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Carlos Carvalho

Doutor em Linguística Aplicada e professor na Universidade Estadual do Ceará - UECE.

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Na balsa da Medusa

O governo que foi posto no poder pela elite predatória brasileira e seu séquito de puxa-sacos não tem a menor ideia do que faz lá. Assim sendo, o país vai se tornando um pária aos olhos do mundo

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O Brasil, já se disse, não é para amadores. Governo após governo sucedem-se os escândalos, as roubalheiras, a patifaria. Vivemos condenados ao absurdo, ao limbo da corrupção institucionalizada e ao mau-caratismo endêmico. Hoje, tudo que se possa dizer não dará conta do lamaçal no qual os cidadãos de bem afundaram o país. Desnorteados, dia após dia contamos cadáveres e nos indignamos com o torto destino que impuseram ao nosso povo. Seguimos à deriva, tal qual a jangada de pedra imaginada por Saramago. Na verdade, talvez nossa situação se aproxime mais daquela imagem d’A Balsa da Medusa, vivenciando a mesma dor e o mesmo desespero dos ocupantes registrados nas tintas de Théodore Géricault.

O governo que foi posto no poder pela elite predatória brasileira e seu séquito de puxa-sacos não tem a menor ideia do que faz lá. Assim sendo, o país vai se tornando um pária aos olhos do mundo. Internamente, as várias crises se agravam e nada que se aproveite sai da boca do cidadão que ocupa a cadeira presidencial. Como não tem absolutamente nada de útil a dizer, o presidente da República desperdiça tempo e dinheiro público em passeios e aglomerações. Quando não, destila ódio e desfere coices a todos aqueles que questionam os desmandos da sua pífia administração.  Não há registro na história da República de uma gestão tão irresponsável, inútil e incompetente. A incompetência presidencial, no entanto, tem as costas quentes. É blindada.

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No contexto descrito, muitos se perguntam o que ainda sustenta Bolsonaro no cargo. As respostas para tal questionamento são muitas, com inúmeras variáveis. Contudo, de forma direta e objetiva, o que o mantém lá é todo o aparato político-econômico, militar e midiático que violou a Constituição Federal e estuprou o Estado Democrático de Direito, com o objetivo de impedir a ascensão dos menos favorecidos, coisa inaceitável para aqueles que vivem dos lucros e da exploração da mão de obra barata e da escravização. Para essas pessoas, dane-se quantos morram; sejam dez, trinta ou duzentas e vinte mil. Dane-se o povo, o país. Genocidas são indiferentes ao outro, à vida. Arrependidos? Que nada! Lágrimas de crocodilo não contam. Muito menos editoriais adocicados com leite condensado disfarçados de revolta e indignação. A mídia brasileira, reiteradamente, lava suas mãos numa bacia de sangue.

Cada uma das mortes, que dia após dia contamos, estarão para sempre nas costas da chamada grande imprensa brasileira, dos jornalistas medíocres que apoiaram, apoiam e defendem a matança, o caos. Também estarão nas costas dos médicos que se omitem e insistem em receitar inutilidades farmacêuticas, como se milagrosas fossem. Sem destino, a balsa segue. E a cada novo dia o governo se vê obrigado a investir em narrativas falseadas, em tentativas vãs de esconder o que não pode mais ser escondido. O dinheiro brota aos borbotões e irriga os bolsos dos apaniguados. Aos amigos e apoiadores, o leite e o mel. Aos outros, a dor, a perseguição, a morte e o fel. 

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O mau cheiro do cadáver em decomposição do atual governo já é insuportável, diferindo muito do cheiro que dizem emanar da “massa cheirosa”, que inebria certos jornalistas, de cujas mãos também pinga o sangue do povo. Alguns falam em corrupção, milícias e impeachment. Blasfemando contra o mito com pés de barro que ajudaram a criar, um ou outro carniceiro tenta abandonar a balsa. É tarde! É tarde! Ao contrário da Barca da Medusa, não há por aqui consagrados ou mártires, mas falsos profetas e messias. O tempo se esvai. A criatura se volta contra os criadores. De Brasília, ouvem-se gargalhadas. À deriva, a balsa segue.

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