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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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Lula não segura essa barra sozinho

Jair Bolsonaro tem tudo para continuar no poder por mais quatro anos, ou até mais, a depender da omissão da sociedade

Lula e Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert | Ricardo Stuckert)
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Todas as pesquisas apontam ampla vantagem do ex-presidente Lula na disputa eleitoral deste ano. Confesso que ficaria muito feliz com a confirmação destas previsões, mas os anos acumulados como profissional de marketing político me obrigam a reconhecer que Jair Bolsonaro tem tudo para continuar no poder por mais quatro anos, ou até mais, a depender da omissão da sociedade.

Do golpe militar de 1964, até o surgimento de um amplo movimento popular pela restauração da democracia, passaram-se quase 15 anos de trevas. As lutas pela anistia ampla, geral e irrestrita, dos movimentos sindicais e das ‘Diretas Já’ só lograram êxito por que as ruas do país ficaram lotadas de estudantes, professores, trabalhadores, donas de casa e, finalmente, a empobrecida burguesia classe média, cansada de ver seu salário corroído pela inflação galopante da época. Isso tudo só aconteceu a partir da segunda metade da década de 1970.

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Jair Bolsonaro e seu grupo têm um projeto de poder que pode durar muitos anos, seguindo a mesma cartilha da violência e da desinformação de 64. Desprezam a democracia. Amordaçam as instituições que deveriam fiscalizar os atos do governo, ora nomeando engavetadores, ora aparelhando a Polícia Federal, ora irrigando o Congresso Nacional com bilhões de reais via emendas parlamentares ou financiamento de campanhas. Com meia dúzia de generais descompromissados do juramento à pátria, controla as Forças Armadas. Tem ao seu dispor uma força auxiliar não-fardada, armada até os dentes, de onde se espera qualquer insanidade no período eleitoral.

O presidente é inimigo declarado da agricultura familiar, personificada pelo MST. Em contrapartida, vem-se mostrando parceiro importante para desmatadores, grileiros, invasores de terras indígenas, facilita a vida do agronegócio, permitindo o uso de venenos banidos no resto do planeta. Mente descaradamente sobre a destruição da Amazônia em qualquer fórum internacional que lhe dê acesso ao microfone.  Isso não sai de graça. 

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Colocou em postos-chaves seres desprezíveis com a incumbência de implodir suas próprias secretarias. Na cultura, na educação, na saúde, na promoção da igualdade, nos direitos humanos, o clima é de terra arrasada.  A agenda de valores que molda as sociedades mais evoluídas, focada no respeito às diferenças, foi substituída por uma pauta pseudo-evangélica de costumes, que não encontra amparo sequer na experiência da vida de Jesus na Terra.   Agora eu pergunto ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao Ciro Gomes, aos Novos Baianos, ao pastor Caio Fábio, aos estudantes que perderam o acesso à faculdade, aos trabalhadores que não enxergam a aposentaria no horizonte traçado por Paulo Guedes, aos militares legalistas e patriotas, diante da possibilidade de vir a enfrentar, num futuro nem tão distante, um bando de terroristas que não aceitam o jogo democrático.  Faço a mesma pergunta aos dirigentes da Ordem dos Advogados do Brasil, da Associação Brasileira de Imprensa, ao Merval Pereira, ao Gerson Camarotti, à Natuza Nery, à Vera Magalhães, à Eliane Cantanhêde...

Vocês se deram conta do que está sendo decidido nas eleições de 2022? 

Como os partidos progressistas conseguem perder tempo com picuinhas, regateando indicações para governador num estado, em troca de apoio em outro, tecendo costuras eleitorais como se o pleito deste ano fosse transcorrer na mais absoluta normalidade democrática? Nessa altura do campeonato, Ciro Gomes já sabe que é carta fora do baralho. E que a tal terceira via vai ficar apenas na vontade dos donos da Folha, do Estadão e da Globo. E o que ele vai fazer? Vai passar férias em Paris novamente? Ou vai retomar o protagonismo político que jogou fora antes do segundo turno de 2018? 

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Lula é a única alternativa para interromper o projeto de poder de Jair Bolsonaro. Mas sozinho ele não vai conseguir. O ex-presidente precisa de um palanque plural, igual aqueles que misturavam Leonel Brizola, Mário Covas, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Sobral Pinto, Chico Buarque, Milton Nascimento, o escambau, todos unidos pelo objetivo comum de restabelecer a normalidade democrática no Brasil. Eu quero é a Anitta e o Gil do Vigor nesta luta.  

É isso que as eleições de 2022 representam: o restabelecimento da ordem democrática no país, devolvendo a autonomia das instituições que foram aparelhadas para esconder a sujeirada deste governo.  O STF não resiste a mais quatro anos de ataques. Em todas as direções que se olhe, o que se vê é descaso com a imprensa, educação e cultura, saúde, desalento para milhões de desempregados, que engrossarão o caldo de miséria onde grande parte dos brasileiros já se afoga. 

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Repito: Bolsonaro não tem projeto de governo. Seu projeto é de poder, típico de qualquer ditador. Assim, o que se espera é a campanha mais suja e violenta da história republicana brasileira, onde a milícia evangélica terá papel destacado na disseminação de fake news sobre aborto, promiscuidade entre pessoas do mesmo sexo envolvendo crianças, imundices que inclusive já foram usadas na eleição passada.  

Nas ruas, não será surpresa nenhuma a ocorrência de explosões a bomba, ataques a instituições bancárias, qualquer coisa do gênero que possa ser atribuído aos “comunistas” do PT. A “facada do Adélio” será um espinho no dedo diante do que vem por aí.  

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E o Lula vai enfrentar isso tudo sozinho? Qual a importância da escolha do seu vice, diante da incerteza sobre se a sociedade civil organizada está preparada para fazer esse enfrentamento? Muita gente não morre de amores pelo Lula e pelo PT. Mas dessa vez não vai dar para bancar o isentão.  

Quem não quiser mais esse governo, desta vez vai ter de arregaçar a manga da camisa.  Do contrário, em 2026 é bem provável que não haja mais a discussão sobre voto eletrônico ou impresso. Simplesmente porque vai mais votar no Brasil.

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