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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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O fim vai chegando

"Como acontece com tudo na vida, o tempo passa para Bolsonaro. A primeira metade de seu mandato terminou e o relógio começa a andar mais depressa em direção ao fim. Temos que suportá-lo por mais um ano, pois 2022 será dedicado ao processo de removê-lo", escreve Marcos Coimbra

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS / Adriano Machado)
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Como acontece com tudo na vida, o tempo passa para Bolsonaro. A primeira metade de seu mandato terminou e o relógio começa a andar mais depressa em direção ao fim. Temos que suportá-lo por mais um ano, pois 2022 será dedicado ao processo de removê-lo.

Este é o ano da verdade para o capitão. O primeiro, quando a parcela pouco politizada e informada da sociedade considerava que era cedo para julgá-lo, é passado longínquo. Ninguém mais acredita que o governo vai se acertar e surpreender por suas realizações. 

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A pandemia foi excelente para o capitão. Vimo-nos perante um problema tão grave que tudo o mais ficou secundário. As pessoas tiveram que enfrentar uma realidade nova e assustadora, buscando sobreviver e adaptar-se, na qual os disparates brasilienses, mesmo que odiosos, tornaram-se um ruído de fundo. 

A doença adiou a cobrança de resultados e ofereceu ao capitão e seus economistas a oportunidade de faturar em cima dos programas de auxílio, mesmo que fossem contrários a eles. Não demorou para que os espertalhões do Planalto vissem que tinham como lucrar com os problemas enfrentados pelas pessoas.      

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O que aconteceu ano passado foi algo que sempre tivemos desde a redemocratização, mas em escala ampliada: um segundo ano razoavelmente favorável ao governo. Com todos os presidentes comparáveis – Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma – que foram eleitos e governaram por mais que três anos, tivemos esse fenômeno. 

Em nosso sistema politico, com eleições descasadas para o Executivo federal, estadual e municipal, temos eleições a cada dois anos. Isso quer dizer que, no segundo ano dos mandatos de presidente e governadores, escolhemos os prefeitos, enquanto esses “folgam” dois anos depois, na hora de renovar os postos na União e estados.    

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O ano da “outra eleição” é sempre favorável a quem está começando (ou recomeçando) um mandato. Na hora de escolher presidente e governadores, os prefeitos tendem a ser poupados do escrutínio da opinião pública e da mídia, o inverso ocorrendo quando o foco se desloca para os executivos municipais e os primeiros são tratados de leve. Por isso, a popularidade costuma ser melhor no segundo ano e a cair no terceiro.   

Apesar das inúmeras diferenças entre os três e nas vicissitudes de seus governos, isso ocorreu com FHC, Lula e Dilma. De acordo com pesquisas do Datafolha, do final do segundo para o final do terceiro ano, a avaliação positiva do tucano caiu 10 pp, indo de 47% para 37%. Lula foi de 45% a 28% e Dilma de 62% a 41%. 

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E o capitão, como chegará a dezembro de 2021? Vencido o prazo da tolerância com os iniciantes e sem poder mais se beneficiar do efeito da pandemia, Bolsonaro vai cair. Provavelmente, cairá muito.

A avaliação positiva do governo, apesar de longe de ser expressiva, está artificialmente elevada, anabolizada pelas centenas de bilhões de reais do auxílio emergencial. Qualquer redução em seu fluxo cobrará seu preço nos índices de aprovação e intenção de voto, mas, mesmo se fosse viável mantê-lo inalterado, o capitão, pelo conjunto da obra, chegaria mal ao fim do ano. Sem a mangueira jorrando, nem se fala: a chance é quase zero. 

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Ao longo deste ano, uma crescente parcela da sociedade irá se perguntar se valeu a pena votar no capitão Bolsonaro e se, tudo considerado, é bom que tenha mais quatro anos de mandato, imagina-se que para concluir sua “obra”. É um quadro muito diferente do que tínhamos no início de 2017, quando as pessoas começaram a se questionar a respeito da eleição seguinte.   

Em relação a ele, havia muito desconhecimento e quem achasse que sua truculência era uma encenação, que não precisava ser levada a sério. Hoje, não há mais. A desinformação permitia que alguns supusessem que poderia fazer um governo capaz de enfrentar velhos problemas com energia. Hoje, não é mais razoável acreditar nessa hipótese.

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Daqui ao fim de 2021,  estará em julgamento o pior governo do Brasil contemporâneo, talvez o pior de todos os tempos. Chegaremos a dezembro em crise sanitária, com a economia desalentada, desemprego, miséria nas cidades e no campo. Sem politica de educação, meio ambiente, habitação, saneamento, ciência e tecnologia. Vamos continuar a ser uma piada internacional, cada vez mais isolados. 

Será isso bom, haverá quem queira que isso continue, por qualquer motivo? Talvez, mas tudo indica que será uma minoria. 

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