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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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O sistema político falhou?

Ódio contra petistas, pobres e progressivos (aqueles que defendem direitos humanos e civis) numa trincheira, ódio contra golpistas, elite e americanos, noutra. Um líder nas intenções de voto para eleições de 2018 - Luiz Inácio - porque representa, na memória da maioria dos brasileiros, sinônimo de emprego e alguém que resolveu uma crise econômica em 2002 e evitou outra em 2008

Lula (Foto: Leopoldo Vieira)
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Nunca se saberá como o Brasil estaria se a emenda Dante tivesse sido aprovada e a superação da ditadura fosse por meio de eleições diretas. Se, ao invés de um congresso constituinte, houvesse uma assembléia nacional constituinte. Ou, ainda, se Luiz Inácio Lula da Silva tivesse sido eleito em 1989. 
 
O país poderia estar num estágio mais avançado de consciência democrática, cultura política e bem-estar social ou retroagido após um intenso conflito político.
 
Mas o fato é que do Colégio Eleitoral subsequente à abertura lenta, gradual e segura, nasceu de um Congresso Constituinte um sistema político que garantiu uma democracia liberal, uma Constituição Cidadã e 20 anos de moeda forte, inclusão social e crescimento econômico. 
 
A origem deste sistema marcou seu funcionamento: a capacidade de agregar e conciliar (com um financiamento já explicado por Emílio Odebrecht). 
 
Foi da dissidência da frente liberal da Arena que surgiu Tancredo Neves. Foi com a mediação do Centrão que a Constituição não ficou nem tanto à direita quanto à esquerda (sem juízo de valor quanto à melhor tendência). Foi com o partido da oposição consentida à ditadura que o PSDB entregou o Real. E, com o mesmo partido, que o PT entregou 20 milhões de empregos, 36 milhões na classe C e 28 milhões fora da miséria, marcando a inserção dos pobres e trabalhadores no pacto das elites, que virou pacto nacional.
 
De repente, por negligência ou imprudência com o jeito de ser da democracia realmente existente no Brasil, da operação Lava Jato brota Impeachment, Lista do Janot, recessão e retrocessos sociais. O sistema político, além de alvejado ampla, geral e irrestritamente pela polícia e pela Justiça, divide-se e não consegue encontrar uma solução que não pareça auto-defesa, enquanto, de seu lado, agentes públicos só aceitam um tipo de acordo: a delação premiada.
 
(Sob o tema "O sistema político falhou" a Trajeto organizou, com o Centro Universitário IESB, um lightning talk que você, leitor(a) está convidado(a): https://www.facebook.com/events/190123714814630/)
 
Ódio contra petistas, pobres e progressivos (aqueles que defendem direitos humanos e civis) numa trincheira, ódio contra golpistas, elite e americanos, noutra. Um líder nas intenções de voto para eleições de 2018 - Luiz Inácio - porque representa, na memória da maioria dos brasileiros, sinônimo de emprego e alguém que resolveu uma crise econômica em 2002 e evitou outra em 2008.
 
Mas ganharia ("ia" porque há chance da antipolítica e do antipetismo emplacar um Trump tropical) não uma eleição, mas uma gincana pelo foro privilegiado, com candidatos nacionais e estaduais, para o executivo e legislativo, acusados, investigados, denunciados, réus e correndo risco de serem presos em plena campanha, cujo guia de rádio e TV seria mais tribuna de defesa criminal do que vitrine de ideias e propostas. 
 
E um foro privilegiado que o Judiciário já questiona, em seu ativismo legislativo que vai até decidir (e redecidir quantas vezes quiser) sobre como serão pagas as campanhas.
 
As disputas políticas e de projetos importam cada vez menos porque, simplesmente, o país está ingovernável, uma vez que uma agenda penal densa corre em paralelo a qualquer discussão sobre alternativas à situação econômica ou fiscal. Dilma não governou. Temer também não governa. Pouco importa a solução dada, por exemplo, à Previdência Social, assim como o protesto contra as regras que o governo quer aprovar para, supostamente, manter o apoio do mercado. O tiro no sistema político não olha sensibilidade social.
 
E se bandido bom é bandido morto, político bom é político preso, não é mesmo? Ninguém em sã consciência é a favor da corrupção (nem da pobreza).
 
Reforma política? A grande imprensa trata como movimento de bandidos para se salvarem. Manifestações massivas (imagina-se que serão dia 26 de março) vem ao encontro da operação Lava Jato emparedando o sistema político e retroalimentando este ambiente em que ninguém pode garantir cumprir qualquer contrato, seja jurídico, econômico, político e social, porque ninguém sabe se o garantidor não será arrastado, no mínimo, por um escândalo no horário nobre, ou, pior, numa prisão temporária ou condução coercitiva.
 
Só há uma saída para o país: um novo processo constituinte originário, que redefina todas as regras institucionais, econômicas e sociais. O caldeirão social, claro, ferveria. Por isso, talvez o modus operandi da Nova República ainda sirva para gerenciar uma transição. Seria sua última cena, ou virá um caos jamais visto nem em 1930 e nem em 1964.

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