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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Ministro do Meio Ambiente assume ser reacionário: “por que todo mundo tem que ser progressista”?

Jornalista Alex Solnik, que entrevistou Ricardo Salles em 2012, traz trechos da reportagem chamada "A direita sai do armário", quando ele era presidente do grupo "Endireita Brasil", fundado por ele em 2005

Ministro do Meio Ambiente assume ser reacionário: “por que todo mundo tem que ser progressista”?
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Conheci Ricardo Salles em 2012. Eu o entrevistei para uma reportagem chamada “A direita sai do armário”. Ele era o presidente de um grupo de direita chamado “Endireita Brasil”, fundado em 2005, que participava do processo de denegrir a esquerda e exaltar a direita, promovido por centenas de movimentos como esse, satélites do maior deles, o Instituto Millenium, e que desaguou nas manifestações contra o governo Dilma em 2013, o impeachment e a vitória da extrema-direita pelo voto em 2018.

De lá para cá, Salles, que estava com 37 anos, subiu na vida. Já foi secretário particular do governador Geraldo Alckmin de 2013 a 2014, Secretário do Meio Ambiente de São Paulo de 2016 a 2017 e foi nomeado ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro. Nesse encontro ele disse asneiras tais como “a esquerda trata as pessoas como débeis mentais”, “num governo de esquerda as pessoas não têm livre arbítrio”, “tem muita gente que é pobre porque não quer trabalhar”. Tem ideias tão reacionárias quanto as dos ministros Ernesto Araújo e Ricardo Velez Rodriguez.

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Reproduzo trecho da matéria publicada pela revista Brasileiros há seis anos.

Rua Bandeira Paulista 662. Entro num escritório de advocacia. Sobre o aparador um álbum chamado Armas, um catálogo de luxo que exibe todos os tipos de armas de fogo de pequeno porte. Quem me recebe é um jovem alto (mais alto do que eu), vestindo uma camisa Lacoste cor de abóbora e óculos de aro colorido e que lembra vagamente Juca Kfouri. Eu fico meio perplexo (como diria Mino Carta...) com o estilo de Ricardo Salles, presidente do Movimento Endireita Brasil (450 participantes), que funciona nesse endereço.

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“Você é um cara novo...” começo eu, ao sentarmos diante de uma mesa de reuniões.

“Tenho 37. Pareço menos, mas tenho 37.”

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“Qualquer cara da sua idade geralmente é de esquerda. Como é que você se tornou direitista”?

“Foi uma coisa muito pessoal, de leituras e tudo. Essa infantilização da vida que a esquerda prega nunca me pegou... A esquerda trata as pessoas meio como débeis mentais. Ninguém tem capacidade de decidir sozinho. Então, o Estado vem e decide por ela. E aí quando se prende um bandido, dizem: ah, ele é vítima do processo. Ou seja: ninguém tem responsabilidade sobre nada. A esquerda infantiliza as pessoas, de tal sorte que o indivíduo perde a sua importância e é visto como uma consequência do destino, as pessoas não têm opinião própria, não tem responsabilidade pessoal.  Não têm livre arbítrio, me parece. Essa é uma coisa que nunca me convenceu. Tem muita gente que é pobre porque não quer trabalhar! Tem muita gente que não vai pra frente na vida porque não quer se esforçar. Tem muita gente que comete o crime porque realmente não tem valores. Não tem nada a ver com problema social, que ela foi criada em favela”.

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“Você quer a volta da ditadura militar no Brasil?”

“Eu acho o seguinte: dentre as infelicidades de você ter uma ditadura – ditadura é ruim em qualquer hipótese – mas eu acho que o Brasil teve a felicidade de não ter uma ditadura de esquerda, a exemplo de outros países da América Latina. Em 1964 o Brasil poderia ter ido por um caminho mais radical à esquerda e aí os militares, com apoio da sociedade, o partido, seja como for, institucionalizaram uma ditadura de direita. E aí estigmatizaram um pouco a palavra ‘direita’ aqui no Brasil, porque ela ficou aliada a ‘ditadura’, uma conexão que não é necessariamente verdadeira”.

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“Como surgiu o Endireita Brasil?”

“Surgiu em 2005. Nós fomos conversar com alguns políticos, tivemos uma conversa com dois deles especificamente: o Afif Domingos e, mais especificamente, o João Mellão. ..Eles disseram que tínhamos de criar nosso próprio espaço, justamente porque as pessoas se converteram à ditadura do politicamente correto que diz que só pode ser de esquerda. Então, criamos o Movimento Endireita Brasil em 2006. Com o objetivo principal de suscitar, em primeiro lugar, essa discussão sobre afinal de contas, o que é uma política de direita”?

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“Quais são os partidos de direita no Brasil?

“Os únicos partidos de direita, que eram o PP que veio do PDS, da Arena, e o PFL que tem o mesmo DNA, sumiram. O PFL mudou até o nome para esconder a palavra liberal. A única coisa de bom que ele tinha, na nossa visão, que era a palavra liberal nem isso tem mais. Colocou esse nome... esse nome absurdo que é o Democratas... Se é pra copiar a identidade americana pelo menos pusesse Republicanos, porque o Democratas seria o que é o PSDB, na verdade, Democratas é esquerda nos Estados Unidos, direita são os republicanos”.

“Já ouviu falar na Nova Arena?”

“Eu não li os estatutos desse partido”...

“Ele se assume como partido de direita...”

“Olha, tem brasileiro de todo jeito, tem ideologia pra todo mundo. Por que todo mundo tem que ser de esquerda? Por que todo mundo tem que ser progressista? Por que todo mundo tem que ser pró interferência do Estado na economia? Pró Bolsa Família? Pró-BNDES? Todas essas questões que deveriam ser objeto de discussão ideológica acabam virando um massacre ideológico. Quem não é de esquerda tá calado e quem grita é de esquerda”!

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