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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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O lixo da História para Bolsonaro ainda é um rol nobre

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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Ainda bem, existe a História. E essa ciência cuidará cautelosamente de colocar Jair Messias Bolsonaro no lugar certo na História do Brasil: o espaço dedicado ao lixo!

Aliás, não: o lixo é ainda luxo para um ser tão medíocre, tão monstruoso quanto este. Vejo que o atual Presidente da República merece um rol menos nobre. Talvez algum lugar abaixo do lodo que brota do chiqueiro de porco lavado todos os dias em algum lugar. Ou talvez nem ali...

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Porém, o que vem mesmo ao caso é discutir que, no momento oportuno que o Brasil voltar à sua lucidez coletiva, onde todas e todos estarão de olhos abertos (para ver a dor de 12 milhões de pessoas que não têm nada, repito: nada para comer; para ver as lágrimas de luto de milhares de famílias que, por falta da vacina, viram seus entes queridos morrer na COVID-19; ou para ver ao menos o óbvio de sua cozinha: não conseguem comprar sossegado o gás e sequer a carne para comer, hiper-inflacionado é o valor dos alimentos e do custo de vida no País de Bolsonaro), verão que involuímos séculos atrás com esse Presidente que passa pelo Brasil.

Dias atrás lutávamos contra o Michel Temer – o vice-Presidente de Dilma Rousseff – porque, após o Golpe de 16, este sr. assumiu a Presidência da República com a sua chamada “Ponte Para o Futuro”, um programa completamente, repetindo: diametralmente contrário ao que os elegera na chapa de 2014. 

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Na “Ponte”, Temer se acostou aos empresários mais retrógrados do tempo das caravelas de Cabral e aprovou um tanto de medidas de retirada de direitos da classe trabalhadora (como a Reforma Trabalhista), de oportunidades aos jovens (com as “reformas” da educação), e de algum pacto civilizatório mínimo do Estado Brasileiro para o cuidado com o seu povo (como a Emenda Constitucional nº 95, que congelou, a exemplo, os recursos do Sistema Único de Saúde – e outros – por ao menos 20 anos).

Era dura a luta contra Temer. Todavia, era uma disputa na seara da racionalidade democrática. Isto é, um projeto hegemônico do sistema neoliberal (a superestrutura e infraestrutura do sistema) versus um projeto de nação apresentado e disputado por quase duas décadas pelo campo progressista do Brasil. A derrota da agenda progressista era certa. Entretanto, a democracia ainda servia ventos ao debate civilizatório.

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Neste momento (de Bolsonaro) temos a anti-razão; a anti-democracia; a anti-agenda; portanto, a anti-nação. E, veja: não é apenas ausência de um programa, ou incompetência para gerir um programa; contudo, trata-se de um projeto de destruição efetiva daquilo que poderia ser denominado nação, pátria, país. É como se Bolsonaro fosse um agente estrangeiro infiltrado, um vírus mortal programado para implodir (isto é, por dentro) o Brasil.

Daí me perguntarão: se isso é verdade, como uma pessoa dessas teria tanto apoio para sucumbir a nação de todos nós? Simples responder. Quem apoia mesmo o Bolsonaro?

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I) empresários (alguns) que conjugam seu próprio ego existencial e, portanto, não possuem qualquer sentimento de Brasil, ou qualquer sentimento outro que não seja o acúmulo, a ganância, o desejo exorbitante de ganhar mais dinheiro para viver seu devaneio egocêntrico;

II) pastores evangélicos (inclua-se alguns padres e lideranças cristãs) que, embora não somem à totalidade, são tudo, menos cristãos. Servem à sua dimensão de espiritualidade enrugada. É como uma pedra dogmática fundamentalista que não consegue sair do lugar para enxergar a vida, e tão somente o exercício da contemplação vazia do “deus” de si mesmo que é acima de tudo e de todos. Estes pastores dominam, no entanto, a cognição de seus fiéis seguidores, e os procuram alienar (hipnotizar) o quanto possível usando da boa-fé dessa gente que sonha tanto a dimensão do céu a acreditarem que não poderão alcançar o Reino se não for pela obediência aos princípios extraídos da boca de seu líder – que usa o nome de Deus;

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III) militares, seres que foram aprisionados em seu “silêncio” disciplinar, uma certa opressão cognitiva em seus cursos de formação e vivências diária da profissão. Pessoas normalmente boas no dia-a-dia, todavia, castigadas pelo sistema que os obriga a terem outra personalidade (personagem) quando vestem suas fardas. Pessoas cuja uma das vozes (que grita dentro delas) é tolhida por estruturas sociais que as isolam dos outros, do “bom” convívio social. Na verdade, cidadãos (tratados) de segunda classe. Viram no escopo do bolsonarismo um gradiente disponível a libertar seu oco e encontrar alguma relevância política (“política” aqui é palavra polissêmica, busca outros conceitos); e

IV) fascistas, de fato. Na verdade, este quarto sujeito reside em grande parte dos três anteriores. São pessoas, ou anti-pessoas, que detestam o outro humano, negam a condição preexistente dos demais sujeitos, seu pertencimento, individuação, diversidade. Não aceitam nada que não lhes seja o espelho. Não possuem empatia, alteridade ou qualquer outra condição de reconhecer a vida das outras pessoas “diferentes” delas. São maus, verdadeiramente cruéis. E por serem a própria semântica da morte alheia, não deveriam existir entre nós que queremos viver; queremos a vida para todas e todos.

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Consideremos, após o entendimento destas quatro categorias[1], três condicionantes: i) o dinheiro e o poder dos primeiros financiam estruturas de aprisionamento da cognição das massas (bolsonariastas); o poder de comunicação destes todos é associado a um sistema de mentiras (fake news) e manipulação da verdade (pós-verdade), utilizando-se dos novos meios de comunicação (as redes sociais, em especial) que não permitem “fôlego” às massas, estas que, uma vez bombardeadas de “belezas” do bolsonarismo e de “inimigos invisíveis”, defendem-lo de forma delirante[2]; e iii) a todos estes “líderes” bolsonaristas, somente a psiquiatria poderia realmente resolver sua dimensão cognitiva, seu vazio na existência, sua escolha enviesada de vida conjugal-social, porque são “loucos”; por complemento, somente a educação – em todas as dimensões complexas e de sociedade – seria ferramenta para as massas, a impedir que novos surtos coletivos históricos retornem ao Brasil futuro com tamanha gravidade como a (im)posta hoje.

Retornando ao Bolsonaro e o lodo criado da barrela dos porcos como seu lugar na História: esta é a esperança de milhões de brasileiros lúcidos (somos aproximadamente 77% de não-bolsonaristas – e tendemos a aumentar esse número logo). Isto é, por mais que nos doa ver o pior “7 de setembro” da História do Brasil (esse de 2021), cuja defesa é antagônica à própria lógica de existência desta data, a saber, a não-liberdade, a não-república, a não-democracia, a não-cidadania, portanto, o não-Brasil, isso tudo vai passar e, com as cicatrizes dessa ferida grave aberta desde que Jair Messias Bolsonaro ascendeu ao poder, lembraremos nossos netos e bisnetos e todas as gerações que virão que Bolsonaro não passa(rá) de um palavrão chulo, vulgar para nos referirmos a tudo que é horripilante quando se tratar dos debates civilizatórios, porque sim: voltaremos a ser e nos ver como uma Civilização... e será logo!

[1] Vocês vão me perguntar por que eu não incluí nestas categorias os membros do Poder Legislativo e os membros do Poder Judiciário.

É verdade: faltou aí Rodrigo Maia (e seus aliados) que seguraram por anos os pedidos de impeachment contra o déspota na Presidência. Faltou aí o Arthur Lira, o Rodrigo Pacheco e todo o chamado “Centrão”, deputados e senadores que, no Congresso Nacional vendem sua alma para continuar ganhando dinheiro e poder e se perpetuarem na política. Faltou citar também certos magistrados e promotores de justiça – que, inclusive, influenciam seus pares. 

Entretanto, a escolha é arbitrária. Senão, vejamos. Essa gente – do Poder – que apoia o “Messias” é a mesma gente canalha de sempre. Neste caso, a História do Brasil não dá conta de ver algo diferente. São os mesmos de sempre que cumprem a sua agenda de casta podre, de elites mesquinhas a (se) servirem o Sistema Colonial sempre revisitado.

Contudo, não posso incluí-los objetivamente na categoria do bolsonarismo “clássico”. São convenientes. Não defendem o “mito” por alienação ou devaneio. Defendem Bolsonaro quando precisam de algo mais, digamos, pontual.

[2] Não devemos esquecer aqui a Globo, a Record, a Band, o SBT, o Estadão, a Folha, a Veja e toda a grande mídia corporativa. São os responsáveis diretos pelo fim da democracia, por chocarem o ovo da serpente do fascismo. E são na verdade a maquiagem das castas históricas e continuarão sendo isso, a esconder sua podridão e crueldades.

 

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