitos dos que foram “expulsos” do Brasil pelo atual governo.
A crise na China, o país mais atingido, no Japão e na Coréia do Sul está sendo vencida. Na Europa, os governos travam uma guerra renhida para derrotar o vírus. No Brasil, a previsão é da crise durar em torno de quatro meses, agudizando de abril para maio.
A epidemia do coronavírus, junto à crise do petróleo, é expressão pública, planetária, da falência das políticas neoliberais.
E, com elas, o fim de uma era do capitalismo mundial.
O socorro imediato às economias, às empresas, às pessoas é fundamental, mas é preciso ir além.
O mundo não suporta mais viver sob as regras do sistema financeiro internacional e sua máquina de assaltar as sociedades sem produzir um único parafuso.
É impossível conciliar, de um lado, 100 milhões de brasileiros vivendo com menos de R$ 500,00 por mês, e, de outro, 4 bancos lucrarem, apenas em 2019, R$ 81,5 bilhões.
Não é mais suficiente “combater a desigualdade” para libertar a economia, a produção e os trabalhadores. É preciso enfrentar e derrotar a ditadura do sistema financeiro mundial.
Os povos precisam de desenvolvimento, de produção, novas tecnologias.
As Nações precisam de Estados, não de “mercados”.
É preciso enfrentar o rentismo para derrotar o fascismo.
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