CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Florestan Fernandes Jr avatar

Florestan Fernandes Jr

Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

172 artigos

blog

Foi bonita a festa, pá

Mas como foi boa a espera, pá! Feliz da vida, Chico Buarque recebeu o prêmio das mãos do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, de quem é amigo de longa data

Chico Buarque recebe Prêmio Camões dos presidentes Lula e Marcelo Rebelo (Foto: Francisco Proner)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Enquanto escrevia este artigo, Chico Buarque recebia, com quatro anos de atraso, o Prêmio Camões. Isso porque Bolsonaro, em 2019, se negou a entregar o prêmio ao renomado escritor e compositor brasileiro. Uma verdadeira afronta do chefe de Estado de extrema-direita ao Prêmio Camões, que é uma condecoração literária instituída pelos Governos de Portugal e do Brasil, com o objetivo de estreitar os laços culturais entre os países de língua portuguesa. 

Mas como foi boa a espera, pá! Feliz da vida, Chico Buarque recebeu o prêmio das mãos do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, de quem é amigo de longa data e que como ele, valoriza a educação e a cultura. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Chico tem outro bom motivo para estar feliz. A condecoração aconteceu na véspera de 25 de abril, dia da comemoração dos 49 anos da Revolução dos Cravos, que pôs fim a uma ditadura fascista em Portugal, implantada em 1926. Uma era de trevas, atraso social e econômico. Um regime que compactou com o nazismo durante a segunda-guerra e que via na educação e na cultura inimigos a serem combatidos e destruídos. 

Nada diferente do que vimos, vivemos e sofremos durante a ditadura militar e nos últimos seis anos, aqui no Brasil. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em 2017, a entrega do Prêmio Camões ao escritor Raduan Nassar, autor de romances que marcaram a literatura brasileira contemporânea como: “Lavoura Arcaica” e “Um copo de cólera”, foi marcada por mais um vexame internacional. Raduan, em seu discurso, criticou o golpe de 2016 que depôs a presidenta Dilma Rousseff. Disse que, infelizmente, nada era tão azul no Brasil e que vivíamos em tempos sombrios, com invasões de escolas de ensino médio e violência contra a oposição democrática que se manifestava nas ruas. A resposta, de maneira deselegante e grosseira, veio do então ministro da Cultura, Roberto Freire, que defendeu o impeachment de Dilma e afirmou que era fácil para Raduan fazer protesto em governo democrático como o de Temer. A fala foi interrompida várias vezes pelas vaias dos convidados. 

Olhando pelo retrovisor, constatamos o desmonte nas áreas da educação e da cultura, com cortes orçamentários que deixaram as universidades, literalmente, no escuro e os teatros, com portas fechadas. O ministério da Cultura foi rebaixado à condição de secretaria. Um de seus secretários, Roberto Alvim, em página infeliz de nossa História – e aqui me valho de Chico - sem qualquer constrangimento, plagiou, em estética e conteúdo, um discurso de Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler. Foi o escancarar das inspirações e preferencias daquele governo trevoso. Tentaram “murchar a nossa festa”, mas “esqueceram uma semente em algum canto do jardim”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Sob governo democrático, após “o céu clarear” e “a manhã renascer”, “esbanjando poesia”, poderemos unir nossas vozes às dos irmãos d’além mar e cantar: “foi bonita a festa, pá. Fiquei contente. Ainda guardo renitente um velho cravo para mim”. Parabéns, Chico! Viva a literatura brasileira!

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO