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Bruno Trezena

Jornalista que passou por O DIA, TV Brasil, TV Bandeirantes e FSB. Uma década no Congresso Nacional com comunicação parlamentar. Agora come juçara com camarão seco no Maranhão.

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Kit-Joice

A verdade é que narrar para a extrema-direita começou a dar dinheiro no Brasil. Dá espaço, brilho e poder

(Foto: Reprodução)
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A repórter da webtv nordestina me ligava sempre. Brasília era uma seca danada e o calor insuportável. No meio de uma quarta-feira agitada em 2019, aflita e com a voz acelerada no telefone, pediu: “Preciso gravar uma sonora com sua chefe. Na verdade quero ela ao vivo! Sim, ao vivo!”, completava atropelada.

A pauta era a Reforma da Previdência e o impacto nos pobres. Sabe aquela reforma de Bolsonaro forjada no sabor da tesourada de Paulo Guedes? Essa mesmo. A minha chefe era uma liderança de ponta do tema e, bom, de esquerda.

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A repórter adorava ouvir a esquerda.

“Traz ela no salão verde agora” – fazendo referência ao espaço de entrevistas do Parlamento – “É rapidinho, 1 minutinho, ela fala tão bem”, enquanto o suor escorria pela minha testa no momento que atravessava a Câmara dos Deputados.

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De lá pra cá o tempo passou. A reforma acabou aprovada. E eu segui outros caminhos.

A colega também.

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Zapeando dia desses um conteúdo no Youtube me deparo com uma figura esganiçada, tonalizada no loiro Oscar Freire, esbravejando como um “Datena de saias”. Enfrentava a câmera com aqueles trejeitos clássicos dos apresentadores de jornalismo policial de fundo de quintal. Era um rosto tenso com uma tela de TV ao fundo. “Essa Esquerda demoníaca! É culpa dessa Esquerda demoníaca! Querem acabar com nossas crianças”, berrava pra mim pela telinha.

Cara! A repórter virou uma apresentadora sensacionalista de extrema-direita. Entusiasmado com a atualização relâmpago do mindset (hahaha) da moça, percorri suas redes sociais. Eu salivava com a fofoca. Muitos seguidores. Muitos! Era agora uma celebridade de seu estado. Alguém que enfrentava o terrível establishment brasileiro esquerdista. Risos.

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A verdade é que narrar para a extrema-direita começou a dar dinheiro no Brasil. Dá espaço, brilho e poder. Recentemente, a rádio Jovem Pan ganhou a concessão de uma emissora de tv depois que girou a programação para passar pano para Bolsonaro. Grandes redes de Comunicação de igrejas evangélicas lucraram pelo menos R$ 30 milhões nos últimos anos com publicidade pública federal graças ao afago extremista. Tem também aquele senhor desmentido inúmeras vezes pela própria emissora em que trabalhava enquanto lia seu teleprompter.

Milhões, milhões e milhões.

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A disputa que a extrema-direita procura nesses espaços não é de opinião. O objetivo é propagar uma manchete enviesada, deformada, sofismando-mil com jeitinho de achar desculpa para tudo – inclusive para os inúmeros crimes levantados na CPI da Covid-19. São fake news vestidas de notícia ou opinião jornalística isentona.

Bolsonaro tem tudo pra perder em 2022, mas o campo midiático da extrema-direita estará montado como nunca. Um monte de apresentadora-loira gritando em espaços de mídia na sanha pela fama bolsonarista e dinheiro, muito dinheiro para os barões dessa commodity chamada jornalismo. É o kit-Joice.

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