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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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O ocaso de uma ave de bico longo e voo curto

Alckmin deixou o partido e é vice de Lula. Aécio conspira como sempre, FHC tem mais de 90 anos... o PSDB acabou

Ex-governador João Doria anuncia desistência de candidatura à Presidência 23/05/2022 (Foto: REUTERS/Carla Carniel)
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Por Paulo Henrique Arantes 

Vai longe o junho de 1988 em que se fundou o PSDB. Emanava do Palácio dos Bandeirantes a força avassaladora do governador de São Paulo, Orestes Quércia, sobre um PMDB já um tanto descolado daquele que, antes denominado MDB, fez oposição comportada ao regime militar. Quércia tinha Ulysses Guimarães consigo e dominou a legenda em que não cabiam os egos de Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro, José Serra.

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Era até simpática a social-democracia que os quatro senhores pretendiam para o Brasil. Políticos de conteúdo e história, FHC, Covas, Montoro e Serra - e outros nomes - compunham uma centro-esquerda em tese moderna, que tentava incorporar o "charme politique" francês e se apresentava distante do marxismo tradicional e do sindicalismo petista. 

O tucano, por sua brasilidade, foi escolhido como ave-símbolo da sigla, a despeito do bico grande e do voo curto. Analogias à parte, os tucanos voaram alto e chegaram à Presidência da República (seu predomínio em território paulista é tema para outro artigo). 

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A nata econômica tucana – Pérsio Arida, André Lara Resende, Edmar Bacha – levou Fernando Henrique Cardoso ao Palácio do Planalto. O Plano Real teve efeito eleitoral absoluto e a partir dele a social-democracia começou a ser abandonada pelo PSDB. Os governos FHC tiveram méritos, inclusive sociais, mesmo porque nada pode ser comparado ao que vimos no Brasil a partir de 2016, mas basearam-se muito mais em princípios neoliberais do que social-democratas. 

Sem pestanejar, pode-se apontar como marcas da era FHC a privatização das teles, vendidas a preço de banana, e a compra de votos no Congresso para aprovar a emenda da reeleição. Também não sai da cabeça a quebra do país provocada pela política cambial. 

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Os anos de prosperidade dos governos Lula apagaram até as lembranças da maior crise econômica global desde 1929, a hecatombe de 2008. Sofremos, mas saímos ilesos e em crescimento significativo para os padrões brasileiros. Com 85% de aprovação, Lula deixa o governo nas mãos de Dilma Rousseff. Perseguida antes de tudo por ser mulher, vítima constante de calúnias abjetas até na chamada “grande imprensa”, ela se reelege para incredulidade do prócer tucano da hora, Aécio Neves.

O golpismo característico do comportamento do ex-governador mineiro, incrédulo derrotado por Dilma nas urnas, contaminou o país. Aécio tentou desacreditar o resultado das urnas assim como Jair Bolsonaro faz hoje. Naquele momento, o golpista Aécio Neves encarnava a tucanidade e acelerava o processo de implosão do PSDB. O desempenho abaixo de medíocre de Geraldo Alckmin na eleição presidencial de 2018 confirmou as previsões.

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Hoje, a imagem pouco convincente de gestor que João Doria tenta se autopespegar não foi suficiente para sustentar sua candidatura a presidente da República. Alckmin deixou o partido e é vice de Lula. Aécio conspira como sempre, FHC tem mais de 90 anos, Serra praticamente jogou a toalha política, Covas e Montoro não estão mais por aqui faz tempo.

O PSDB acabou.

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