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Marco Mondaini

Historiador e Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Coordena e apresenta o programa Trilhas da Democracia, exibido aos domingos na TV 247.

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O direito à memória dos perseguidos de 1964

(Foto: Reprodução)
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Ex-Diretor da Faculdade Nacional de Filosofia e do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Professor Catedrático de História Antiga e Medieval, Eremildo Luiz Vianna, tornou-se uma figura reconhecida nacionalmente por meio das colunas publicadas pelo jornalista Elio Gaspari em vários dos principais jornais de grande circulação nacional.

Estudante expulso do IFCS da UFRJ, durante a ditadura civil-militar iniciada em 31 de março de 1964, em função de um dos inúmeros relatórios preparados pelo “Querubim do regime militar” (a exemplo daquele intitulado “Professores comunistas da Faculdade Nacional de Filosofia”, de 16 de maio de 1964), Elio Gaspari imortalizou o dedo-duro de triste memória como “Eremildo, o idiota”.

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Salvo um terrível engano da minha parte, nunca me deparei com – ou chegou ao meu conhecimento a existência de – uma sala sequer nas dependências do antigo prédio da UFRJ localizado no Largo de São Francisco com o nome deste delator diretamente responsável pelos Inquéritos Policiais Militares, pelas prisões e pela aposentadoria compulsória de docentes como a saudosa Maria Yedda Linhares.

Entretanto, diferentemente da UFRJ, na Universidade Federal de Pernambuco, o Auditório do Centro de Educação leva o nome do professor da UFPE, Carlos Frederico Maciel, nomeado interventor no Movimento de Cultura Popular, logo após a deflagração do Golpe de Estado que apeou do poder o Presidente da República João Goulart, o Governador de Pernambuco Miguel Arraes e o Prefeito do Recife Pelópidas Silveira.

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Na ocasião, o Professor Carlos Maciel proferiu palavras que, durante os quatro anos de (des)governo bolsonarista, tornaram-se moeda corrente no Ministério da Educação na maioria das ocasiões nas quais se fazia referência às universidades públicas federais:

“Aqui [no MCP] se destilava o álcool ideológico, o veneno ideológico que vinha empestando a atmosfera que respiramos (...)”

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Para os que desconhecem, por pouco que seja, a história do Movimento de Cultura Popular, creio ser esclarecedor, para os propósitos do presente artigo, assinalar que o mesmo foi criado na primeira gestão de Miguel Arraes à frente da Prefeitura do Recife, em 1960, tendo reunido em torno de si intelectuais e artistas da estirpe de Paulo Freire, Abelardo da Hora, Ariano Suassuna, Hermilo Borba Filho, Luiz Mendonça, entre outros.

Perseguidos pelos golpistas de 1964, estes e outros tantos estudantes, docentes, intelectuais e artistas de maneira geral, que ousaram democratizar o Brasil nos idos dos anos 1960 e 1970, merecem ter a sua memória respeitada. Para tanto, um bom começo seria retomar os debates relativos à mudança do nome do Auditório do Centro de Educação da UFPE – uma instituição que tanto deve ao conhecimento produzido e às lutas travadas por Paulo Freire e seus companheiros de MCP.

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Quem sabe, destravado o debate, novas perseguições no âmbito da universidade deixem de acontecer.

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