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Nuno Nunes

Filósofo, Escritor e Mestre em Educação e Comunicação pela UFSC, Doutorando em Planejamento pela UDESC. É colunista de geopolítica do portal Tribuna Universitária

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Geopolítica: Lula, o Apensador

Janja e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Para Janja Lula da Silva

Cada qual neste mundo tem suas origens genéticas, ambientais e culturais, mesmo vivendo em um planeta conectado por vias, rodovias, hidrovias, portos e aeroportos. Ainda conservamos as coisas que nos tornam únicos no mundo, parecidos com nossos parentes, idem a nós mesmos, apesar de a internet ter aberto fronteiras, criando mais afinidades entre um Yanomami e um rei norueguês, do que entre o mesmo Yanomami e um ex-senador de Roraima que presidiu a Funai na década de 1980, que preferiu perder milhares de vidas em troca de estancar uma sangria.

Guaranhuns, um território que traz seu nome a origem Indígena - do Tupi "Guyrá", Pássaro, "Nhuun", Campo - fez um dos seus voar pelos campos de outros territórios. Seu nome é Luis Inácio da Silva, descendente da linhagem direta de Dona Lindu e herdeiro da Filosofia sertaneja do agreste pernambucano marcada fortemente pela resistência e resiliência. Apelido de Lula o define como ser com muitos braços para abraçar, cobertos por ventosas para segurar por mais tempo. O abraço de Lula, resistente e resiliente.

Não, Luiz Inácio Lula da Silva não é um pensador. Para os que duvidam, sertanejos não trazem como costume trocar o certo pelo duvidoso. A palavra "Pensar" tem origem nas terras mediterrâneas, numa prática cultural oriunda de lugares com pouco espaço territorial caracterizado pela escassez de recursos. Pensar vem do "Pesar", colocar duas coisas em uma balança para escolher uma delas. Esta Filosofia foi estruturada por séculos, construindo lógicas, axiomas e geometrias para prever para qual lado a balança iria descer ou subir, e quem iria ganhar ou perder. Esta dicotomia ficou nas palavras das línguas com a separação entre claro e escuro, forte e fraco, preto e branco. Organizar a sociedade era separar os diferentes e unir os iguais. Como era axioma excluir a diversidade na busca pela unidade, pensadores não previram e só se deram conta do erro da Lógica aristotélica do Terceiro Excluído depois de muitas guerras e mortes.

Sim, Lula é um Apensador! A palavra "Apensar" vem de anexar, colocar junto, evitar a separação. Assim fazem os sertanejos, descendentes dos Povos Originários, com sua prática cultural oriunda de lugares com muito espaço territorial, caracterizado pela abundância de coragem. Ao invés de excluir, acolhem, abraçam, unem os diferentes pois os consideram iguais, tendo cada qual sua luz, força e cor. Esta Filosofia também foi estruturada por séculos, até milênios, construindo cosmológicas e cosmometrias, não para ver quem desce ou sobe na verticalidade; mas para observar a horizontalidade da caminhada pelo território, para prever para quais caminhos devemos ir, sem esquecer de onde viemos. Enraizada em nossas palavras, temos os "rios que correm" no Maranhão, as "águas grandes" do Iguaçu, os "braços do mar" na Guanabara. Como é axioma incluir a diversidade na busca pela pluralidade, apensadores previram que a lógica mais certeira é a inclusão, pois evita guerras e mortes.

Povos de outros territórios e continentes não aguentam mais a escassez e almejam que a abundância chegue logo. Para isso, precisam de apoio, não intervenção. A palavra "apoiar" traz ensinamentos para a vitória de todes, pois é justamente ir "ao podium", o sustentáculo das sociedades. Para alcançar esse lugar a caminhada é longa, calma e sem disputas, que já começamos há alguns anos. Precisaremos ser sustentáveis e isso exige que tenhamos previsão de quais caminhos iremos tomar. Não necessariamente deveremos percorrer as mesmas rotas, mas devemos acreditar que todos os rios e mares levam ao mesmo lugar, que é o nosso querido Planeta, nossa casa comum. Quando chegarmos não nos denominaremos mais como capitalistas, socialistas ou comunistas. Teremos denominações diversas, quantas couberem no cosmos e, no futuro, nossos descendentes, nos chamarão de Cosmonistas.

No oriente os chineses já traçaram suas metas de abundância com as Novas Rotas da Seda, guiados pelo Taoísmo que ensina a necessidade de viver em harmonia com o cosmos, pois afinal somos parte dele e tudo que acontece no espaço macro se reproduz no micro. Os governantes chineses sabem que os pais são responsáveis pelos filhos, por isso cuidam de todos os pais para que criem bem seus filhos com planos de longo prazo que evitam as turbulências trimestrais dos rentistas capitalistas. As divergências são consideradas momentâneas, pois são percebidas como uma fase na construção de algo maior e isso se relaciona com demais povos da Ásia Oriental.

No Oriente Médio, Povos carregam a energia que movimenta o mundo, desde as antigas oliveiras que davam óleo de oliva que acendia as lamparinas, até o petróleo e gás natural que não deixam que se apague o Gênio da Lâmpada. Trazem também a experiência de viver em áreas sem florestas que os levou a desenvolver muito conhecimento científico de como viver com poucos recursos ambientais, que vamos precisar aprender para recuperar nossas áreas degradadas e fazer crescer nossa produção agrícola em espaços pequenos, conservando o entorno.

Na África, nossa irmã oceânica, Povos milenares conservam suas tradições e tecnologias sociais como Ubuntu - Somos, logo Sou - que precisamos voltar a nos relacionar para juntos buscar a abundância com alegria. Podemos ampliar nossas conexões entre portos e pontes aéreas, sem esquecer de unirmos-nos com cabos de internet para que não precisemos pedir para telefonistas de outros continentes façam as chamadas e fiquem ouvindo nossas conversas. Precisamos consumir mais coisas maravilhosas como as novelas de Angola e filmes da Nollywood nigeriana, pois nos ensinam como sermos ativos e altivos com nossas ancestralidades.

Nas Américas, irmãos e irmãs aguardam nosso convite para uma visita, um abraço apertado, um chá quente, um café, na cuia ou na xícara, com uma panela cheia de carinho e pessoas dançando ao redor ouvindo músicas revolucionárias dos magníficos compositores que contam nossas histórias com versos que tocam o mais perfeito instrumento que é nosso coração. Precisamos nos falar mais em nossa língua comum latina e para isso temos que ensinar nossas crianças que somos plurilingues, todos filhos da mesma Pacha Mama. Precisamos levar nosso Povo para conhecer nossos vizinhos e também recebê-los aqui, e para isso precisamos de estradas, ferrovias, trens-bala, pois a segurança é o que garante o futuro.

Não podemos esquecer dos Povos que habitam o maior território da Terra que é feito de água: o Oceano Pacífico. Suas pequenas ilhas precisam de nossa atenção, pois uma árvore derrubada no Brasil deixa de esfriar os ventos quentes que vêm do Saara que, por sua vez, aumentam as temperaturas do Mar do Caribe gerando o fenômeno que os Indígenas Taíno chamam de Hurakan, o deus Furacão que movimenta os ventos nos Sete Mares.

Com isto, seguindo a sabedoria do sertanejo que saiu de Guaranhuns para percorrer os caminhos do mundo, temos alguma chance de viver melhor, na abundância de tecnologia, de alimentos, de alegria e de futuro.

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