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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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O Milagre da Democracia

Uma parte espera de Lula milagres imediatos. Outros torcem pelo fracasso também sem dar tempo ao tempo e sem participar desta dinâmica de reconstrução

(Foto: Miguel Paiva)
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Miguel Paiva

Acreditar em soluções milagrosas, decisões monocráticas, decretos contundentes é como acreditar em deus e não questionar mais nada. De uma certa forma é mais confortável, te exime de responsabilidades e te coloca num lugar privilegiado em cima do muro. Num estudo mais generalizado e superficial, as religiões mais imediatas agem assim. Não pergunte, acredite e tudo vai se resolver. Os governos menos democráticos também. Confie nos meus atos, não fique em dúvida e não questione. Vivemos um período recente em que as decisões eram tomadas desta maneira. Claro que nada visava o bem estar da população e sim, hoje sabemos, o bem estar privado de poucos. Como ninguém até então questionava, tudo ia bem. E como eles não pensavam em largar o osso tão cedo, melhor ainda. 

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Quando você não tem dogmas para te orientar, a vida fica tudo mais complicado, mas ao mesmo tempo, mais fascinante. Não saber e querer aprender é muito mais interessante do que aceitar “verdades”. Não acreditar em deus pode ser mais interessante do que aceitar simplesmente que ele existe. Questionar sua existência ou até sua não existência é muito mais interessante. Tudo que faz pensar dá mais trabalho. É gratificante, mas tira você da zona de conforto.

Governar o Brasil com essas questões todas que uma aliança tão ampla e necessária se apresenta fica difícil. Uma parte espera de Lula milagres imediatos. Outros torcem pelo fracasso também sem dar tempo ao tempo e sem participar desta dinâmica de reconstrução. Outras pessoas também reclamam da lentidão da Justiça para julgar os crimes evidentes de Bolsonaro e sua turma. A Justiça democrática, mesmo que lenta como a nossa, é muito mais justa do que os atos sumários e disfarçados de jurídicos que estávamos habituados a engolir. Lula foi preso por Moro e a boa parte da sociedade aceitou sem problemas porque o pensamento comum era o de direita que culpava Lula e o PT por todas as mazelas brasileiras. O projeto da direita envolveu a mídia, o empresariado e a classe média nessa demonização. O próprio Supremo atropelou todos os seus “datas vênias” para justificar a atitude autoritária. Deu no que deu.

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Mas hoje, que vivemos tempos diferentes e a falcatrua foi descoberta e denunciada, assistimos uma justiça mais lenta, mas mais democrática e um governo que tem mais dificuldades para resolver as questões. Mas a elite, que envolve parte da imprensa, está louca para morder o governo eleito pelo povo e que, democraticamente, tenta governar. Difícil viver de fato a democracia. Difícil aceitar os mistérios do universo sem colocar a responsabilidade em deus. Difícil trabalhar por soluções sem desejar no fundo soluções rápidas e milagrosas. 

Viver dá trabalho, mas é fascinante. Governar um país dá trabalho, mas o resultado pode ser bem gratificante. Ver um povo mais feliz é como realizar uma tarefa ou descansar depois de um dia inteiro de trabalho e questionamentos. Temos que valorizar aquilo que só o ser humano tem, a capacidade de pensar e elaborar para poder minimizar um defeito que também só nós, acho eu, temos. A capacidade de aniquilar o próximo por mero prazer, doença ou por interesses espúrios. Acreditar na democracia é como não acreditar em milagres.

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