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Jeferson Miola

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Governador da Bahia deve esclarecimentos sobre execução do “miliciano-herói” do Bolsonaro

"Omitir a verdade acaba sendo tremendamente prejudicial ao próprio governo da Bahia e ao PT, mas bastante benéfico e conveniente aos Bolsonaro", escreve o colunista Jeferson Miola sobre o assassinato do miliciano Adriano da Nóbrega

Rui Costa e Adriano da Nóbrega (Foto: Divulgação)
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Não existe evidência que autorize se insinuar qualquer interesse do governador da Bahia na execução do miliciano Adriano da Nóbrega.

Mas, todavia, o mesmo não pode ser asseverado em relação a setores das polícias civil e militar, assim como em relação a setores da cúpula da Secretaria de Segurança da Bahia.

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É amplamente admitido que os governadores não controlam suas polícias. Não raramente segmentos das polícias estaduais – militares e civis – se organizam como estruturas para-estatais, mantêm laços com a criminalidade, gerenciam negócios ilícitos e se associam às milícias.

As polícias estaduais progressivamente foram se tornando um poder autônomo e hoje formam, perigosamente, um Estado paralelo dentro do Estado – um poder insubordinado, intimidador, com regras e interesses próprios e, mais grave, um poder fortemente armado e descontrolado.

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A hipótese de que houve erro na operação de cerco e morte do miliciano Adriano nunca foi aventada pelo governador Rui Costa e pelo Secretário de Segurança Maurício Teles Barbosa. Para eles, a ação policial conjunta das polícias do Rio e da Bahia foi correta e adequada.

Esta posição oficial, entretanto, é tecnicamente questionada por peritos e especialistas que enxergam erros importantes que impediram a captura do miliciano com vida.

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O professor e pesquisador da UFRRJ José Cláudio Souza Alves, autor de estudos sobre as origens das milícias e dos grupos de extermínio, entende que “Não há plausibilidade na situação descrita pela polícia de que ele teria reagido, se ferido e acabado morto. Na minha visão, é uma operação suspeita”.

José Cláudio observa que “Como o fator surpresa estava nas mãos dos investigadores, se o objetivo fosse prendê-lo, os policiais poderiam eleger o momento ideal para isso e fazer um cerco”.

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Ele explica que “Esse procedimento de cerco lida mais com paciência, espera, controle e dissuasão do que com um confronto direto. E estamos falando de um quadro simplificado, numa casa no campo, e não numa favela ou numa malha urbana, com milhares de variáveis”.

O professor da UFRRJ analisa que houve queima de arquivo: “Por isso a suspeita de que a morte de Adriano é um desfecho deliberado, que a operação foi feita com essa intenção”.

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Adriano estava sozinho e isolado, cercado por mais de 70 agentes armados e num local ermo da zona rural do interior baiano. Estava com pouca munição e provisão precária de alimentos.

Neste cenário, se fosse adotado o protocolo correto, era nula a probabilidade de fuga ou de morte do foragido.

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Diante das circunstâncias nebulosas que rondam a execução de Adriano, portanto, o governador da Bahia precisa prestar esclarecimentos para dissipar dúvidas e suspeitas sobre o ocorrido, que foge totalmente ao protocolo recomendado para a atuação policial em circunstâncias análogas.

Omitir a verdade acaba sendo tremendamente prejudicial ao próprio governo da Bahia e ao PT, mas bastante benéfico e conveniente aos Bolsonaro.

Só os Bolsonaro têm a ganhar com o acobertamento do caso e com o silêncio sepulcral de Adriano, o miliciano que Bolsonaro trata como um “herói” [sic].

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