Lula não precisa de Bolsonaro para vencer

"No meio político, em especial na mídia, ainda há quem insista na lengalenga de que Lula torce por Bolsonaro, deseja que seja ele o adversário e faz corpo mole em relação ao impeachment. Como se Lula quisesse enfrentar Bolsonaro, pois só assim ganharia. Nada disso é verdade", escreve Marcos Coimbra

Lula e Jair Bolsonaro
Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)


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Lula lidera as pesquisas por seus méritos, não pelos defeitos de Bolsonaro. A dianteira que tem não é função de o capitão ser aquilo que é, o traste que vemos, uma pessoa desprezível e um governante ridículo. 

No meio político, em especial na mídia, ainda há quem insista na lengalenga de que Lula torce por Bolsonaro, deseja que seja ele o adversário e faz corpo mole em relação ao impeachment. Como se Lula quisesse enfrentar Bolsonaro, pois só assim ganharia.

Nada disso é verdade. Nenhuma pesquisa corrobora o raciocínio. Mostram é que Lula não precisa de Bolsonaro para vencer.

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Nas pesquisas relevantes, o petista tem, hoje, algo em torno de 45% das intenções de voto, em qualquer cenário de primeiro turno. Nenhuma dá a ele menos que 55% no segundo, independente dos (muitos) nomes testados.  

O ex-presidente alcançou esse tamanho faz tempo e o mantém faça chuva ou faça sol. Preso em Curitiba, vítima da farsa judicial encenada por Moro e seus rapazes, proibido de falar por um ato de força militar, sofrendo o ataque ininterrupto da mídia corporativa e alvo da mais intensa campanha de desmoralização que as Organizações Globo jamais desfecharam contra alguém, Lula, no final de agosto de 2018, tinha 39% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Nessa pesquisa, feita entre 21 e 22 de agosto, a quarenta dias da eleição, Bolsonaro estava 20 pontos atrás, com 19%, a metade de Lula. Nem se fabricasse duas facadas teria chance de ganhar.  

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No que dependeu da vontade popular, Lula só enfrentou uma eleição difícil desde 2002, a primeira que venceu. Naquela altura, ainda havia uma parcela grande do eleitorado que simpatizava com ele, mas temia por seu passado politico e de trabalhador. Os velhos preconceitos de classe, cultivados pelos porta-vozes das elites (“Imagina o Lula, que não sabe falar inglês, tendo que dialogar com o presidente americano!”), somados à ficção de seu “radicalismo” (“Eu tô com medo!”), o atrapalhavam. 

A maioria dos eleitores, resolveu, no entanto, desafiar preconceitos e medos e apostou que daria certo. Deu. Lula rapidamente se tornou um presidente querido e aprovado e, desde então, é considerado o melhor que o Brasil já teve, por nunca menos que 50% da população, vindo o segundo colocado, que variou ao longo do tempo, com nunca mais que 20%. Reelegeu-se com folga em 2006. 

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Nas duas eleições seguintes, Lula não venceu porque decidiu não se candidatar.  Em 2010, parte grande da turma que hoje dá sustentação parlamentar (instável) ao capitão estava à disposição para aprovar emenda à Constituição que assegurava ao presidente a possibilidade de concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Com mais de 50% das intenções de voto, as pesquisas mostravam que Lula ganharia com facilidade se a hipótese vingasse. Mas ele não topou e manteve as regras do jogo. Parecido com 2014, quando voltou a não participar como candidato da eleição, apesar de liderar as pesquisas, acreditando que a hora era de Dilma. 

Há quem diga que Lula está com 45% porque não surgiu, “ainda”, uma opção de “terceira via”, coisa que só quem não conhece ou não consegue entender as pesquisas afirmaria. Em todas, são oferecidos os nomes dos postulantes a esse papel e, como pululam, os institutos chegam a incluir mais de uma dezena de hipóteses. Nenhum se destaca: na pesquisa recente do Ipec, Lula obtém sete vezes (49%) a intenção de voto do melhorzinho, que aparece em terceiro lugar, atrás do capitão (com 7%). Sozinho, o ex-presidente tem quatro vezes a soma de todos. 

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Estamos indo para a eleição de 2022 com Lula no seu tamanho histórico e, portanto, mais uma vez, favorito. A direita e a centro-direita não conseguem se desvencilhar do capitão, um candidato horroroso, mal avaliado e antipatizado. Substituí-lo tende, porém, a ser inútil, como as pesquisas deixam claro. A “terceira via” só tem nomes eleitoralmente frágeis, de baixo enraizamento popular e pouco conhecidos. Contra qualquer um deles, o favoritismo de Lula permanece. 

Na democracia, embora exista, é pequena a chance de que esse cenário mude, e esse deveria ser o ponto final. Mas há outra possibilidade, com a qual temos que raciocinar hoje em dia: sempre pode aparecer um generalzinho querendo botar os tanques na rua e mandar os soldados atirar no povo. O País precisa reagir a isso o quanto antes. 

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